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que bom que fez isso.

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A janela estava trancada então Jack se apoiou na parede e esperou. Passaram-se alguns minutos antes de Maya aparecer. Ela abriu a janela, e Jack pensou se deveria entrar, mas antes que ele analisasse a situação, ela já tinha trancado a porta do quarto, colocado uma música alta e saído pela janela. 

Maya pegou uma escada de madeira que estava escondida entre os arbustos e a apoiou na casa, subindo até o telhado e chamando Jack para fazer o mesmo. 

Ela sentou abraçada aos joelhos, e Jack sentou ao seu lado com a pernas esticadas para frente. De inicio, nenhum dos dois disse nada. Estavam ocupados demais analisando a cidade escura. 

─ Então ─ ela começou ─, sobre o que quer conversar?

─ Você me odeia?

─ Quer mesmo que eu responda? ─ ela arqueou as sobrancelhas. 

─ Não.

Jack se embolou com as palavras. Ele não sabia por onde começar, não sabia nem o que queria dizer. E ao mesmo tempo, tinha todas as palavras na ponta da língua.

─ O que aconteceu com você, Maya? ─ ele começou, rápido demais. ─ Eu não sei o que pensar. Estou preocupado e não consigo nem dormir direito porque fico pensando no seu irmão e se você está mesmo bem. Não consigo parar de imaginar quais os seu segredos e eu quero muito que minha cabeça esteja errada. Então por favor me diga que eu estou errado, me diga que está tudo bem e que eu sou louco. Me diga que você está bem e que seu pai nunca tocou em você e que seu irmão não é um babaca. 

Jack disse tudo isso em uma velocidade anormal. Maya não disse nada quando ele suspirou e se virou para ela. 

─ Me diga alguma coisa. Por favor.

─ Bem... ─ ela pigarreou ─, eu não sei o que você acha que está acontecendo, mas posso imaginar, e tudo o que eu queria agora era poder dizer que você ficou louco. 

Jack fechou os olhos, deixando que o peso das palavras o atingisse. 

─ Por que não contou a ninguém?

─ Porque não vale a pena pagar o preço ─ ela respirou fundo. ─ Eu tenho uma irmãzinha, sabia?

Jack engoliu em seco, sentindo a dor na expressão de Maya. 

─ Eu sinto muito ─ ele falou. ─ Maya, eu sinto tanto. 

─ A maioria das pessoas sente. Mas ninguém nunca faz nada a respeito ─ ela deu de ombros. ─ Obrigada por ter batido no meu irmão. 

Jack deixou que a sombra de um sorriso surgisse em seu rosto. 

─ Sempre que precisar.

Maya passou longos minutos observando a iluminação ruim que aquele bairro possuía. Ela estava acostumada a subir ali e fazer exatamente isso. Não imaginou que Jack Brewer algum dia fosse ser sua companhia. 

─ Quer conversar sobre isso?

No começo, Maya se sentiu tentada a dizer que não. Mas ela sofria em silêncio a tanto tempo, que cogitou a possibilidade de se abrir para pelo menos uma pessoa. Pelo menos uma vez.

─ Minha mãe trabalhava no hospital de Seaford e meu pai cuidava da casa ─ ela começou, soltando um riso. ─ Nada convencional, eu sei. Quando minha irmãzinha Molly nasceu, minha mãe morreu no parto. Foi um erro médico, então você pode imaginar como meu pai ficou. 

"Depois disso, foi como viver com outra pessoa. Meu pai não era agressivo o tempo todo, pelo menos não quando minha mãe estava por perto. E aí quando ela morreu... Ele simplesmente surtou. Meu irmão tinha quatorze anos quando tudo aconteceu, e como meu pai não trabalhava, o Mike teve que dar um jeito em tudo. Eu sempre acabava em casa a maior parte do tempo pra cuidar da Molly. "

─ Meu pai gosta de descontar as frustrações no filho mais velho, então o Michael costuma desaparecer quando ele está em um dia ruim... Mas eu jamais faria isso com Molly. 

Jack não disse nada. 

─ Eu nunca enfrentei meu pai ─ ela comentou. ─ Comecei a fazer caratê só pra descontar as frustrações, e ai um dia eu cheguei em casa e meu pai tinha dado um tapa na Molly. Eu não consegui me conter e quebrei o nariz dele. Depois entrei em pânico, deixei minha irmã na casa de uma amiga e corri pro Dojo. E ai você me encontrou.

─ Que bom que fez isso ─ ele comentou, baixinho. 

Maya sorriu. 

─ É. 

Era uma grande novidade para a morena. Ela jamais havia contado nada daquilo para ninguém, e tinha certeza de que nenhum dos seus irmãos o fizera. Então Jack era provavelmente a única pessoa que sabia. 

Aquele tipo de conexão não era algo que Maya tinha com as pessoas. E era uma sensação boa saber que alguém se preocupava com ela. 

─ Você nunca pensou em pedir ajuda? Quer dizer, existem lugares que podem ajudar você e seus irmãos. 

─ Eu tenho dezessete anos, Jack. Eles mandariam eu e minha irmã para um orfanato. Meu irmão jamais conseguiria a guarda de nós duas ─ Maya suspirou. ─ Quer dizer, o Michael tem um emprego e já é maior de idade, mas ele não tem dinheiro suficiente para sustentar nós três. Nem se eu ajudasse, Stella não me paga nem o valor de um aluguel. 

Jack não sabia como responder aquilo. Ele não conseguia nem imaginar pelo que Maya passava. Morava com os pais em Seaford, nunca passou por problemas financeiros e trabalhava no Dojo porque estava indeciso sobre que faculdade fazer. Apesar disso, sabia que onde quer que ele fosse, os pais pagariam tudo que ele precisasse. Maya e Michael provavelmente nem iriam para uma faculdade, quem dirá uma decente o suficiente. 

─ E se você procurasse um trabalho de meio período? ─ ele sugeriu. 

─ Ai eu não poderia praticar caratê. 

─ Eu posso sugerir a Rudy que abra a academia durante a noite.

─ Só se eu pudesse levar Molly comigo. Não posso a deixar sozinha em casa. 

─ Vamos dar um jeito ─ ele sorriu. 

Os dois estavam tão próximos que Maya podia ouvir sua respiração. Jack observou seus traços, com uma expressão séria no rosto. 

─ Seria muito estranho se eu dissesse que quero te beijar agora? ─ ele perguntou, e isso fez Maya sorrir. 

─ Seria.

─ E se eu disser que não me importo?

─ Então eu vou dizer que você continua sendo um idiota. 

Quando Jack franziu o cenho, Maya soltou uma gargalhada e se inclinou na direção dele antes que o moreno se desse conta do que estava acontecendo. Ele levou alguns segundos para segurar o rosto dela e retribuir o beijo com a mesma intensidade que ela o beijava. Maya passou as mãos pelo cabelo curto de Jack e sorriu. 

Nenhum dos dois tinha a mínima ideia do que era aquilo, ou qual seria a consequência daquilo. Mas ambos optaram por apenas aproveitar o momento. Poderiam pensar nas consequências depois.

 Poderiam pensar nas consequências depois

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