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- JJ maybank -

Antes

A primeira vez que eu vi Ronald Brooks foi pela janela da sala da minha casa, meu pai saiu de casa, foi até ele e os dois se cumprimentaram como dois bons amigos, entraram na pick-up velha e saíram juntos, ele era moreno, alto e forte, mas não tinha nenhum traço da Lili...no mesmo dia quando eles voltaram, Ronald entrou em sua casa cambaleando enquanto meu pai quando entrou em casa eu corri para meu quarto e só pude ouvir o barulho de coisas se quebrando e minha mãe gritando.

Liah sempre me disse que seu pai era bravo, ele não a deixava sair e sempre que queríamos brincar liah pulava a janela do quarto para ir conosco, nunca tinha visto seu pai pessoalmente, mas escutei sua voz na noite que ouvi os gritos da liah, era um voz grossa, assustadora e um tanto embargada, quando a porta se fechou entrei no quarto da liah e vi ela chorando, assustada, na mesma semana liah apareceu na escola com diversos roxos em seu braço, disse que tinha se machucado brincando no parquinho e todos os próximos dias foi para a escola de moletom.

Com 12 anos, john b decidiu ir até a casa da liah falar com seu sogro sem avisa-la, foi enxotado de lá aos berros do seu pai, ele era assustador, bravo e sempre parecia tonto já que falava embolado e cambaleava por onde pisava, liah escondeu uma boa mentira até os 12 anos, uma vez a deixei em casa, esperei ela pular a janela e então tentei voltar ao meu quintal, mas antes que pudesse, escutei os gritos, as coisas se quebrando e corri até sua janela vendo o homem berrando as piores coisas da mesma forma embolada de sempre, eu não tinha coragem suficiente de entrar ali mas vi ele acertar tapas no rosto da liah me fazendo ter vontade de chorar e vomitar ao mesmo tempo, ele jogou a própria filha no chão e então saiu do quarto batendo a porta, não pensei antes de entrar pela janela, tirá-la do chão e deitar ao seu lado na cama, abraçando ela o mais forte que eu podia, ouvindo ela chorar e desejando que aquele homem morre-se.

— Liah...ele faz isso com você sempre? É por isso os machucados? — ela não me respondeu, apenas olhou em meus olhos e chorou mais

— Li...porque você não me contou — resmungo e minha amiga se afasta amedrontada

— Jay...você não pode contar pro Johnny!

— Merl—

— Não pode JJ! Me promete — ela pede firme

— Liah...— não posso contrariar seu olhar marejado — eu prometo...

[...]

Minha mãe morreu quando eu tinha 13 e aí o mundo da liah começou a fazer sentido pra mim, nossos pais eram amigos já que passavam a tarde cheirando pó e bebendo na casa do traficante que morava a algumas ruas abaixo da nossa, eles voltavam para casa ao anoitecer e enquanto eu apanhava do meu pai imaginava que liah já devia estar levando uma surra do seu, me trancava em meu quarto, pulava a janela e ia me encontrar com minha amiga que sempre estava a chorar encolhida em sua cama, todas as noites eram assim...meu pai ficava pior a cada dia pela morte da minha mãe e o pai da liah simplesmente odiava a filha por ela ter matado a mãe no seu parto, tentamos ao máximo esconder, usando moletons e maquiagens sobre os machucados, nunca contávamos a ninguém, o medo sempre vencia o poder de falarmos, liah e john b já tinha dois anos de namoro e ainda estávamos escondendo isso de john b. No aniversário de 14 anos da liah eu dei a ela um canivete, john b disse que não era um presente bom pra uma garota mas liah entendeu o recado e o guardou em baixo do travesseiro todas as noites.

A verdade é que todos esses problemas fizerem eu e Merliah nos aproximarmos muito, todas as madrugadas passávamos juntos protegendo um ao outro e naquela época achávamos essa aproximação boa, mas não foi bem assim já que estar com a liah todos os dias me fez esquecer de um fato muito importante...

BEST FRIEND'S (Rafe Cameron,John B Routlegde & JJ Maybank)Onde histórias criam vida. Descubra agora