5- E quem eu sou?

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Olá, galera!!

Como cês tão?

Ótima repercussão e comentários me fazem querer voltar mais vezes aqui. Por isso, mais uma att para as queridas leitoras que sempre interagem comigo - e elas sabem que são.

Não esqueçam de ir comentando ao longo dos parágrafos coisas que venha a mente, piadas, observações, reflexões, coisas curiosas que notaram.

BOA LEITURA.

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Freak!

Freak!

A palavra que sai da boca de John é como uma pedra que cai na água. O som perturba o delicado equilíbrio do oceano em minha mente.

Seu dedo que cutuca meu peito insistentemente, leva-me para uma cena distante e banhada em pânico e caos.

Desejo reagir, mover algum músculo, um centímetro que seja para quebrar sua mão e enfiar por seu rabo, depois quebrar seus braços e faze-lo rastejar no chão como o verme que ele é. Quero vê-lo sofrer por ousar ultrapassar limites que ele parece conhecer.

O som da festa se distancia, a voz grave e irritante de John parece cada vez mais distante, as luzes desfocam e não sinto meu corpo.

Um clarão cega-me e uma memória vem como uma bala, prende-me nela.

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POV narradora - flashback on.

Concreto cinza, escadaria, chafariz, praça pública, o mundo invertido.

Pessoas e prédios de ponta cabeça.

Cordas e correntes apertadas que ferem a pele.

Sangue que escorre dos tornozelos, dos punhos, do estômago, do rosto.

Uma gota escorre pela panturrilha, coxa, quadril, ombro, rosto e pinta o chão de rubro, como se fossem familiares, como se pertencessem um ao outro. E pertenciam, mas não pela primeira vez.

Não há lágrimas sobrando ou fôlego para gritar ou chorar.

- Por favor, se afastem. - a voz sai como um sussurro - por favor, não gravem... eu imploro, não tirem fotos.

A voz não é escutada, e não adianta, eles se fazem de surdos. Todos aqueles desconhecidos e colegas de classe têm os flashes das câmeras iluminando o corpo flagelado.

Corpo que não deveria ser exposto.

Não há uma única peça de roupa que cubra sua humilhação. O corpo está exposto ao frio da manhã, em um mastro de ferro.

A violência que a palida loira sofreu, estava exposta aos olhares e aos comentários de seus donos. O corpo nu é o espetáculo do dia, a bruxa que deve ser queimada em praça pública.

A força para se livrar da corda, que prendia os punhos, feriu a carne até que os capilares fossem rompidos e o sangue, que alimenta a carne, extravasasse pelos braços. As correntes nos tornozelos, são velhas e ásperas, com formato mais retangular que o necessário, o que funcionou para ferir a pele devido ao peso da figura presa ali - e sua tentativa de fuga. Não importava o quão inviável fosse quebrar aquela corrente de ferro, e o mais lógico fosse ficar parado, qualquer bicho tentaria escapar.

E aquele bicho , preso ao mastro da praça mais movimentada do bairro, não era diferente de nenhum. Aquele bicho magro, pequeno, de longas madeixas loiras e desesperados olhos azuis, estava humilhado, agredido, em pânico profundo. Era difícil respirar; era difícil pensar; era difícil ver todas aquelas pessoas; era difícil se sentir impotente e vulnerável; era difícil se sentir um monstro.

Leviatã G!P Intersexual Onde histórias criam vida. Descubra agora