Capítulo 8🖤

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Azriel

Eu voltei para o meu apartamento, chegando lá, não senti seu cheiro.

- Anjo? -chamei.

Nada.

Encarei a sombra que eu deixei retornar para mim.

Quarteirão dos artistas.

Era o que ela sussurrava.

De imediato atravessei, surgindo lá, vi a moça de sobretudo e cachecol vermelhos diante de um quadro, o qual retratava o céu estrelado de Velaris, atrás dela havia o quadro de um macho sozinho, encolhido no escuro.

Eu fiquei de costas para ela, encarando aquele quadro, enquanto ela encarava o outro..

Nunca entendi tanto um quadro.

- O que faz aqui? -a voz dela soou, mas ela não se virou.

Eu tirei uma de minhas luvas, para sentir o frio tocar a pele.

- O que parece que estou fazendo?

- Não sei.

- Eu sinto muito, pelo o que aconteceu antes. -murmurei.

- Eu também sinto.

- Você me perdoa?

- Não sei.

Ela retirou uma das luvas, e ouvi o seu suspiro ao sentir o frio envolvendo sua pele.

- Eu sou um pouco complicado. -murmurei- mas te juro que naquele dia eu não a confundi, e não estava pensando naquela fêmea como você achou.

- Resolveu o que tinha de resolver? -ela ignorou.

Eu suspirei, encarando o quadro.

- Sim.

- E como se sente?

- Leve. -suspirei.

- Fico feliz por você. -ela disse.

Quase senti o sorriso em sua voz.

Eu encarei o quadro e ela encarou o que estava diante dela, minha mão se aproximou um pouco da sua, o calor das duas começando a se mesclar, sua mão se aproximou um pouco da minha, um de meus dedos se esticou em sua direção, tocando sua mão, sua mão se abriu, seus dedos devagar tocando os meus, aquela descarga elétrica percorrendo o meu corpo, aquele frio em minha barriga se instalando, aquele borboleteiro começando a bater suas asas ali, sua mão se atou com a minha, nossos dedos se acomodando, sua macia, pequena e delicada mão envolvida na minha mão cheia de cicatrizes, o calor das duas se mesclando, eu sorri pouco de lado, baixando o olhar e de relance vendo um pequeno sorriso nos lábios dela.

Soltamos suspiros em uníssono, devagar ela girou o rosto em minha direção, eu girei o meu lentamente, a encarando.

Ela sorriu para mim, e eu sorri torto para ela.

Acho que fui perdoado.

Nós caminhamos pelas ruas, seu braço atado ao meu, deixando os quadros de lado.

Passando por um quadro onde havia uma moça com asas de anjo, e um macho com uma nuvem cinzenta e nublada acima da cabeça, o mesmo encarava o que a moça lhe oferecia em sua mão, algo brilhante e bonito...

Seu coração.

Eu faria aquilo, faria sim.

Eu joguei duas pedrinhas na janela de meu próprio quarto.

Pela mãe, estou me sentindo um adolescente, não que eu tenha feito isso para alguma fêmea, mas isso me faz lembrar de quando eu tinha quinze anos.

Corte De Um Amor Para Azriel.Onde histórias criam vida. Descubra agora