Parte IX

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O assunto de gravidez voltou a ser trazido à tona quando a (maldita) mídia ficou sabendo do noivado. Era óbvio que o fardo de engravidar seria jogado todo nas minhas costas, afinal o Carlos era um piloto incrível e estava no auge da carreira, um filho seria só "a cereja do bolo" no momento. E também era óbvio que nós dois fugíamos do assunto quando alguém perguntava sobre.

O vestido extremamente decorado brilhava excessivamente no reflexo do espelho enquanto eu ouvia as costureiras me dizendo sobre como seria difícil fazer qualquer ajuste naquele vestido por causa dos detalhes excessivos. Aquela peça tinha sido escolhida pela minha mãe junto com a minha sogra.

– Não acho que vão ser necessários muitos ajustes, Judy, eu não pretendo engordar ou emagrecer. – Comentei quando a costureira chefe terminou de falar e minha mãe riu, acompanhada de Reyes.

– Então você vai deixar mesmo para engravidar só depois do casamento? – Estela falou sorrindo e eu respirei fundo, quase cega pelo brilho excessivo do glitter no tecido branquíssimo.

– Achei que Carlos e eu já tínhamos deixado claro que ainda não conversamos sobre isso, mãe. – Falei ignorando o olhar dela através do espelho e respirei fundo, voltando minha atenção para a costureira baixinha que me olhava um tanto impaciente. – É esse mesmo, Judy.

Por mais que eu tivesse odiado aquele vestido por ser extravagante e claro demais, as duas jamais deixariam que eu usasse um vestido floral bordado como o Dolce & Gabbana que eu tinha escolhido. Ou o vestido verde musgo que eu tinha em mente desde a minha adolescência.

Os três saiotes de volume e armação que eu estava usando me puxavam para baixo ainda mais, pareciam que estavam em conjunto com o meu desânimo e falta de vontade de seguir com o casamento. Os ajustes começaram a ser marcados com alfinetes e eu rezava para que aquilo acabasse logo para eu poder ir escolher as flores e acessórios que os padrinhos usariam na cerimônia.

– Você ficou estonteante nesse vestido, Charlotte. – Reyes falou sorrindo e eu virei de frente para ela, e de costas para o espelho, para poder olhá-la. O sorriso forçado apareceu automaticamente em meu rosto e eu estiquei os braços para poder abraçá-la. – Quero que saiba que eu concordo sobre a parte de esperar o casamento para engravidar.

– Obrigada, Reyes. – Falei baixo, agradecendo pelas duas coisas e apertei um pouco mais o abraço, fazendo as costureiras reclamarem que eu tiraria os alfinetes do lugar.

– Só ficaria mais bonita se usasse a coroa que usei no meu casamento! – Minha mãe falou tentando me convencer e eu revirei os olhos ao me afastar de Reyes.

– Aquela coroa é brega, mãe, e também, eu me recuso a usar qualquer coisa que tenha pérolas. – Falei de uma vez e a observei torcer o nariz e sair da sala. Logo, eu fui deixada sozinha com uma das costureiras para poder despir o vestido sem desfazer as marcações.

Estar de calça jeans e camiseta nunca tinha me parecido tão confortável.

O alívio que senti foi quase palpável quando entrei na sala e vi Lottie sentada numa cadeira perto da que eu sentaria para escolher as flores, que já estavam dispostas na mesa com todos os arranjos de lapela e os buquês pequenos de modelo para as três madrinhas.

– Ainda bem que você veio. – Murmurei para Lottie e ela me abraçou de lado, me dando força. – Podem começar, por favor.

A dupla de floristas concordou com um gesto e começaram a me explicar sobre o uso das flores, as combinações ideais e quais tinham pensado que ficariam melhor nos padrinhos para combinar com as flores que eu já tinha escolhido para a decoração do salão.

– Como as flores escolhidas para a decoração foram rosas lilás em sua maioria, nós pensamos que uma rosa pequena, cor de champanhe, na lapela do paletó dos padrinhos seria mais fluido. E o buquê das madrinhas também pode ser com essas mesmas flores, já que o vestido delas será um roxo mais escuro. – A mulher loira e pequena falou cuidadosamente, me mostrando o que eles tinham separado e eu sorri quando ela terminou de falar, fazendo o alívio tomar conta da feição dela.

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