Não posso confiar no dia de hoje

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JENNIE KIM12h58

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JENNIE KIM
12h58

Passamos pela vitrine de uma livraria com clássicos e lançamentos recentes apoiados em cadeiras infantis, como se os livros estivessem se divertindo numa sala de espera, prontos para serem comprados e lidos. Esse tipo de leveza veio a calhar depois daquele esbarrão provocador do homem com a bolsa de academia.

Lisa tira uma foto da vitrine.

— Podemos entrar.

— Não vou demorar mais de vinte minutos — prometo.

Entramos na Livraria Aberta. Eu amo como o nome da loja me traz esperança.

Essa é a melhor pior ideia de todas. Eu não tenho tempo para ler nenhum desses livros. Mas nunca entrei nessa livraria porque compro meus livros pela internet ou pego na biblioteca da escola. Talvez uma estante desabe e esse será o meu fim — doloroso, mas existem jeitos piores de morrer.

Esbarro numa mesa alta enquanto estudo um relógio antigo no topo de uma estante, derrubando os livros fazendo propaganda de volta às aulas. Peço desculpas ao livreiro — Joel, segundo seu crachá —, ele diz que não tem problema ao me ajudar a arrumar tudo.

Lisa deixa a bicicleta na frente da loja e me segue pelos corredores. Leio as recomendações dos funcionários, livros de gêneros diferentes sendo elogiados em notas com as caligrafias mais diversas, algumas mais legíveis que outras. Tento evitar a seção sobre luto, mas dois livros chamam a minha atenção.

Um é Olá, Deborah, minha velha amiga, a biografia de Katherine Everett-Hasting que causou bastante controvérsia. O outro é um guia que está sempre na lista dos mais vendidos e todo mundo está falando a respeito, Conversando sobre a morte quando você descobre que vai morrer de repente, escrito por algum homem que ainda está vivo. Não dá para entender.

Vejo muitos dos meus preferidos nas seções de mistério e de literatura jovem.

Paro diante dos romances, onde há uma dúzia de livros embrulhados em papel pardo com o carimbo "Encontro às cegas com um livro". Existem algumas pistas sobre cada história que podem despertar seu interesse. Por exemplo, o perfil de alguém que você conhece na internet. Como minha mais nova amiga.

— Você já namorou alguém? — pergunta Lisa.

A resposta está bem óbvia. É legal da parte dela me dar o benefício da dúvida.

— Nunca. — Só fiquei a fim de algumas pessoas, mas é constrangedor admitir que eram sempre personagens de livros e séries de TV. — Não aproveitei isso. Talvez na próxima vida.

Será? — indaga Lisa.

Sinto que ela quer me dizer mais alguma coisa; talvez queira fazer uma piada sobre como eu deveria baixar o aplicativo de relacionamentos para não morrer virgem, como se sexo e amor fossem a mesma coisa. Mas ela não diz nada.

Um dia com ela.Onde histórias criam vida. Descubra agora