Obsessiva

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Eu e Thomas jantamos em silêncio, nos limitando a pedir apenas o que estava mais afastado na mesa. Lucille não jantara conosco, pediu para que Betty, a senhora que tomava conta da casa e cozinhava para que levasse algo para seu quarto. Thomas terminou de comer apressadamente e me deu boa noite se retirando. Apenas acenei com a cabeça e decidi esperar um tempinho para o seguir. Quando eu estava chegando as escadas o vi subir rumo ao ateliê. Subi rapidamente e bati na porta de Lucille, ela não respondeu, abri a porta para checar se ela estava dormindo, mas... Onde estaria Lucille? A cama estava intacta com a bandeja vazia em cima e do lado o mesmo fantasma que eu havia visto anteriormente, estava me olhando e sussurrando "ajude-o, ajude-o". Fechei a porta e me encostei na mesma com a mão no peito, droga de casa, agora um fantasma! Balancei a cabeça, lembrei que vi Thomas subir e segui para o andar de cima.

Chegando ao andar de cima comecei a me aproximar da porta que estava fechada, porém o fantasma a soprou abrindo levemente me fazendo ouvir o que parecia uma conversa.

-Pare com essa loucura! - Thomas falava alterado.

-Loucura é o que irei fazer se você não parar de agir assim e ceder logo, eu o quero agora, Thomas! - Lucille respondia, comecei a me aproximar e olhar pela fresta aberta. Lucille estava de camisola sentada no colo de sir Thomas, ela o mordia no ombro seminu e ele relutava, mas ela insistia.

-Vamos Thomas, quero matar a saudade de você dentro de mim. Ah... Me toque de uma vez, me ame! 

-Lucille... É loucura... Pare... 

-Agora e não me faça fazer o que você não vai gostar!

Lucille deu outro tapa no rosto de Thomas dessa vez o arranhando na maçã do rosto e alterava a voz ao falar com ele. Thomas suspirou vencido e abriu a calça permitindo que Lucille se encaixasse nele.

-Aaah isso, que saudades de você, meu querido!

Sir Thomas permanecia de olhos fechados e sem emitir qualquer tipo de palavra, para alguém que estivesse de voyer como eu infelizmente estava nesse momento, poderia até pensar que ele não estava sentindo prazer com o ato e que talvez algo de muito estranho e doentio estivesse acontecendo entre os dois.

-Thomas... Aaaah, isso... Eu vou... Aaah!

-Meu... Você é só meu... Aaaaah.

Ela cravou as unhas nos ombros dele, ele gemia baixo quando ambos chegaram aos seus ápices. Levei a mão a boca e arregalei os olhos, quando olhei novamente Thomas estava me olhando com seus grandes olhos azuis e agora derramando lágrimas. Olhei para o fantasma a minha frente e saí dali correndo.

Desgraçados, estão enganando a todos, ele disse que eu morava perto de seu coração, só queria me levar para cama, como eu pude ser tão burra? Voltei para o quarto e me tranquei. Troquei a roupa e deitei-me na cama com o fantasma do meu lado me olhando, podia jurar que ela chorava, "ajude-o, liberte-o".

-Ora, pare com isso. Tem paixão por ele? Pois veja como ele fode outra sem respeitar o noivo dela ou a mim! - Falei para o fantasma que pareceu... Revirar os olhos para mim? E sair do quarto.

Depois daquilo eu chorei até que dormi.

Acordei com o sol entrando pelas frestas da janela, abri os olhos e os esfreguei, fiquei parada olhando para a janela e pensando como faria para encarar Lucille e sir Thomas depois do que eu descobri. Eu queria ir embora, precisava ir embora, mas como faria isso? Precisaria assumir que vi o que vi ontem para Lucille, ou poderia simplesmente ir embora. Seria uma total sem educação, mas melhor que ser cúmplice daquilo. Era isso, eu iria embora. Fiquei no quarto toda a manhã esperando que Lucille viajasse novamente sem precisar encará-la e me pus a arrumar minhas coisas com pressa, tomei um banho e coloquei um vestido roxo, nem me preocupei em descer para comer e continuei empacotando minhas coisas quando alguém bateu na porta e em seguida entrando sem que ao menos eu permitisse.

Love in the Dark: Sir Thomas SharpeOnde histórias criam vida. Descubra agora