Parte III

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O chalé individual era uma das melhores partes do hotel que Carlos tinha escolhido para a nossa hospedagem. A parte de que ele era logo acima da água ainda me deixava um pouco insegura, mas eu estava começando a me acostumar com a vista incrível pela manhã.

Nos três primeiros dias, eu estranhei acordar ao lado de outra pessoa, eu sempre fui sozinha e ao dormir isso não era diferente. Todos os dias eu acordava com a cabeça apoiada no peito ou no ombro de Carlos, que estava sempre com os braços ao meu redor como se tivesse medo que eu fugisse no meio da noite. E quando eu percebi que era realmente medo de que eu fosse embora, eu me senti um pouco culpada por ter sido tão chata com ele nos últimos anos.

Não era como se eu pudesse mudar o que tinha acontecido, óbvio, mas eu poderia formar novas memórias com ele e deixar aquelas lá no passado, enterradas bem fundo.

Carlos gostava de tomar banho de sol. A maior parte do dia, enquanto eu ficava na água, nadando ou só relaxando em uma das boias coloridas, ele ficava deitado em uma das espreguiçadeiras na varanda, os olhos fechados enquanto se bronzeava. Na minha mente, ele aproveitava aquele tempo para descansar e se livrar de todo o estresse das corridas.

Ele era cuidadoso e atencioso, isso não tinha como negar. E a cada vez que ele pedia o meu café da maneira exata que eu gostava (e tinha pedido apenas uma vez na presença dele), o meu coração dava um salto diferente. Carlos também era carinhoso e era claro para mim que a linguagem do amor dele era o toque físico.

E eu não estava reclamando, de jeito nenhum.

– Quer ajuda, bebé? – A voz grave de Carlos me despertou de meus devaneios e eu ri, um pouco desconcertada olhando para ele pelo reflexo do espelho enquanto tentava amarrar a parte de cima do biquíni sozinha.

– Por favor! – Falei ainda rindo e ele sorriu, concordando com a cabeça enquanto se aproximava de mim na frente do espelho grande que havia em uma das paredes do quarto que estávamos dividindo. Ele amarrou a tira que ficava na linha abaixo do meu peito primeiro e depois, a que ficava no pescoço.

Nossos olhares se cruzaram no reflexo do espelho quando eu o agradeci e ele sorriu, descendo as mãos dos meus ombros para a minha cintura apenas para me abraçar e encostar o corpo dele no meu.

Hermosa. – Ele sussurrou e eu sorri, sentindo minhas orelhas arderem de vergonha. Por impulso, virei de frente para ele e me estiquei para poder beijar-lhe suavemente os lábios. Era a primeira vez que eu tomava a iniciativa de beijá-lo.

Suavemente, ele abraçou minha cintura e me puxou para mais perto enquanto aprofundava o beijo. Eu nunca fui o tipo de pessoa que se deixava levar pelas vontades momentâneas, porque meu pai sempre me ensinou que isso me traria frustrações com os resultados dos meus impulsos, mas naquele momento eu não tinha nada a perder.

Andando de costas devagar, logo senti minhas pernas encostarem na base da cama e me afastei de Carlos para poder sentar no colchão mais confortável do que o que eu tinha na minha casa. Segurei na barra da camiseta dele e sorri quando ele entendeu o gesto, tirando a peça logo depois.

Me arrumei na cama rastejando para trás e estiquei os braços para que Carlos deitasse por cima de mim, o que ele fez prontamente. Nossos olhares se conectaram e ele parou de se movimentar para me observar em silêncio.

Puxei-o pela nuca para poder beijá-lo novamente e senti as mãos dele acariciarem toda a extensão do meu tronco e costas até encontrar os laços do biquíni que ele tinha acabado de fazer para poder desatá-los. Levantei o tronco para ele tirar a peça e depois o ajudei a tirar a parte restante do meu biquíni, me deixando completamente nua no meio da cama enorme que estávamos dividindo naquela viagem de duas semanas.

Carlos separou o beijo e se afastou para poder me olhar completamente, o que me fez sentir as bochechas arderem de vergonha, mesmo que eu não tivesse vergonha do meu corpo. Ele se apoiou nos joelhos e desceu as mãos até minhas coxas, separando-as para que ele pudesse deitar entre elas confortavelmente.

O barulho dos pássaros do lado de fora foi silenciado quando fechei os olhos, o toque firme mas delicado fazia meu sangue ferver da melhor forma possível e eu entrelacei meus dedos nos cabelos lisos com firmeza, sentindo que o resto mundo não existia naquele momento.

(...)

O toque do meu celular era irritante aos ouvidos quando abri meus olhos. O sol estava se pondo e eu ainda estava deitada com a cabeça apoiada no peito de Carlos, que ainda dormia tranquilamente apesar do barulho

Peguei o celular e bufei em irritação ao ver o nome de Charles brilhando incessantemente.

– O que você quer? – Falei mal humorada e ouvi ele bufar em irritação do outro lado da linha.

– Saber se você está viva, Char. Vocês fugiram pra esse lugar e nem mandaram uma mensagem, as pessoas se preocupam, sabia? – Charles falou rápido demais e eu ri nasalmente, sabendo que ele só queria xeretar na nossa viagem.

– Certo, mentiroso. – Falei rindo e levantei da cama para poder andar até a varanda do quarto, mesmo que ainda estivesse nua. – Nós estamos bem e vivos, se é o que você quer saber.

– Agradeço muito pelas informações, ingratidão pura. – Ele falou irritado, mas o tom mudou logo depois: – E aí, me conta, como está sendo a viagem?

– Incrível, Charlie... E como sei que você vai perguntar, sim, nós já transamos. – Falei segurando um sorriso e ouvi Charles rir escandalosamente do outro lado.

– Como foi? – Ele perguntou, curioso e eu olhei para trás para ver que Carlos estava mexendo no próprio celular agora, provavelmente tinha acordado quando me levantei da cama.

– Não é à toa que o apelido dele é Chili, Charles... – Murmurei e ouvi Charles arfar em surpresa, mas rir logo depois. – Eu preciso desligar agora, ele acordou. Beijos, se cuida.

– Beijos, Char, não faça nada que eu não faria! – E assim, Charles desligou o telefone e me deixou sorrindo sozinha.

– Você fica ainda mais bonita sorrindo. – Pulei de susto ao ouvir a voz de Carlos bem no meu ouvido e ri mais uma vez, virando de frente para ele apenas para poder beijá-lo novamente. – Charles?

– Ele mesmo. Também te mandou milhões de mensagens? – Perguntei enquanto ele beijava meu pescoço e ele riu, negando com a cabeça.

– Lando mandou. – Carlos respondeu e eu ri, lembrando que Lando era a mesma coisa para Carlos, que Charles era para mim. – Respondi e desliguei o celular... Seria um pecado ficar no telefone enquanto você está aqui comigo.

– Você é muito bom pra ser verdade, Carlos. – Murmurei antes que pudesse me conter e ele riu baixo, me fazendo acompanhá-lo.

– Você ainda não viu nada, mi ángel.

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