Capítulo 5

2.7K 228 9
                                    

Olho para o entregador, que esta me olhando com cara de tédio. O motivo? A única explicação é que hoje é sábado e ninguém deveria trabalhar a essa hora.

- Moça, isso é pra você. Assine aqui, aqui e aqui também.

Não entendo nada, mas pego a caixa, que esta bem pesadinha. Assino os papeis, agradeço e entro com meu presente misterioso.

Coloco a caixa por cima da mesa e antes mesmo que puxe a tampa, ela se abre. E lá de dentro, olhando pra mim, esta o filhotinho de cachorro mais lindo que já vi!

Um SRD, marrom da cabeça até as patinhas, com as orelhinhas pra cima, olhinhos claros e pidões. É lógico que me apaixonei!

Jurei que seria o Alfredo, ou até mesmo o Enzo, que tinha vindo me ver, mas essa surpresa é muito melhor. Procuro por algum cartão, com uma pista de quem teria me dado uma coisinha tão linda!

Não vejo nada, nenhum cartão, nadinha mesmo. Acho isso super estranho e então, algo estala na minha mente e me lembro do envelope que recebi hoje de manhã.

Começo a procurar na sala, na cozinha e o encontro jogado perto do meu notebook. O abro com desespero e percebo que encontrei todas as respostas sobre o cachorrinho.

Na verdade, o tal envelope é uma carta, e foi enviada por minha mãe. E na carta, ela explica que esta enviando a mim um amiguinho, que vai me ajudar a superar a saudade, que sempre sinto dela e da casa, e que é pra ver se eu consigo controlar minha mania de comer muito e se consigo “ficar linda de novo”. Olha, amo minha mãe, mas esse é um dos comentários que mais detesto escutar. E daí se sou gorda?! Poxa, sou feliz assim. Com lagrimas nos olhos, me viro para olhar o filhotinho, ele esta de olho em mim e eu já sinto amor vindo dele e sendo enviado na minha direção.  

Pego o filhotinho no colo e averiguo que é uma mocinha. E ela parece bem feliz de me ver, esta me lambendo toda, a felicidade em forma de cachorro.

Coloco ela no chão e decido chama-la de “Lady”, parece mesmo ter vindo da alta sociedade, anda como se fosse realmente uma cadelinha de classe.

Vou em direção ao meu quarto e Lady me segue. Preciso urgentemente ir ao mercado e comprar as coisas pra ela.

Visto uma roupa com a menor cara de “coloquei o que tinha na frente”, dou um até logo pra Lady, e vou indo em direção ao mercado. Passo pela casa da Cecí, que não me procurou ainda e rio internamente, minha amiga deve estar tirando toda a carência.

Não me levem a mal, mas a Cecí é super pilhada sobre isso. Não fica com qualquer um e só beija no terceiro encontro! Salvo se o cara for amigo de algum amigo, ai ela costuma dar uns beijinhos antes da hora, mas é bem raro isso acontecer.

Chego ao mercado e vou direto a sessão de coisas para animais. Estou tão focada num pacote de ração, que nem vejo quando alguém tromba em mim e me joga no chão.

Escuto um “me desculpa, moça” vindo de uma voz tão forte, que me arrepio inteirinha. Não sei se já disse, mas tenho uma coisa por vozes, quanto mais rouca, mais sexy, mais ligada eu fico.

O “Cara da Voz” estende a mão e me ajuda a levantar. E quando direciono meus olhos pra ele, MINHA NOSSA SENHORA DA BICICLETINHA QUEBRADA, DAÍ-ME EQUILIBRIO! Quase caio pra traz de novo! Ele é lindo, não o lindo clássico, mas o lindo diferente.

Não é muito alto, muito menos musculoso, Tem olhos castanhos, aquele castanho que ficou com preguiça de ser verde, então parou no meio. O cabelo é cortado ao estilo militar, mas parecia ser loiro. Tem uma boca bonita e o sorriso deve ser espetacular. Continuo viajando nele, até que ele fala e eu sou obrigada a voltar pra Terra.

- Moça, me desculpe, não estava prestando atenção pra qual lugar estava indo. Você esta bem? Eu te machuquei?

Ele me pergunta, com o rosto vermelhinho de vergonha.

- Não, estou bem. Só foi um susto, nada quebrado.

Dou meu melhor sorriso pra ele. Tadinho, ta super sem graça.

- Tudo bem então.

Ele me olha, se despede e vai embora. Eu volto para as coisinhas caninas que preciso levar.

Estou a ponto de tomar uma difícil decisão, não sei se levo a coleirinha rosa ou a lilás, que dúvida cruel! Então, alguém cutuca meu ombro e eu me viro.

É o “Cara da Voz” de novo, e ele parece estar com vergonha, mais uma vez.

- É... Eu queria saber seu nome, pode me dizer?

Agora eu to chocada, achei que jamais ia ver esse cidadão na minha frente.

- Claro que posso, meu nome é Florence, muito prazer. E você é¿

Ele fica mexendo com as mãos, parece estar nervoso, e por minha causa! To achando isso “O Máximo”!

- Sou o Antonio, moro aqui perto, mas nunca te vi nesse lugar. Importa-se se eu fizer companhia a você?

É um fofo educado! To adorando isso, sério.

- De maneira alguma. Estava mesmo precisando de uma opinião, qual você acha que eu levo, a rosa ou a lilás¿

Antonio me ajuda a escolher tudo o que preciso pra Lady, e conversamos, até mesmo, após eu já ter terminado de fazer as compras.

- Florence, se não for muito cedo, eu queria poder te levar pra sair. Pode escolher o lugar, o dia, o horário, eu só quero te ver de novo. O que me diz?

Juro que quase me derreti, é lógico que eu aceito sair com ele. Trocamos telefones, nos despedimos e vou pra casa.

Preciso correr pra alimentar e guardar todos os cacarecos que comprei pra Lady.

Chegando em casa, mal coloco o pé pra dentro de casa e o telefone toca, é minha mãe. Ela pergunta se eu gostei da surpresa. Respondo que amei, conversamos por longos minutos.

E enquanto conversamos, vou ajeitando as coisas pra lady. A caminha vai ficar no meu quarto e as vasilhinhas de comida na lavanderia.

Desligo o telefone, brinco com a Lady, tomo banho e vou me deitar. Estou cansadíssima.

-*-

Acordo no domingo com a Lady enroladinha do meu lado. Já vejo que ela é uma das manhosas.

Me levanto, faço minha rotina de domingo. Banho, café, acrescento cuidar da Lady nas tarefas e então é só TV, TV, TV. Detesto domingos! A única coisa boa desse foi a mensagem que recebi do Antonio, me dizendo que adorou me conhecer, e que se soubesse que trombadas eram tão boas pra conhecer pessoas, já estaria trombando em todo mundo a muito tempo.

Fico rindo e assim meu dia chega ao fim.

Já sinto o cheirinho de segunda e o perfume caro de Madame G.!

Lá vamos nós.

FreedomOnde histórias criam vida. Descubra agora