Fugas e Princesa Jujuba

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LALISA MANOBAN2h21

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LALISA MANOBAN
2h21

Niki me encara e me empurra contra a geladeira. Ela não costuma brincar quando se trata de violência, porque os pais dela pagaram um preço alto quando roubaram em quadrilha uma loja de conveniência, agredindo o dono e seu filho de vinte anos. Porém, ela não vai acabar na cadeia como eles só por me empurrar de um lado para outro.

—  Olha só para ele, Lisa. No que você estava pensando, cacete?

Eu me recuso a olhar para Lucas, que está recostado no balcão da cozinha. Já vi o estrago que causei quando ele entrou: um olho fechado, os lábios cortados, manchas de sangue seco na testa inchada. Lori está ao lado dele, pressionando gelo na testa. Não consigo olhar para ela também, deve estar tão decepcionada comigo, independentemente de ser meu Dia Final ou não. Jisoo e Noah estão do meu lado, calados também, depois que ela e Francis brigaram com os dois por terem ido para a rua comigo após a hora de dormir para bater no Lucas.

— Não está bancando a corajosa agora, né? — pergunta Lucas.

— Cala a boca. — Niki dá meia-volta, batendo com o celular no balcão e olhando para todo mundo. — Não venham atrás da gente. Ela empurra a porta da cozinha, e Francis está parado na escada de um jeito não-tão-sutil, tentando ficar a par de tudo, mas se afastando ao mesmo tempo para não ter que brigar ou castigar um Terminante.

Niki me puxa pelo punho até a sala de estar.

—  E aí? A Central da Morte liga para você e isso lhe dá permissão para fazer a merda que quiser?

Acho que Lucas não contou que eu estava dando uma surra nele antes de receber o alerta.

— Eu...

— O quê?

— Não faz sentido mentir agora. Eu estava atrás dele.

Niki dá um passo para trás, como se eu fosse um monstro e ela fosse minha próxima vítima, e isso acaba comigo.

— Olha, Nics, eu estava surtada. Já sentia que não tinha futuro nenhum bem antes da Central da Morte jogar essa bomba no meu colo.  Minhas  notas na escola sempre foram uma merda, tenho quase dezoito anos, perdi você e fiquei sem rumo, porque não sabia o que fazer. Eu me sentia uma zé-ninguém, e Lucas me falou a mesma coisa.

— Você não é uma zé-ninguém — diz Niki, um pouco trêmula enquanto caminha em minha direção, sem parecer assustada desta vez.

Ela segura minha mão e nós nos sentamos no sofá onde ela me contou que estava indo embora de Plutão, já que a tia por parte de mãe tinha grana o bastante para cuidar dela. Um minuto depois, ela também terminou comigo, porque queria um novo começo, com um colega de classe bundão, Lucas.

— Nós duas não combinávamos mais. E não faz sentido mentir agora, como você bem disse, no seu último dia. — Ela segura minha mão enquanto chora, o que eu nem acreditava que ela faria, de tão irritada que estava quando chegou aqui. — Entendi nosso amor do jeito errado, mas isso não significa que eu não te amo. Você ficou ao meu lado quando precisei botar minha raiva para fora, e me fez feliz quando estava cansada de odiar tudo. Uma zé-ninguém não conseguiria fazer uma pessoa sentir tudo isso. — Ela me abraça, apoiando o queixo no meu ombro do mesmo jeito como descansava no meu peito sempre que estava assistindo a um dos seus documentários de história.

Um dia com ela.Onde histórias criam vida. Descubra agora