Recomeços?

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Três dias depois de planejarmos tudo para nossa partida definitiva de Allerdale, Thomas havia deixado tudo pronto e a despedida de Betty e Thadeu havia sido dolorosa para ele, porém conseguíamos ver o alívio nos olhos de ambos, finalmente o "filho querido" teria sua tão desejada felicidade e paz para ser quem desejava ser.

Nos despedimos após o café, entre lágrimas e abraços, sorrisos e desejos de sorte e felicidade, eu e Thomas rumamos ao vilarejo onde passaríamos aquele dia e pegaríamos o trem para Londres no início do dia seguinte. Eu estava feliz por poder segurar sua mão e chamá-lo pelo nome ao invés de sir, ele por sua vez havia respirado profundamente e saído de cabeça erguida de Allerdale. Não sabemos onde Lucille foi e nem quando retornará, porém isso não nos afetava, não era mais problema nosso.

-Aqui, entre! -Thomas abrira a porta de uma estalagem e me dava passagem, eu não conseguia conter minha alegria por estar finalmente com ele fora daquele inferno, apesar de simples pois nenhum de nós estava com muito dinheiro, apenas o suficiente para as passagens, a estalagem e a alimentação, mas eu estava com ele e isso era tudo o que importava.

-Obrigada, meu querido! -O rosto dele estava iluminado por um brilho diferente, eu o sentia tenso, mas percebia um sopro, um alívio nele.

O dia estava frio, estava começando a ficar gelado e nós decidimos, até para não chamarmos tanta atenção no vilarejo, que ficaríamos no quarto, descansaríamos um pouco, nos prepararíamos e sairíamos apenas para comer algo e depois dormiríamos para nos preparar para a viagem que seria cedo no dia seguinte.

-Um quarto, por favor!

-Para o casal? -Questionou o dono da estalagem.

-Sim!

-Vocês são casados?

-... -Thomas apenas o olhou, assim como eu o olhei.

-Desculpe meu esposo, é que somos uma família aqui. Geralmente abrigamos recém-casados! -Disse a esposa do dono da estalagem, ela era uma mulher alta, meio encurvada e com a pele maltratada pelo sol, com rugas e a expressão cansada, mas carregava um sorriso sincero e quando ela passou a mão pela mão do marido, de forma delicada por debaixo do balcão imaginando que não notaríamos, eu não pude deixar de sorrir e olhar para Thomas, que me olhou de volta com um sorriso tímido.

-Bem, somos sim! Esta é minha senhora, precisamos de um quarto pois iremos viajar amanhã bem cedo e ela precisa descansar. -Ele apenas falou, foi tão natural, como se fosse uma verdade rotineira, como se não fossemos amantes por conta da circunstância que minha prima o envolveu e eu acabei me envolvendo, como se fosse algo que ele está acostumado a dizer e eu apenas sorri e agradeci. Thomas pegou a chave do quarto e orientou o dono da estalagem a apenas nos incomodar se fosse hora das alimentações. O homem nos guiou até nosso quarto e quando eu olhei novamente para a esposa do homem ela sorria para mim de forma doce.

-Você deve estar exausta não é mesmo? -Dizia ele enquanto eu me sentava na cama simples do quarto e ele trancava a porta e se virava para a janela.

-Estou um pouco, mas e você meu querido, está bem?

-Eu estou... preocupado!

-Com Lucille? Tem medo de que ela possa fazer algo mesmo sem saber onde estamos?

-Eu tenho medo de que ela descubra antes da hora. Mas... amanhã estaremos rumo a Londres, nunca mais ela nos verá e não poderá fazer mais mal a você. -Ele continuava olhando pela janela, eu então me levantei e caminhei até ele o abraçando por trás e envolvendo os braços em volta de sua cintura.

-A nós, Thomas, porque o mal que ela causou a você também me feriu. -Ele suspirou e segurou meus braços. Ficamos em silêncio por um momento, apenas olhando pela janela, o dia estava cinza e com névoa.

Love in the Dark: Sir Thomas SharpeOnde histórias criam vida. Descubra agora