Capítulo 3

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*Japão - 20 de fevereiro de 2003*

Hoje amanheci com vontade de sair de casa, porém ainda não conheço nada e ninguém aqui. Tive um tempo para me acostumar com a casa e a rotina, Emma me chamou para sair amanhã para irmos em um parque, mas agora não tenho nada para fazer. Está muito quente e me lembro de ter visto uma sorveteria na rua da minha casa, então vou andar um pouco e passar por lá.

Quando entro vejo Mikey e alguns garotos, caramba! Meu primo pode até ser um chato, mas ele tem amigos bonitinhos. Sento em uma mesa afastada, não queria atrapalhar eles e também não queria que meu primo me enchesse a paciência, a garçonete vem até minha mesa ver o que eu quero, peço um milk-shake e então ela vai providenciar meu pedido. Posso escuta-los da mesa onde estou, eles realmente não ligam se estão em um lugar público, falam alto e a risada deles pode ser escutada do outro lado da rua. Assim que a moça deixa o milk-shake na mesa posso ver a atenção de um deles ser voltada para onde estou, apenas desvio o olhar e para a minha infelicidade Mikey também percebe a minha presença.

- Merda! Vou fingir desmaio. - Sussurro para que ninguém escute.

Mikey: O que você está fazendo aqui?

- O que eu faria em uma sorveteria? - falo com tom irônico deixando o anão bravo.

XXX: Conhece ela Mikey? - Pergunta um garoto alto com uma tatuagem na cabeça.

Mikey: Infelizmente conheço.

- Fala isso, mas me ama, não é à toa que fica me enchendo o saco. - Cruzo os braços olhando para o mais velho e cerrando os olhos.

XXX: Ela é engraçada! - O de tatuagem de tigre diz me olhando de forma amigável.

XXX: De onde se conhecem? - Pergunta um dos meninos, esse agora tinha um semblante calmo e os cabelos meio roxos.

Mikey: Ela é minha prima. - Fala com tom de desinteresse. - Agora que já me irritou pode ir embora.

XXX: Mas ela acabou de chegar! - O de olhos amendoados fala - Meu nome é Baji e o seu? - ele perguntava com um sorriso lindo onde aparecia seus caninos.

- Me chamo S/n. - falou retribuindo o sorriso.

XXX: Não contou que tinha prima. - Um deles que não parou de tomar o sorvete por um minuto falou, ele tinha uma cicatriz na boca.

XXX: Eu sou o Kazutora. Esse ali é o Mitsuya - Apontava para o de cabelos roxos - O de tatuagem na cabeça é o Draken e o que não larga o sorvete é o Pah. - Ele apresentou todos e eu apenas acenei para eles com um sorriso no rosto.

- Muito bom conhecer vocês! Bom, vou indo para não atrapalhar.

Mitsuya: Não está atrapalhando, porque não vem sentar com a gente? - Ele era legal, o contrário de Mikey.

Mikey: Só o que me faltava... - Disse bufando e fazendo cara de emburrado.

Escutei o diabinho do meu ombro falar "Fica e irrita o seu primo" e o anjinho dizia "Fica e faça amigos". Eu ficaria, mas iria apenas fazer novos amigos e quem sabe deixar minhas brigas com Manjiro de lado.

- Ok! Vou ficar só um pouco porque estou esperando uma ligação importante. - Falava enquanto se sentava ao lado do Mikey.

Assim que me sentei ele me olhou e eu o olhei com um sorriso, não sarcástico ou irritante, era um sorriso verdadeiro e deu para perceber a surpresa dele ao ver aquilo.

Baji: Então S/n, você não é daqui, né?


- Não, eu sou do Brasil. Vim morar no Japão faz alguns dias.

Pah: E porque você está morando aqui? - Ele perguntava com o canto da boca fuja com sorvete de morango.

- Meu pai morreu e minha guarda foi passada para o meu avô paterno, que também é o avô do Mikey, por isso vim para Tokyo. - Eu disse com simplicidade enquanto tomava meu milk-shake.

Pude ver os meninos me olhando com espanto e tristeza, não entendi muito bem o porquê do espanto, o da tristeza eu sabia que era por ter perdido meu pai e tal.

Kazutora: Sinto muito! Não queríamos deixar o clima chato.

- Tudo bem, não me importo de falar sobre isso. A única certeza que temos na vida é a morte, certo? - Logo terminei minha bebida e deixei o copo na mesa.

Draken: Desculpa a pergunta, mas é que bateu a curiosidade. E sua mãe?

- Não cheguei conhecer, morreu no dia em que nasci.

Mitsuya: Cada minuto que passa essa conversa fica mais depressiva.

Para minha sorte meu celular começa tocar, peço licença e vou atender do lado de fora da sorveteria. Quando atendo posso escutar umas risadas e uns gritinhos.

Bruna: Amigaaaaaaaa! Eu estou com tanta saudade. Como estão as coisas por aí?

- Oi Bru! Está tudo bem, meio chato, mas estou vivendo - falo enquanto dou algumas risadas.

Bruna: Vou passar para o Fox porque está quase me batendo para pegar o celular.

Fox: S/n, pelo amor de Deus volta, eu te imploro.

- O que aconteceu? Foi com a Boikitã? - Pergunto com medo da resposta. - Tu não era ateu?

Fox: A gangue está ótima, aliás eu sou um ótimo líder, confia no pai aqui. E sim eu sou ateu, força do habito - ele ria e eu acabei rindo também.

Falei com todos e enquanto escutava as histórias aproveitei para dar uma tragada no meu pod, mas acabei esquecendo que o Mikey não sabia que eu fumava. Olhei correndo para a janela e para a minha infelicidade ele provavelmente viu. Assim que me despedi do pessoal eles desligaram e eu voltei para dentro.

Mikey: Você fuma? - Falou em um tom bravo e uma das sobrancelhas levantadas. Eu assenti. - Desde de quando?

Todos estavam calados, provavelmente por conta do clima que estava no ar, Manjiro esperava uma resposta e eu mantive minha cara de desinteresse. Realmente era preocupante uma pré-adolescente de 12 anos fumando, mas para quem já passou por tudo que passei, isso não é nada.

- Já faz uns meses, porque?

Mikey: Seu pai sabia?

- Oque meu pai tem a ver com isso? Acho que agora ele não pode fazer nada. E sim, ele sabia. - Também falei com um tom alterado.

Mikey: Desculpa. Só queria saber porque fiquei preocupado.

Achei aquilo estranho então continuei calada, me virei e estava saindo de perto da mesa, até que escuto ele me chamar.


Mikey: Onde vai? Eu já pedi desculpas caramba.

- Só vou pagar a minha conta. - falei seca e sem demonstrar surpresa em minha voz.

Quando estava no caixa aproveitei e paguei a conta dos meninos, não falei nada para eles quando voltei para a mesa. Continuei a conversa deles amigavelmente, lembrei que tinha comprado uma coisa para meu primo então fui avisá-lo.

- Mikey, eu comprei uma coisa para você, mas tá lá em casa, quando estiver indo passa por lá. Leva os meninos para jogarmos algo. - Falei me levantando.

Mikey: Ok? - Disse com certa incerteza, pois nunca tinha comprado nada para ele.

- Vou indo, não se esqueçam de passar lá!

Me despedi de todos e fui andando até minha casa.

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Oioi <3

Boikitã= Cobra Verde no tupi

1180 palavras

𝐓𝐨𝐤𝐲𝐨 𝐚𝐨 𝐀𝐭𝐚𝐪𝐮𝐞 - 𝑷𝒆𝒓𝒎𝒂𝒏𝒆𝒄̧𝒂 𝒇𝒐𝒓𝒕𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora