Capítulo 3

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Não consigo crer no que vejo!

Isso explica o porquê da Mocréia G. ter descido mais cedo.

Ela esta tendo um caso com o Jorge, o segurança do prédio... Ora, ora, isso não é demais¿ A Mocréia tem quedas por homens de uniforme.

Pegamos ele dando o maior amasso nela, no estacionamento.

Minha vontade é rir como se não houvesse amanhã, mas me lembro que do mesmo modo que entrei nesse emprego, repentinamente, posso também sair.

Mocréia olha pra mim e para o Alfredo, tenta ajeitar a roupa, o cabelo, e fica nos fuzilando com o olhar.

O Jorge, o segurança, esta vermelho e evitando olhar pra gente.

Saímos do elevador, vai cada um andando em direção ao seu próprio carro.

Digo adeus ao Alfredo, e quando estou passando próximo aos pombinhos, Madame G. sussurra pra mim, com um olhar de fúria no rosto.

- Espero que além de gorda, você também não seja fofoqueira.

Não respondo nada, continuo andando, entro no meu carro e vou embora.

-*-

Já em casa, mal entro e já me livro dos meus sapatos “secretaria”, aqueles mais baixinhos e formais, que não ficam bem em ninguém, me jogo no sofá e começo a rir.

Rio loucamente enquanto penso na cena que acabei de presenciar. Rio de lágrimas saírem dos meus olhos, minha barriga começar a doer e eu quase tenho um trem por falta de ar.

Madame G. tem fogo e necessidade de acabar com ele. Nem sabia que múmias podiam sentir essas coisas. Juro que isso me surpreendeu.

Enquanto penso nisso, me levanto e vou em direção ao banheiro, rindo todo o caminho.

Quase chegando lá, me lembro de uma coisa. Não respondi ao Alfredo! A situação foi tão chocante que nem tive como responder. Bem, já era.

Continuo todo o ritual da sexta pós-trabalho: banho, pijama, comida quentinha, de preferência que eu não a tenha cozinhado, filmes e descanso! Muito descanso, sem moderação nenhuma.

Estou indo ligar pra algum restaurante, quando minha campanhinha toca. Penso que deve ser a Cecília, querendo alguma coisa.

Somos vizinhas e melhores amigas. Logo, sempre estamos dividindo tudo, desde histórias a até mesmo algum ingrediente que esteja em falta.

Do jeito que estou vestida vou atender a porta. O que não é muita coisa, já que o baby-doll mais mostra do que tampa.

Grito um “já vai” e vou correndo até a porta. Quando a abro me arrependo de não estar vestida com algo descente e sinto minhas bochechas ficarem vermelhas de vergonha.

Recebo uma olhada de cima a baixo do meu visitante. O que me faz lembrar que este maldito baby-doll é todo de renda, ou seja, só cobre o necessário.

Ele fala e eu quase desmaio, ali mesmo, segurando a porta com a boca aberta, tipo um peixinho em busca do oxigênio perdido.

- Olá Florence, bela roupa. – Ele diz com um sorrisinho endiabrado no rosto.

Fico toda atrapalhada pra responder.

- Hm... Obrigada, eu acho.

Ele olha pra dentro da minha casa pela primeira vez e logo depois volta sua atenção pra mim.

- Então, não vai me convidar pra entrar?

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