A vida não é fácil, principalmente quando você não tem ninguém ao seu lado. Esse não era o caso de Maya Claremont, que apesar de lutar todos os dias contra os próprios demônios, tinha alguns amigos com que sabia que podia contar; isso até Jack Brewe...
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QUATRO
tenho uma ideia melhor.
𖦁
Maya passara a noite pensando em sua entrevista com Stella. Não sabia exatamente o que dizer, mas torceu para que tudo desse certo. Vestiu uma camisa de botões listrada e uma saia jeans.
Não era algo que costumava usar, mas achou que causaria uma boa impressão.
Ela entrou no Dojo para falar com Colin, mas não o encontrou. Rudy estava sentado no balcão discutindo algo com Jack. Maya segurou o impulso de se virar e sair, então se aproximou dos dois.
─ Cadê o Colin?
─ Ele não trabalha mais aqui ─ o sensei respondeu.
─ O quê? O que houve?
─ Aconteceram algumas... Coisas ─ Jack falou.
─ Como eu ia dizendo ─ Rudy continuou. ─ Vou ter que consertar a fechadura da porta ─ lançou um olhar ladino para Maya ─, então Jack está no comando enquanto eu estiver fora.
Maya soltou um som frustrado que pareceu um grunhido, os dois olharam de relance para a morena, e ela quase conseguiu ver o sorriso irônico no rosto do mais jovem.
Pegou a mochila em cima do balcão e saiu do Dojo sem olhar para trás.
Entrou na livraria com o coração palpitando. O cheiro de livros novos e as prateleiras coloridas a fizeram suspirar; tudo o que ela queria era aquele emprego. Precisava de um, e estava feliz de ser com algo que realmente gostava.
Stella era pequena. Apesar disso, parecia estar no início dos vinte anos, e seu rosto passava uma confiança descomunal. Os cabelos eram um pouco abaixo do ombro e ela deu um sorriso de orelha a orelha quando viu a morena.
─ Você deve ser a Maya ─ falou.
─ Sim, sou eu.
─ O Milton me falou de você, pode sentar aqui ─ a asiática apontou para uma cadeira.
Maya se sentou, mas no segundo seguinte se arrependeu. Ouviu o som longo e contínuo de uma flatulência, fechou os olhos com calma e tirou da cadeira uma almofada de pum.
─ Sinto muito ─ pediu, e Stella deu de ombros.
─ Não tem problema ─ sorriu. ─ Podemos começar?
─ Huh, sim, claro.
─ Você já trabalhou antes?
─ Uma vez, mas faz uns dois anos. Eu organizava as prateleiras no supermercado, e já fui babá.
─ Certo. Quantos anos tem mesmo?
─ Dezessete.
─ Entende que o trabalho é apenas de meio período, então o salário não é tão grande. Preciso que limpe os livros de três em três meses, e os organize de forma a facilitar os clientes na hora de encontrar o que querem.
