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OITO

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OITO

você perdeu a cabeça.

𖦁

Ao abrir os olhos e perceber onde estava, Maya quase deu um pulo para o outro lado do cômodo. Ela estava deitada ao lado de Jack, com a cabeça em seu peito, e ele com a mão em seus cabelos.

Aos poucos as memórias da noite anterior voltaram, e Maya olhou para o resto do vestiário, coberto de sangue, assim como suas mãos e a roupa de Jack.

Ela o sacudiu de leve e ele abriu os olhos, tão espantado quanto ela. Notando como a morena estava melhor, ele se permitiu perguntar.

─ Maya, o que aconteceu? ─ ela engoliu em seco.

─ Acho melhor limparmos isso antes que alguém chegue ─ ignorou a pergunta dele e se levantou.

Ela buscou um pano, um balde e um rodo. E os dois levaram vinte minutos para limparem tudo, em completo silêncio.

─ Se quiser posso tentar tirar as manchas da sua fantasia ─ ela disse, quando acabaram. ─ Provavelmente vai querer usá-la ano que vem.

─ Sei que você não deve querer falar sobre isso, mas eu preciso saber de algo, Maya. Eu chego e encontro o vestiário cheio de sangue, você chorando cheia de sangue. Não sei o que fazer.

─ Olha, o sangue era meu, ok? Não cometi um assassinato ou nada do tipo.

─ Isso deveria me tranquilizar? ─ ele quase gritou.

─ Quer dizer que a polícia não vai bater na sua porta e buscar por evidências, então sim.

─ Vou te levar no hospital.

─ Não! ─ ela gritou. ─ Eu estou bem, Jack. Não foi nada.

Ela saiu deixando sozinho no Dojo um Jack furioso, confuso e muito preocupado. O moreno apoiou os cotovelos no balcão e suspirou. Precisava de água. Então saltou por cima do balcão para pegar uma água na geladeira, quando se abaixou, viu de relance um objeto escondido no canto embaixo do balcão. Era o celular de Maya, ele percebeu.

Sabia que não devia, mas sua curiosidade falou mais alto. Ele ligou o celular, ficando surpreso por não ter nenhuma senha. Abriu na última conversa, que era com seu irmão, aparentemente, e seu rosto ficou vermelho de raiva. Ele leu e releu as mensagens de Maya, querendo que aquilo não fosse verdade.

Mike, o papai bebeu.

Vem me buscar.

Você não pode sair e me deixar sozinha com ele.

Por favor.

Você sabe o que ele vai fazer.

MICHAEL!

Jack desligou o celular e respirou fundo. Querendo não ter lido aquilo. Ele olhou a data da mensagem, e se lembrou de que dia havia sido. Foi no mesmo dia em que Maya apareceu no Dojo com um olho roxo. Jack lembrou que Maya o culpou pelo olho roxo, e ele não disse nada, mesmo sabendo que não havia feito aquilo.

Jack respirou fundo, pensando no que faria a seguir. Estava muito cedo, e Maya provavelmente já tinha ido para casa. Jack saiu do Dojo atordoado, e teve sorte de esbarrar na chefe de Maya: Stella.

─ Oi Stella, tudo bem? ─ falou e ela sorriu.

─ Claro, e você?

─ Sim, estou bem ─ falou apressado, sem querer se enrolar. ─ Me responde uma coisa, o que sabe sobre o irmão da Maya?

Stella pensou um pouco.

─ Praticamente nada, só que ele passa aqui pra buscar ela as oito da noite quando a livraria fecha.

─ Isso é... Perfeito. Obrigada.

Jack saiu andando, e Stella ficou alguns segundos parada, tentando assimilar o diálogo.

Maya não apareceu no Dojo naquele dia. Jerry e Milton foram até a livraria conversar com ela e perguntar o que havia acontecido na noite anterior, mas ela não revelou muita coisa. E Jack teve de inventar uma desculpa qualquer para explicar seu sumiço repentino.

O carateca passou o dia esperando as oito horas, e um pouco antes desse horário foi até a porta do shopping, esperando encontrar o homem que estava em sua foto de perfil.

Assim que Michael Claremont parou seu carro, Jack o puxou para fora do mesmo. Ele segurou o garoto pela gola da camisa e o empurrou contra a parede com força.

─ Por que você o deixou bater na Maya? ─ perguntou, soando como uma pessoa totalmente diferente.

─ Do que você está falando?

─ Da sua irmã, seu imbecil! Por que não foi buscá-la? Por que não defendeu a Maya?

─ Jack? ─ ele ouviu um grito, e virou a cabeça na direção do som. ─ O que está fazendo?

Maya correu até os dois, e percebeu que a pessoa encurralada era seu irmão mais velho. Ela deu um empurrão em Jack, que soltou Michael imediatamente. O irmão caiu de joelhos no chão e Maya se abaixou ao lado dele.

─ Você ficou louco? ─ gritou para Jack, apontando o dedo na cara dele. ─ Ele é meu irmão, seu idiota!

─ Maya, eu só... Eu encontrei seu celular e-

─ Você encontrou meu celular e decidiu mexer nele? Privacidade não importa pra você?

─ Não depois do que aconteceu hoje de manhã.

Maya riu.

─ Você perdeu a cabeça. Acha que é o que? Um super-herói que vai salvar todo mundo?

Ela ajudou o irmão a entrar no carro e os dois foram embora.

─ Todo mundo não ─ Jack respondeu, tarde demais. ─ Só você.

 ─ Só você

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