Noite de brigas e meu estado de negação

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LALISA MANOBAN1h05

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LALISA MANOBAN
1h05

O meu telefone começa a vibrar dentro do bolso e minha calça jeans, o barulho é alto e eu sei que se trata da Central da Morte, todos sabem. Aquele toque bastante distinto e individualizador. Estou com os punhos cerrados contra o rosto do novo namorado da minha ex. Apesar do toque ter feito com que todos mudassem suas expressões, não saio de cima dele. Ele é apenas um cara covarde, um pouco mais baixo que eu e, sinceramente, não entendo o porquê de Niki ter me trocado por alguém como ele. Isso não importa agora. A Central da Morte está me ligando. Meus amigos, Jisoo e Noah, não estão mais empolgados com a briga. Estão todos mudos esperando que eu largue Lucas no chão sujo e atenda de uma vez, talvez na esperança de ser um engano ou esperando que o telefone dele comece a tocar também, mas isso não acontece, é apenas o meu. Vai ver essa ligação avisando que estou prestes a perder minha vida tenha acabado de salvar a dele.

— Você precisa atender, Liz — diz Jisoo.

Ela estava filmando a porradaria porque gosta de assistir a brigas na internet, mas agora está apenas encarando o próprio celular, como se estivesse com medo de receber a ligação também.

— De jeito nenhum — respondo, estou em estado de negação.

Meu coração acelera, bate mais rápido do que quando dei o primeiro golpe em Lucas, mais rápido do que quando o derrubei pela primeira vez. O olho esquerdo dele já está inchado e, no direito, não há nada além de puro terror. As ligações da Central da Morte geralmente vêm com tudo até as três da manhã. Ele não sabe se eu estou prestes a arrastá-lo comigo.

Eu também não sei.

Meu celular para de tocar.

— Deve ter sido engano — comenta Noah.

Meu celular volta a tocar.

Noah fica calado.

Está bem, eu não era uma garota esperançosa desde que a primeira ligação da Central da Morte se fez presente em minha vida quando eu era criança. Nunca pesquisei a respeito dos possíveis enganos ocorridos na Central, mas é pouco comum que isso aconteça. A família Manoban não tinha muita sorte no quesito permanecer viva. Encontrar o criador antes do tempo era nossa especialidade.

Estou tremendo, e o pânico provoca um zumbido na minha cabeça, como se alguém estivesse me socando sem parar, porque não tenho a menor ideia de como vou morrer, só sei que vou. E minha vida não está exatamente passando diante dos meus olhos como um filme, mas também não é como se eu esperasse passar por isso quando estiver de fato à beira da morte.

Lucas se contorce debaixo de mim, então levanto o punho para que ele se acalme.

— Talvez ele tenha uma arma — alerta Noah.

Ele é o gigante do grupo, o tipo de cara que teria sido útil ter por perto quando minha irmã não conseguiu se soltar do cinto de segurança depois que nosso carro caiu dentro do rio Hudson.

Um dia com ela.Onde histórias criam vida. Descubra agora