*Japão - 25 de julho de 2005*
Ao abrir a carta vi letras bagunçadas, porém esforçadas, um traço um pouco bruto. Quando comecei a ler senti uma lagrima rolar por meu rosto, era de Keisuke.
"Querida S/n, espero que esteja bem onde estiver. Faz um tempo que escrevi esta carta, mas decidi deixar na sua lapide, assim sinto que você a recebeu.
Eu tinha muita dificuldade em escrever e desde que você se foi eu melhorei muito. Conheci um cara que me ajudou, hoje somos amigos. Eu, Kazu e o Chifuyu vamos montar um petshop no futuro e queríamos que você estivesse aqui para nos ajudar, o Kazu queria até de alguma forma colocar seu nome no petshop.
O Chifuyu me ajudou aprender escrever, eu me esforcei para que eu pudesse sempre escrever para você. S/n, eu te amei e até hoje amo, e por muitas vezes tentei te achar em outras pessoas, mas isso foi impossível, nem sei se em algum momento encontrarei uma menina que possa me fazer te esquecer."
Quando a primeira folha da carta tinha terminado percebi que já não tinham mais lagrimas em meu corpo e ao ver a outra folha vi que a letra era bem diferente, eram também do Baji, mas menos trabalhadas. Tinham erros de grafia perceptíveis e eu entendi que aquela carta não era recente, era de quando ele ainda não sabia escrever corretamente.
"Sua morte me abalou tanto que desaprendi conversar, você me dava sanidade e sinto que agora não sou o mesmo, me sinto uma pessoa má, só sei arrumar brigas. Eu tenho procurado me ocupar para não ficar lembrando de você, mas na maioria das vezes é batendo em alguém, colocando fogo em carros ou me machucando.
Não consigo nem olhar para os gatos de rua sem lembrar do seu olhar carinhoso de quando alimentávamos eles, não consigo ir para uma reunião da Tomas sem lembrar de você subindo as escadas toda animada, não consigo andar de moto sem lembrar de quando apostávamos corridas e você sempre ganhava.
Hoje quando fui no cemitério te visitar lembrei do aniversário do Kazu, você e o Mit desenharam o anel de tigre que fizemos para ele, o Kazu nunca tira aquele anel, acho que é uma forma dele se sentir conectado com você.
Espero que entenda que nunca vou te esquecer e que sempre irei me orgulhar de ter sido seu amigo.
Ass: Keisuke Baji."
Achei que já tinha sentido o meu coração partido, porém essas cartas me mataram de tantas formas diferentes... Ele aprendeu escrever por mim, ele se esforçou por mim, ele me amava, ele me encontrava em coisas fúteis, ele se lembrava de mim e sentia minha falta.
Keisuke Baji, eu não sabia que me amava dessa forma e agora em cartas dadas ao universo para que me entregasse eu vejo, eu vejo o quanto eu te amo, eu vejo o quanto eu amo todos vocês e vejo o quanto vão me odiar.
Eu levaria as cartas, leria todas, para que me arrependesse, para que sentisse toda a culpa em meus ombros, eu queria sofrer, talvez assim me sentisse melhor.
Agora era a de Shinichiro, ao contrário da de Kei a dele tinha nome, então antes de abrir eu já sabia que era do Shini.
"Oi pequena! Já escrevi tantas cartas e nunca me falta assunto. Eu ainda sinto saudades, tento aceitar sua partida, mas de alguma forma sinto que ainda está viva e que só está esperando para aparecer e dizer que conseguiu resolver seus problemas. É sua cara tentar resolver tudo sozinha, isso sempre foi uma das minhas preocupações e me culpo por ter te deixado fazer aquilo para tentar resolver os problemas que eram para que eu resolvesse.
Como sempre, vou falar como anda o pessoal. Mikey ainda não voltou ao normal, sempre distante, não fala muito e sabemos que ele tem dupla personalidade, tenta esconder que está mal, mas é perceptível que ele sente falta de você. Por muito tempo ficou tentando se afastar da Toman, ele sempre se lembrava de você quando o assunto é a Tokyo Manji.
Emma não gosta quando falamos de você, ainda chora todas as vezes que seu nome aparece na conversa. Izana não fala sobre absolutamente nada que aconteceu, na primeira semana ele sumiu, quando voltou não falou com ninguém e apenas fingia estar bem. Depois disso todos ficaram meio calados, talvez por conta do luto ou talvez por ninguém realmente saber oque fazer a partir daquele momento.
Vovô reabriu o dojô, os meninos tem ajudado ele, Draken sempre ajuda Emma fazer compras para a casa, então ele pode cuidar das coisas do dojô com mais calma. Ele tem uma foto sua na estante de livros do quarto dele e toda noite ele lhe fala boa noite.
S/n, todos os dias peço aos céus para que te traga de volta. Espero te encontrar em outras vidas.
Ass: Shinichiro Sano"
Essa foi a ultima carta que consegui ler, eu não iria aguentar nem mais uma linha de sentimentos reprimidos, dor, saudade ou sofrimento. Me levantei, peguei as outras cartas e uma rosa branca de um dos buquês que enchiam minhas narinas com um cheiro adocicado.
Me dando conta que já estava escurecendo e que começava chover apertei os paços para sair dali o mais rápido possível.
Fui em direção a saída do local, meus olhos estavam novamente marejados e minhas pernas não estavam aguentando, eu estava fraca.
-Droga! - Exclamei ao colidir meu corpo ao de outra pessoa.
XXX: Sinto muito! Não foi minha intenção...
-Tudo bem, não foi nada. - Antes da pessoa se colocar a falar fui embora.
Ao entrar no carro procurei desesperadamente o meu celular, disquei os números com pressa e logo a pessoa do outro lado da linha atendeu.
Tori: S/n? Aconteceu alguma coisa? - Perguntava com preocupação.
- Eu preciso do endereço do Shini. - Minha fala foi acompanhada com um soluço.
Tori: Ele provavelmente está na oficina, isso serve?
- Sim. Muito obrigada! - desliguei a chamada e dei partida no carro.
Eu estava dirigindo como se estivesse apostando tudo o que eu tinha em uma corrida de carro. As ruas se tornavam borrões e quando eu finalmente avistei a oficina S&S Motors fiquei eufórica. Parei o carro do outro lado da rua para não ficar na contramão e me arrisquei atravessar a movimentada avenida na chuva.
Poderia ser visto uma luz ainda acesa nos fundos do estabelecimento e não pensei nem duas vezes ao me dirigir até lá.
Finalmente, finalmente eu estava feliz de verdade. Quando o vi não consegui me mexer, fiquei o observando segurar uma chave inglesa com a mão direta e com a esquerda uma lanterninha, toda sua atenção estava presente na moto que consertava.
Sentia todo o peso que tinha em meus ombros nos últimos meses sumir e logo senti o frio e o cansaço, a chuva deixava meus cabelos encharcados e minha pele molhada. Não me importava em continuar alí e pegar um resfriado, eu estava bem.
Shini: hm?
Ele havia percebido que alguém o observava, levantou e deu alguns passos para frente e em seguida pude ver sua expressão de susto. Corri até ele e o abracei com toda a força presente em meu corpo, que no momento duvido ser muita. Eu estava chorando muito, porém consegui dizer algo.
- Shini, eu não consegui. Eu não resolvi meus problemas sozinha, me desculpa...
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Oioi<3Dói, né!? KKKKKKKKK
1233 palavras.
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𝐓𝐨𝐤𝐲𝐨 𝐚𝐨 𝐀𝐭𝐚𝐪𝐮𝐞 - 𝑷𝒆𝒓𝒎𝒂𝒏𝒆𝒄̧𝒂 𝒇𝒐𝒓𝒕𝒆
FanfictionA única certeza que temos na vida é a morte, certo? •Conteúdo sensível •Os personagens serão menores de idade •Conteúdo +18 •Armas, Drogas, Sexo, Violência, Assédio e coisas relacionadas ⚠️Em hiatus⚠️