Capítulo 6

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*Japão – 21 de fevereiro de 2003*

Ontem foi um dia atípico, hoje também seria. Almoço com o pessoal e o começo das vigias de Hattori e Yui. Como era domingo os funcionários não estariam na casa, eu que iria cozinhar, faria uma comida brasileira, bem fácil e que meus primos e vovô já conheciam. Ainda são oito da manhã, não ousaria levantar agora, fiquei fitando o teto e pensando na Boikitã, de certa forma não tive escolha, tinham pessoas querendo minha cabeça. Nem sei o que fiz para elas, vai entender...

Como brasileiro não tem um minuto de paz fui tirada bruscamente de meus pensamentos com a campainha.

Desci as escadas e como sempre olhei as câmeras, vi as duas beldades de ontem. Hattori com um semblante fechado e cara de sono e Yui com um sorriso que me deixou brava. Fui até a porta e abri com indignação.

- Sabe que horas são? Acho que não, quem em sã consciência tem coragem para me fazer levantar as oito da manhã!? – Continuavam com as mesmas caras e Yui permanecia com aquele sorriso irritante.

Hattori: Bom dia para você também! Poderia ao menos fingir que gostou de nos ver. – Disse praticamente invadindo minha casa e se sentando no sofá.

Yui: S/nzinha! Você fica parecendo um pinscher quando está brava. – Rompeu o limite do meu espaço pessoal e me deu um abraço.

- Isso já é demais! Vai se sentar no sofá, antes que te bata com alguma coisa. – Me desgrudei dele e fui andando para cozinha. – Vou fazer café, alguém quer?

Hattori: Aceitamos o café e adoraria algo para comer. – Folgado.

- Então venha e faça você mesmo. – Escutei ele se levantar do sofá.

Não é que ele veio!? Fiquei sentada na bancada enquanto espiava o que ele fazia, vi pegar o pão de forma e abrir a geladeira, tirou de lá queijo, tomate e presunto, nem sabia que tinha isso aqui em casa. A cafeteira já havia terminado de preparar o café então me levantei, peguei três canecas no armário e as enchi. Entreguei uma para Hattori e fui até a sala entregar a de Yui, não falei nada ao entregar e voltei para a cozinha.

Hattori: Pode colocar tomate no seu sanduiche? – Perguntou sem se virar para onde eu estava.

- Prefiro sem. – Falei e voltei a atenção para minha caneca.

Passou alguns minutos e ele apareceu na minha frente e me entregou um prato com a comida.

- Obrigada! – Peguei o prato e me sentei na ilha que tinha ao meio da cozinha.

Hattori: Yui, vem comer aqui na cozinha, vai acabar sujando o sofá. – Sempre com a mesma feição, se tornava algo intrigante.

Yui: Cheguei! S/nzinha, posso me sentar ao seu lado? – Me olhou esperando uma resposta.

- Fica à vontade, não me importo. – Assim que falei ele se sentou e começou comer.

Hattori: O que achou?

- Está bom. Sabe cozinhar mais alguma coisa? – Queria descobrir um pouco mais sobre ele.

Hattori: Sei, mas fica para outro dia. – Disse isso e me olhou com um olhar bondoso.

Yui: Ele faz um macarrão incrível. – O garoto falava de boca cheia. Acabei rindo da situação.

- Se conhecem já faz tempo? – Pareciam se conhecer bastante.

Hattori: Uns quatro anos... É, já faz tempo. – A fala do jovem se tornou um pouco melancólica.

Não quis puxar mais assunto, estávamos comendo e não queria deixar o clima pesado. Quando terminamos peguei os pratos e iria lava-los, porém Yui levantou correndo e entrou na minha frente.

Yui: Pode deixar que eu lavo. – Não tive tempo de ação, ele pegou os pratos da minha mão e foi na direção da pia.

Hattori: Posso te fazer uma pergunta? – Assenti e ele continuou. – Como era a convivência com seu pai?

Assustei um pouco com a pergunta, mesmo não me importando de falar sobre, talvez porque não estava preparada.

- Era normal. Eu podia falar com ele sobre tudo, era como falar com um amigo, podia contar com ele para qualquer coisa, tentava ser presente o máximo que dava. Ele era incrível. – Não queria demonstrar tristeza na fala. Falei tudo com um tom firme e um sorriso. – Por que a pergunta?

Hattori: Ele foi um pai quando eu precisei, também foi alguém importante para Yui. – Fez uma pausa em sua fala e me olhou nos olhos. – Você é alguém importante para nós, mesmo não nos conhecendo. Só quero que saiba que cuidaremos de você.

A cada fala deles ficava mais curiosa sobre eles e sobre meu pai. Eu não fazia ideia de como ele poderia ter sido tão importante para outras pessoas, sabia que ele tinha influência em muitas coisas e principalmente em coisas ilegais, mas ele escondia coisas sobre seu trabalho.

*Quebra de tempo*

Já eram dez horas, não tinha marcado um horário, apenas disse que seria um almoço. Hattori e Yui estavam na biblioteca e eu estava olhando algumas coisas no antigo escritório do meu pai. Tinham muitos papeis, fotos, documentos, alguns móveis e encima de um pequeno armário pude ver copos de vidro e algumas garrafas de bebida alcoólica.

Cheguei mais perto e peguei uma das garrafas para abrir, ao tirar a tampa levei a garrafa ao meu nariz e senti o cheiro. Era um cheiro comum de bebida, porém tinha um toque adocicado que deduzi ser de mel e bem no fundo poderia sentir o cheiro amadeirado.

Hattori: Se estiver pensando em beber vou ter que te dar uma péssima notícia. Não deixarei. – Ele apareceu na porta e acabou me dando um susto.

- Puta que pariu! Não precisava me assustar. – Ele apenas riu e se sentou em uma das poltronas que tinha na sala.

Hattori: Ele gostava muito dessa bebida. Talvez você tenha puxado o gosto dele.

- Eu não estava querendo beber, só estava sentindo o cheiro. – Disse um pouco brava por ter me assustado.

Hattori: Quando você estiver maior deixo beber, por enquanto fique em bebidas sem álcool, pode ser? – Olhou em minha direção esperando uma afirmação.

- Tá bom. – Minha resposta foi simples e algo que ele provavelmente estava querendo escutar. – Posso te chamar de Tori? – Escutei a risada dele e achei que iria me responder rudemente.

Hattori: Pode, acho que fica melhor. – Eu finalmente vi ele contente.

Após isso ficamos em silêncio e logo a campainha foi tocada.

Tori: Acho que o pessoal chegou.

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Oioi <3

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1060 palavras.

𝐓𝐨𝐤𝐲𝐨 𝐚𝐨 𝐀𝐭𝐚𝐪𝐮𝐞 - 𝑷𝒆𝒓𝒎𝒂𝒏𝒆𝒄̧𝒂 𝒇𝒐𝒓𝒕𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora