Em uma madrugada fatídica, Jennie Kim recebe uma ligação da Central da Morte anunciando sua morte iminente, restando apenas aquele dia para ela. Desorientada com a notícia, ela busca conforto ao criar um perfil em uma rede social para desabafar. Sur...
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JENNIE KIM 7h22
Com a respiração ofegante, continuo correndo e cada vez mais me afasto de Lalisa.
Talvez morrer sozinha e ficar sem minha Última Amiga pode ser razoável, visto que eu passei uma vida inteira na solidão. Não sei o que Lisa fez, em que confusão se meteu para que seus amigos acabassem em uma delegacia, talvez ela possa me usar como álibi, mas agora já não estou mais lá.
Paro para recuperar o fôlego, sento no degrau da entrada de uma creche e pressiono meu peito dolorido com a mão. Talvez seja melhor voltar para a minha casa e passar o resto do meu dia fazendo o que eu sempre fiz a minha vida inteira: nada.
— JENNIE!
Lisa está pedalando quarteirão abaixo, o capacete pendurado no ferro frontal. Fico de pé e volto a andar, mas não adianta de nada. Ouço a bicicleta ser jogada contra o chão e passos apressados se aproximarem de mim. Seu olhar encontra o meu, e quando percebo que não está furioso e sim assustado, tenho a certeza de que ela não será o motivo do meu fim.
— Está louca, Jen? — pergunta Lisa. — Não podemos nos separar.
— E você não pode ser uma completa desconhecida — respondo. — Por que não me diz a verdade? Não minta para mim.
— Mentir para você?
— Você está fugindo da polícia? É algum tipo de criminosa ou...
— Eu não sei se a polícia está atrás de mim — confessa Lisa. — Eles devem saber que sou Terminante, mas também não é como se eu tivesse roubado um banco, acho que eles não irão se dar o trabalho de colocar gente atrás de mim.
— Mas... O que você fez?
Lisa puxa a minha mão e me olha nos olhos.
— Vamos conversar em outro lugar? Eu conto tudo para você. Desde acidente que matou minha família até a burrice que eu fiz essa noite. Sem segredos.
— Vem comigo — peço, recebendo um aceno positivo.
Quero escolher o lugar porque ainda não confio totalmente nela enquanto não souber quem de fato é Lalisa Manoban. Quanto mais avançamos para o parque, mais quieta eu fico, porque estou encantada com o que vejo. Há estátuas de bronze por todo canto, são diversos personagens de Alice no País das Maravilhas. Piso em folhas verde-escuras, amassando-as, ao me aproximar da Alice, do Coelho Branco e do Chapeleiro Maluco.
— Há quanto tempo isso está aqui? — indago, sentindo-me envergonhada pela pergunta, porque provavelmente está aqui há um bom tempo.
— Não sei, provavelmente desde sempre. Você nunca viu isso antes?
Balanço a cabeça. — Não.
— É tipo uma turista na própria cidade? — ela sorri cruzando os braços.
