Bônus 8 - Enzo

2.5K 188 6
                                    

(Versão do Enzo sobre o último capítulo)

Estou fitando o teto por alguns segundos, mas para mim poderiam ser horas, afinal não estou exatamente prestando atenção nele. Não, de jeito nenhum, meus pensamentos estão no que aconteceu ontem.

Foi tão bom que não tenho certeza se sonhei ou realmente aconteceu. E para deixar tudo mais fantasioso, aconteceu no jardim da casa da mãe dela! Tem como ser mais adolescente, irresponsável e completamente maravilhoso? Minha Florence gosta de correr riscos, uma informação valiosa, se você quer saber a minha opinião.

Enquanto vou pensando e repassando tudo o que aconteceu ontem, me lembro da reunião que ela precisa ir amanhã. Pode ser patético, mas estou com receio dela não me querer depois de ver os modelos bonitões e perfeitos.

Maldita seja essa insegurança.

Levanto-me da cama, a perna quase não incomoda e os movimentos mais básicos estão quase naturais agora. Tenho consciência de que nunca será como foi antes, mas posso fazer o melhor com o que tenho, não é mesmo?

Como tinha me esquecido de arrumar uma mochila para viajar, essa foi minha primeira tarefa do dia e eu deixo o café da manha para depois.

Estou nervoso, muito mesmo, não ficamos totalmente a sós desde o dia em que eu “invadi” a casa dela. Como mamãe sempre diz, é melhor retirar o curativo de uma única vez e então prontos ou não, aqui vou eu.

-*-

Termino de arrumar a mochila e desço para comer e conversar com a mamãe.

Ela esta na sala, lendo um manuscrito e fazendo anotações em um bloco com folhas amarelas. Não sei se já disse, mas mamãe é revisora de livros e como ela sempre amou os livros, era obvio que essa deveria ser a profissão dela. As pessoas costumam não dar muito importância para isso, mas eu sinto um orgulho imenso quando a vejo concentrada e revisando, afinal o trabalho dela leva histórias fantásticas para muitas pessoas.

Prefiro não atrapalha-la, e vou em direção à cozinha para beliscar qualquer coisinha antes do almoço.

Lógico que minha saída é notada. Mães e seus radares.

 - Enzo?

Retorno os dois passos que tinha conseguido dar e entro na sala.

 - Sim, mamãe?

Meus amigos costumavam achar engraçado eu chamar a minha mãe de “mamãe”, não faço ideia do por que.

 - Nem pense em ir comer alguma coisa pesada agora. Você já perdeu o café da manhã e se comer demais vai acabar perdendo o almoço.

Como ela sabia que eu estava indo comer? Ele deve ter percebido minha cara de culpado, por que começa a rir.

 - Querido, eu te conheço e você estava com o olhar “vou atacar a geladeira”.

Droga... Sou um maldito livro aberto quando se trata da mamãe. Dou um suspiro, desisto de comer e me jogo no sofá mais próximo.

Ela fica me observando, me lendo, exatamente como faz com os seus amados livros.

 - Esta preocupado.

Não é uma pergunta, é uma afirmação. Viram o que quis dizer quando disse que era um livro aberto?

 - Sim, muito. Tenho medo da Florence ver que fez uma péssima escolha quando ver os modelos perfeitos e bonitões.

Mamãe fecha a cara e me olha como se fosse me esganar.

 - Não consigo acreditar que ouvi você dizendo isso! É um homem tão bonito e honrado, boba vai ser ela se te trocar por qualquer rosto ou corpinho perfeito. E ao contrário de você, sei que ela não é boba, então, não se preocupe e aproveite a viagem para ver como as coisas podem ser para vocês.

FreedomOnde histórias criam vida. Descubra agora