Veneno

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Percebi que Thomas havia ido atrás do médico quando o vi entrar com ele e ao olhar para mim o vi entrar em desespero, eu estava sonolenta provavelmente pela perda de sangue e via flashes de imagens sem sentido, vi Thomas chegar com o médico, vi Thomas se desesperar e ser amparado por Betty, vi Betty abraçando Thomas, vi o médico conversando com Betty e depois disso vi apenas escuridão.

-Eu consegui estancar o sangramento, mas...

-Thomas, pode chamar Thadeu aqui, por favor?

-Agora?

-Sim, o mais rápido possível!

-Percebi que a senhora o afastou quando eu estava prestes a comentar o mais grave dos assuntos!

-Sim, porque eu sei do que se trata e doutor, ele não pode saber, na verdade, ninguém nessa casa pode saber a não ser eu!

-Betty, sabe que não posso esconder algo assim, ainda mais dela!

-Eu sei, doutor! Mas... as coisas aqui estão muito difíceis, o senhor mesmo viu que a menina foi envenenada, não sabemos por que ou quem fez um mal tão grande para ela...

-Não teria sido ele, para se livrar da obrigação?

-O quê? Como se atreve a falar isso de Thomas, você fez o parto dele, você o viu crescer!

-Só estou dizendo que a pessoa que fez isso, essa pessoa queria causar pequenos danos, um envenenamento leve que não matasse ela, mas a fizesse abortar!

-E a pessoa conseguiu! Mas, eu garanto ao senhor, não foi Thomas, mas não quero que nenhum dos dois saibam desse bebê.

-Betty, não posso mentir! Ele vai querer saber o motivo do sangramento e o sangramento ocorreu porque ela abortou.

-Diga que foi por causa do veneno, ou melhor, para não mentir, vá embora antes que ele volte, eu mentirei no seu lugar!

-Betty, eles têm o direito de saber...

-E saberão, na hora certa, mas não é agora! Por favor, doutor!

-Está bem, estou indo, mas Betty... eles precisam saber!

-Prometo que saberão, mas não agora.


~*~

-Onde está o médico?

-Foi embora!

-Como assim foi embora? Sem conversar comigo? Sem me dizer o que aconteceu? Irei atrás dele agora, como ele ousa sair assim?

-Espere, Thomas! Ele foi embora, mas me contou tudo e ela já está fora de perigo, mas...

-Mas, o quê Betty?

-A senhorita Lily, ela realmente foi envenenada! Por isso estava sangrando assim.

-Envenenada? Maldita Lucille, eu irei...

-Me solte, Thadeu... me solte!

-Ora, Thomas! Juízo, você precisa se acalmar!

-Eu não quero me acalmar...

-Não quer, mas vai! A senhorita Lily precisa de você, pare e pense homem!

-Você... você está certa!

Thomas Sharpe Pov.:

Eu não confio em Lucille, não consigo me perdoar por ter permitido que ela saísse sozinha com Lily, mas Thadeu estava junto, não consigo entender como ela conseguiu fazer mal a própria prima, sangue do mesmo sangue. Ah, a quem eu quero enganar? Ela não se importou nem quando matou a própria irmã, vai se importar com a prima? Claro que não. E eu? Como pude permitir que isso chegasse a esse ponto? Tudo começou com a minha luxúria, meu desejo desenfreado e necessidade de fuga da realidade, da maldita realidade que não sei explicar ao certo quando começou! Maldita seja Lucille por todo o horror que me fez viver, pelas coisas que me fez fazer, pelas pessoas que não consegui proteger. E Nicolle, minha amada Nicolle, a quem jurei proteger e amar com todas as forças da minha alma e por causa da maldição do meu amor morrera sem nem ter chances de se defender. Ah, minha Nicolle, sou assombrado pelo seu fantasma que é incapaz de encontrar a paz e fica presa a mim nessa maldita casa, nem após a morte ela deixou de me amar e nem de sofrer.

Love in the Dark: Sir Thomas SharpeOnde histórias criam vida. Descubra agora