Freedom

Capítulo 2

Chegando ao meu andar, mal sento na minha mesa, o telefone toca e é Madame G, me chamando pra comparecer na sala dela. Logo penso, lá vem bronca, mas só me atrasei 2 minutinhos hoje! Culpa daquele belo espécime de homem, acho que nem deveria ser responsabilizada por esse atraso!

Levanto-me, resignada, e preparada pra escutar até ficar quase surda. Entro em sua sala, organizada e projetada para que se possa usar o máximo de luz natural possível, parece mais saído de uma revista do que algo de verdade.

Madame esta sentada como se fosse a encarnação atual de Cleópatra, o que eu acho engraçado, já que Cleópatra era conhecida por sua beleza incomum e Madame G. só era conhecida pelo seu bom gosto e chatice.

- Florence, já te avisei sobre esses seus atrasos, não avisarei mais. Um fornecedor me ligou! Me ligou! Veja se sou mulher de atender telefonemas de fornecedores! Quero que ligue para ele imediatamente, é o tal das peças de cashmere, e resolva logo esse problema.

Estou concordando com a cabeça e já vou responder, quando ela me corta.

- Ainda não terminei! – Travo os dentes pra não falar umas poucas e boas, e faço a minha melhor cara de paisagem.

Ela não percebe nada de estranho e continua.

- Quero também que resolva a questão dos contratos dos modelos novos, faremos uma seletiva na próxima segunda e quero-os prontos! A propósito, você fará parte dessa vez, então, se esforce e vista algo que preste e que dê um jeito nessas suas gorduras horrorosas. Agora sim você esta dispensada.

Ela me olha com cara de autoridade, murmuro um “licença” e volto para a minha mesa.

Da pra acreditar que essa Mocréia mor é um dos nomes mais respeitáveis no ramo da moda?

Minha vontade é de me levantar e falar umas verdades com aquela vaca, ao invés disso, pego meu celular e mando uma mensagem para minha amiga e confidente, Cecília.

 - Cecí, acredita que a bruxa da minha chefa me tratou mal pela ducentésima vez¿ Me deu vontade de jogar fogo nela! Só fico aqui por que realmente preciso desse trabalho, por que se não, já teria dito umas verdades pra essa bruxa!

- Isso já não é novidade, Flore! Mas fica calma, logo, logo você vai poder se livrar dessa bruxa e dizer o que quiser dessa idiota!

- Não vejo a hora disso acontecer.

- Mudando de assunto... Flore, amanhã é sábado! Sabe o que significa? Noite das garotas!! Vamos naquele bar TDB que abriu recentemente? Diz que siiim???

- Nossa! Não sei se vou conseguir ir. Tenho que criar um contrato para os novos modelos e mandar para o advogado na segunda de manhã, Mocréia já esta me cobrando. Mas, vou tentar ir. Me manda o endereço mais tarde. Vou trabalhar! Amo você!

Guardo o celular e vou ligar para o fornecedor, o Marcelo. Resolvo todas as pendências que tinha sobrado para fazer e começo a digitar o contrato.

Tenho tanto coisa a fazer que nem vejo o fim do expediente chegando, e eu não posso estar mais feliz. Até que eu me lembro dos contratos inacabados e minha felicidade diminui um pouco, mas só um pouquinho.

Pego minha bolsa e as chaves do meu carro e vou em direção ao elevador. Madame G. já saiu faz tempo, como ela sempre faz nos dias de sexta. O que é um alívio pra mim, já que ela não pode me dar ordens até segunda de manhã.

Vou entrando no elevador e apertando o botão para descer no estacionamento. O elevador faz algumas paradas e recolhe algumas pessoas que descem no lobby do prédio.

Apenas Madame G, os modelos e eu temos vagas no estacionamento. Levo um susto quando alguém puxa assunto comigo e vejo quem sobrou no elevador, estava tão desligada que nem vi que o Alfredo/O Gostoso também estava aqui.

- Então, hoje é sexta! Enfim, descanso merecido! O que vai fazer no fim de semana, Florence?

Olho pra ele tentando entender de onde veio esse interesse repentino de saber onde vou estar no fim de semana e respondo um pouco insegura.

- Humm... Não sei, me chamaram pra ir a um bar que abriu a poucos dias, mas estou tão cheia de coisas do trabalho pra fazer que nem sei se vou conseguir sair. E você? O que pretende fazer?

Observo ele, tentando ver onde isso vai dar. Esse cara nem sabia meu nome a uns dias atrás e hoje esta agindo, quase, como se fossemos “amiguinhos”. Alfredo olha na minha direção e faz uma careta, que ele logo desfaz, achando que eu não perceberia.

- Então, vou ir a uma festa que uma das modelos vai dar esse fim de semana. Como cada um pode levar um acompanhante, pensei em levar você. Vem comigo?

Minha mente fica vazia, não sei o que dizer depois dessa. Não me entendam mal, mas sou do tipo que perde até a fala quando um cara fala algo bonitinho, ou me elogia. Mas ele acabou de me chamar pra sair! Posso ter uns segundinhos pra ficar embasbacada, não?

Abro a boca pra responder, o elevador se abre, e o que vejo me faz ficar muda.