Amor Na Escuridão

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Eu sempre detestei os domingos, desde pequenininha. Eles sempre foram tristes e cinzas, mesmo quando o dia estava ensolarado. Nada nunca me fez gostar desse dia em particular. E foi em um domingo que eu vi Thomas pela última vez, que eu lhe disse coisas horríveis e o expulsei daqui.

Hoje é quinta-feira, véspera do casamento dele e ele desde que saiu daqui no domingo cumpriu o meu pedido, não retornou mais. Eu não sei colocar em palavras a dor que eu sinto dentro de mim, a angústia do incerto e o vazio, um vazio ensurdecedor dentro de mim. Tenho me arrastado durante os dias, frequentemente chorado, minhas suspeitas já posso ter como certeza e isso só torna tudo pior. Eu...

-Menina, onde esteve? Estava preocupada, você sumiu de madrugada e olha a hora que retorna... -Betty estava na frente da cabana me olhando enrolada em seu chale, o semblante de preocupação e o olhar triste. Estamos todas tristes, e o dia cinza só demonstra o que sentimos por dentro.

-Eu fui a Allerdale...

-VOCÊ FICOU LOUCA DE VEZ? PERDEU O JUÍZO?

-Eu só precisava ver Thomas, eu fui cuidadosa por isso fui de madrugada.

-Você... o viu?

-Não! Vi Lucille...

-Por Deus, menina! Venha, entre de uma vez. -Betty me abraçara e caminhara comigo de volta para a cabana. Sentei-me no velho sofá e me perdi em pensamentos, tentando digerir o que vi, o que não queria ver e o que ansiava por ver, mas não consegui. Comecei a chorar novamente.

-Menina, o que viu lá? Me parte o coração vê-la assim!

-Betty, eles vão se casar, meu Thomas não mais será meu e minha prima conseguirá o que queria mesmo depois de todo o mal que ela fez para ele, para Nicolle e para tantas pessoas.

-Menina, ele faz isso por amor, eu entendo que a dor que sentem é terrível. Thomas nunca pôde ser feliz, mas você poderá recomeçar novamente...

-Você realmente acha que eu poderei ser feliz sabendo que o homem que eu amo está casado com o monstro que é minha prima? Sabendo que ela não o ama de verdade e apenas faz isso pelo capricho de conseguir o homem que fora de sua irmã? Ela não o ama, Betty, a vida dele está condenada a ser miserável assim como a minha está fadada a memória constante de que inutilmente prometi ajudar um homem que confiou em mim!

-Thomas a ama, Lily! Ele sabe que você fez o que pôde e deu seu melhor, mas Lucille provavelmente tem parte com o coisa ruim, por isso venceu essa batalha...

-Ela venceu a guerra, e eu o perdi para sempre!

-Você não sabe disso...

-Eu a vi na janela do quarto, a olhei de longe, estava provando o vestido de noiva e tinha um largo sorriso no rosto, o casamento será na frente da casa, está tudo sendo montado. Ela... -Eu desabei em um choro com soluço, que para qualquer um que não soubesse quem eu era, imaginaria que eu estava padecendo de dores de luto. Mas era assim, era assim que eu me sentia.

Betty apenas me abraçara forte me permitindo chorar tudo o que eu tinha para chorar neste momento, e eu me abandonei naquele abraço. Buscava um colo de mãe, um auxílio divino, um milagre de última hora que fizesse com que Thomas entrasse pela porta me dizendo que estávamos livres e que poderíamos viver nosso amor livres e como quiséssemos. Mas, a única coisa que entrava nessa cabana era o crepúsculo trazendo a noite e mergulhando minha alma em desespero e morte.

Qual é o sentido da vida? Eu sempre me questionei. Sempre me ensinaram que ser bom, que a bondade era o verdadeiro elixir para a felicidade e o que mudaria nosso mundo. Mas, depois de tudo o que vi e vivi em Allerdale, depois de tudo que aconteceu e das tentativas de provar a inocência de Thomas, é Lucille quem me prova que na verdade é o mal quem reina soberano nesse mundo de mar de lágrimas.

Love in the Dark: Sir Thomas SharpeOnde histórias criam vida. Descubra agora