O apagão

83 27 25
                                    

JENNIE KIM10h12

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

JENNIE KIM
10h12

— Sei que eu não devo inventar mais ideias...

— Lá vem — diz Lalisa.

Ela está pedalando ao meu lado, querendo que eu suba naquela armadilha mortal com ela. Não fiz isso antes e não vou fazer agora. Mas não posso deixar minha paranoia impedir que ela ande de bicicleta sozinha.

— No que está pensando?

— Bem... eu queria ir ao cemitério visitar a minha mãe. Só a conheço pelas histórias que meu pai contava e queria poder passar um tempo com ela. Aquele cemitério de orelhões mexeu comigo, acho. — Lembro-me que papai visitava minha mãe sozinho, porque eu ficava bastante nervosa para acompanhá-lo. — A não ser que você tenha alguma coisa que queira fazer...

— Você quer mesmo ir ao cemitério no dia da sua morte?

— Quero — afirmo.

— Tudo bem, estou com você. Qual cemitério?

— O Evergreens, no Brooklyn. É perto do bairro onde minha mãe cresceu.

Estamos indo em direção ao metrô de Colombus Circle, mas Lisa decide que quer entrar em uma loja de conveniência.

— Do que você precisa? — pergunto, confusa.

— Só vem comigo — chama Lisa.

Ela empurra a bicicleta pelos corredores e para quando encontra os brinquedos em promoção. Algumas arminhas de água, massinha de modelar, bonecos, bolas, adesivos e Legos. E é exatamente o que ela pega.

— Pronto! — exclama ela.

— Não entendi... Ah.

— Se prepare, arquiteta! — Lisa caminha até o caixa. — Quero ver do que você é capaz.

Esse pequeno milagre me faz sorrir, um que eu nem pensaria em conceder a mim mesma. Puxo minha carteira, mas ela recusa.

— Sem essa, é por minha conta. Eu estava te devendo, sabe, pela ideia do Instagram.

Ela compra o Lego e saímos da loja. Lisa guarda a sacola plástica na mochila e caminha ao meu lado. Ela me conta sobre como sempre quis um animal de estimação, mas nada tipo um gato ou cachorro, porque ela tem uma alergia mortal por esses animais, porém um fodão tipo uma cobra ou um divertido como um coelho. Contanto que a cobra e o coelho não tivessem que dividir um quarto, eu super apoiaria essas ideias.

Chegamos na estação Colombus Circle. Ela desce as escadas com a bicicleta, passamos pela catraca e pegamos o trem da linha A momentos antes da partida.

— Bem na hora — digo.

— Poderíamos chegar muito mais rápido de bicicleta — brinca Lisa.

— Poderíamos chegar no cemitério muito mais rápido no carro da funerária.

Um dia com ela.Onde histórias criam vida. Descubra agora