Você acredita em destino?

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JENNIE KIM11h32

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JENNIE KIM
11h32

O tempo começa a fechar conforme caminhamos para o Cemitério Evergreens. Não venho aqui desde os doze anos, no Dia das Mães, e não conseguiria acertar qual das entradas nos leva ao túmulo dela mais rápido nem se minha vida dependesse disso, então tenho certeza de que vamos acabar dando algumas voltas. A brisa carrega o cheiro de grama recém-aparada.

— Pergunta esquisita: você acredita em vida após a morte?

O fato de ter soltado a pergunta de repente, fez com que ela me olhasse.

— Isso não é esquisito se pensar que já estamos morrendo — diz Lisa.

— Certo.

— Resposta esquisita: acredito em duas vidas após a morte.

— Duas?

— Duas.

— Como elas são? — pergunto, curiosa.

Enquanto caminhamos entre as lápides — algumas tão desgastadas que mal dá para ler os nomes, outras com cruzes tão altas que parecem espadas fincadas nas pedras — e sob a copa dos carvalhos grandes, Lisa me conta sua teoria sobre o pós-morte.

— Acho que já estamos mortas, baby. Você sabe, nós que recebemos a ligação. Essa coisa toda de Central da Morte é fantasiosa demais para ser verdade. Saber quando é o nosso último dia só para podermos viver direito? Fantasia pura. A primeira vida após a morte começa quando a Central nos avisa que vamos viver o dia sabendo que é o último; assim podemos aproveitar ao máximo, acreditando que ainda estamos vivos. Daí podemos começar a vida seguinte sem nenhum arrependimento. Entende?

Faço que sim com a cabeça.

— Interessante — comento.

Sua ideia de vida após a morte é bem mais impressionante e pensada do que a do meu pai. Ele acredita na clássica ilha no céu com portões de ouro. Ainda assim, é melhor uma vida pós-morte comum do que nenhuma, que é o que Chaeyoung acredita.

— Mas não seria melhor se já soubéssemos que estamos mortas sem ter que enfrentar o medo de como isso vai acontecer? —acrescento.

— Não. — Lisa empurra a bicicleta ao redor de um querubim de pedra. — Isso acabaria com todo o propósito da coisa. A intenção é que pareça real e todos os riscos devem, sim, assustar você, e as despedidas devem, sim, ser tristes. Senão seria artificial demais, como a Faça-Acontecer. Se você vive do jeito certo, um dia é o suficiente. Se ficarmos mais tempo que isso, viramos fantasmas que assombram e matam, e ninguém quer isso.

Rimos entre os túmulos de desconhecidos e, apesar de estarmos falando sobre nossas vidas após a morte, eu me esqueço por um segundo de que nós duas também vamos acabar parando em um desses buracos.

— E como é o próximo nível? A gente chega lá subindo de elevador? — pergunto.

— Não. Seu tempo acaba e, sei lá, você some ou qualquer coisa assim, e reaparece no que as pessoas chamam de "paraíso".

Um dia com ela.Onde histórias criam vida. Descubra agora