Capítulo 4

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O vazio que Patterson deixou em seus amigos era notável, era raro ouvir risadas vindo da sala de reunião onde a equipe costumava se reunir. Demorou um tempo para Jane conseguir processar tudo, as lembranças de Patterson a acolhendo desde o primeiro dia que chegou no FBI invadiam sua mente a todo momento, Kurt não conseguia parar de pensar em como a mulher o ajudou em momentos difíceis e Reade não falava muito mas a tristeza em seu olhar era impossível de disfarçar.

Zapata pediu um tempo de afastamento do SIOC e logo a foi consentido, devido às circunstâncias. A morena trabalhava de casa resolvendo algumas papeladas atrasadas que tinha. Era tarde da noite quando Tasha estava preparada para dormir e as lembranças invadiram seus pensamentos.

- Patterson, vamos dormir. ‐ Zapata pediu com a voz manhosa confirmando que a namorada estava acordada jogando video game.

‐ Mas eu quero tomar sorvete... - teimou jogando o controle do vídeo game em cima da poltrona do quarto, se deitando ao lado de Zapata e a abraçando.

- Amor, já são quase meia noite, eu não vou sair para comprar sorvete para você. - disse séria se virando de costas para namorada e logo sentiu beijinhos em sua bochecha, a obrigando se virar de volta para Patterson, o biquinho que a mulher tinha em seus lábios a fez derreter.

- Eu te odeio tanto. - já no mercado, Zapata resmungava vendo a namorada andar pelo mesmo.

- Vem, babe. - Patterson ignorou totalmente Zapata e a puxou pela mão fazendo a morena sorrir. - Você quer meu beijinho? - a loira perguntou enquanto segurava o pote de sorvete nas mãos.

- Eu quero dormir. - Zapata tinha os braços cruzados.

- Eu acho que você quer meu beijinho! - se aproximou dando um selinho em Zapata.

A latina sorriu com a lembrança e abraçou o travesseiro que Patterson costumava dormir, ainda podia sentir seu cheiro na cama.

[...]

Três meses se passaram e muitas coisas mudaram, uma delas é que Rich Dotcom havia começado a trabalhar no FBI, após a perda de Patterson a equipe ficou desfalcada e então trouxeram o homem na intenção de ajudar. Zapata voltou a ir ao prédio e às vezes trabalhava em alguns casos de campo, mas passava a maior parte do tempo no escritório, Kurt até tentou pedir para a mulher voltar a trabalhar com a equipe mas foi em vão. Três meses se passaram desde a drástica morte da agente William Patterson e mesmo que Tasha tivesse voltado ao trabalho, ela não tinha voltado a viver e muito menos pensava que conseguiria algum dia.
Jane sentou calmamente ao lado de Tasha em uma das mesas do SIOC e sua presença foi ligeiramente ignorada, como de costume, a latina não era a pessoa mais simpática para se trabalhar junto, mas Doe estava acostumada com o mau-humor.

- Então... - Jane começou aproximando sua cadeira à de Tasha - O pessoal vai sair hoje, vamos num bar qualquer, achei que seria bom se você fosse e saísse um pouco desse clima pesado. - sugeriu a agente.

- Como vou num bar, beber, olhar para o lado e ela não estar lá? - a latina encarou a amiga com os olhos vazios.

- Sei que é difícil, não estou te pedindo para esquecê-la. É que já se passaram três meses e você sequer sorriu verdadeiramente de novo.

- Que motivos eu tenho para sorrir, se a minha felicidade morreu? - levantou a voz e ao final de sua fala, Kurt se aproximou - Lógico que vocês iriam superar rápido, vocês têm um ao outro e arranjaram um jeito de substituí-la! - apontou para Rich.

- Natasha, nós não superamos, ninguém aqui nunca vai esquecer a Patterson! Não substituímos ninguém, só que temos que continuar vivendo. - Kurt interviu.

- Se não fosse por você, ela ainda estaria aqui. - os olhos de Zapata estavam encharcados - Foi você quem mandou ela ir para campo aquele dia! - gritou e todos do SIOC a olhavam.

- Você sabe que era necessário, você sabe que ela iria de qualquer jeito! - Kurt gritou de volta.

- Ela não merecia esse fim... Eu devia ter ficado presa naquela porra de sala no lugar dela! - a morena colocou as mãos na cabeça - Foi minha culpa, eu podia ter arrombado aquela porta maldita!

- Uma porta com quase uma tonelada de ferro? Claro que sim. - Jane ironizou - Foi um acidente! Ninguém tem culpa de nada aqui! - a mulher abraçou Tasha, que, por sua vez, cedeu.

Kurt e Reade dispersaram quem estava observando a cena, fazendo todos voltarem ao trabalho, a equipe não tinha levado muito em consideração nada do que Tasha havia dito, eles respeitavam a dor da mulher. Jane trouxe um copo d'água e ofereceu à amiga, que bebeu lentamente enquanto se recuperava do momento de raiva.

- Você não tá sozinha, Tasha, nunca vai estar. Nós somos seus amigos e só queremos te ver bem. - Jane começou e a amiga assentiu com a cabeça - Só acho que você já sofreu demais, o que aconteceu, aconteceu. E não dá pra voltar atrás. Você continua aqui e merece seguir em frente e ser feliz de novo, pense nisso.

A agente levantou e saiu, deixando a latina sozinha com seus relatórios e zilhões de pensamentos confusos.

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