Cemitério do Clint

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LALISA MANOBAN16h27

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LALISA MANOBAN
16h27

Apesar de encher a boca para falar que sou corajosa, não sei se vou encarar este salto. Não boto o pé na praia nem numa piscina desde que minha família morreu. Antes de hoje, o mais perto que cheguei de grandes quantidades de água foi quando vi Niki pescando no rio East, o que resultou em um pesadelo em que eu pescava o carro da minha família no rio Hudson, fisgando os esqueletos que vestiam as mesmas roupas do dia do acidente, me lembrando de como fui eu quem os abandonou.

— Vai com tudo, Jennie. Vou ficar fora dessa.

— Você também deveria ficar fora dessa — aconselha Rosé. — Sei que minha opinião não conta, mas meu voto é não, não, não, não!

Uma salva de palmas para Jennie por ter entrado na fila mesmo assim; quero muito que ela aproveite o momento da melhor maneira. Não há mais muitos sapos coaxando, então sei que ela me escutou. Essa garota mudou. Sei que você está prestando atenção, mas olha só para ela: na fila para pular de um penhasco, e aposto que ela nem sabe nadar. Ela se vira, acenando para a gente, como se estivesse nos convidando para um passeio de montanha-russa.

— Vamos! — diz Jennie, me encarando. — Ou então podemos voltar no Faça-Acontecer e nadar em uma das piscinas deles se você preferir. Para ser sincera, acho que você vai se sentir melhor em relação a tudo pelo que passou se voltar a pular na água... Eu tentando encorajar você a fazer qualquer coisa é meio esquisito, né?

— Pois é, parece coisa de um universo paralelo — comento.

— Serei breve, então: nós não precisamos daquelas estações de realidade virtual do Faça-Acontecer. Podemos fazer acontecer bem aqui, Lali.

— Nessa floresta tropical artificial? — rebato com um sorriso.

— Eu não disse nada sobre esse lugar ser de verdade — dá de ombros, sorrindo.

A funcionária da arena avisa que Jennie é a próxima.

— Tudo bem se eu e minhas amigas pularmos juntas? — pergunta Jennie.

— Sem problemas — garante ela.

— Eu não vou! — avisa Rosé.

— Vai, sim — rebate Jennie. — Se não for, vai se arrepender depois.

— Eu deveria empurrar você desse penhasco — digo a Jennie. — Mas não vou fazer isso porque você tem razão. — Eu consigo enfrentar meus medos, ainda mais em um ambiente controlado como esse, cheio de salva-vidas e boias de braço.

Ninguém tinha planejado nadar, então apenas tiramos a roupa e, na moral, eu não tinha ideia de como a Jennie era ainda mais linda. Ela evita me olhar — a que acho engraçada —, ao contrário de Rosé, que de calça jeans e sutiã me encara de cima a baixo.

Um dia com ela.Onde histórias criam vida. Descubra agora