O Conto da Rainha de Neve

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Definir a Fada Guardiã de Misthezan em uma palavra era uma tarefa difícil. Muitas palavras serviriam, como perigosa, maliciosa, sarcástica, enigmática e poderosa. Não era fácil não olhar para ela. Parecia uma visão, um fantasma. A fada parecia uma deusa grega pela sua aparência e modo de vestir. Ela não parava de sorrir para Blanche, mas não transparecia sinceridade ou bondade, era deboche. Nieves não sabia o que sentir. Sempre foi seu sonho conhecer a Fada Guardiã de seu reino, especialmente pelo fato de ela ser a grande Fada Madrinha da floresta. Todos a conheciam, mas poucos a viram.

      A Fada Madrinha era uma lenda entre os reinos. Conhecida pelos seus atos de gentileza, aparecendo para aqueles merecedores de sua magia, atendendo a seus pedidos e desejos. Por anos, a fada ajudou as pessoas até que resolveu se isolar e se tornou a Fada Guardiã de Misthezan anos atrás. Era o sonho de Blanche Nieves conhecê-la, mas aquela não era. Millicent dissera que a Fada Guardiã de Misthezan não era a Fada Madrinha, mas uma Fada Má. Acreditaria o príncipe em sua palavra? O espelho mágico era verdadeiro, mas não comprovava o restante de sua história.

      Só havia um jeito de descobrir.

– Vossa alteza... – Disse a fada, debochada. – Que honra é poder conhecê-lo...

– A Fada Guardiã de Misthezan? – Perguntou Nieves. – A Fada Madrinha?

– Ah! Não, querido – Ela respondeu. –, eu me livrei dela há anos.

      A Guardiã começou a rir.

      O que ela fez com a Fada Madrinha?

– Mataste-a?!

– Não, não! – Exclamou. – Apenas tomei uma grande parte de seus poderes e agora ela tenta sobreviver em algum lugar por aí, longe de Misthezan.

– P-por quê?

– Por mais que eu não lhe deva satisfações, direi a você que uma fada faz o que é preciso para ter força o suficiente para manter um plano de anos suceder.

      Blanche começou a reparar que fada brilhava e parecia estar soltando uma luz amarela. A mesma luz que o atraiu à rosa branca da Rainha Má.

– Foi você que me fez pegar aquele vaso... – Murmurou Blanche. – E como assim eu quebrei uma maldição? Q-quem é você?

Blanche! – Uma voz veio de fora do quarto.

– Estás aí?!

– Vamos tirar-te daí!

      Eram Hiram, Boonie e Maxine.

      Eles não estavam ali, mas do lado de fora. A porta estava trancada, impossibilitando-os de entrarem, assim como impedia Blanche de sair.

      Nieves estava sozinho com a Fada Guardiã.

– Não se preocupe, alteza. – Disse ela ao perceber a preocupação do príncipe. – Seus amigos estão bem, são apenas insignificantes no momento. O que eu tenho para falar é somente com você. – Ela se curvou, aos risos. – Deixe que eu me apresente, me chamo Ida, sou a Fada Guardiã de Misthezan. E você é o salvador da Maldição do Coração Congelado, lançada anos atrás pela sua mãe.

– Minha mãe? O que está a acontecer? Como posso confiar em você se o veneno que minha tia usou em mim era seu?

– Está a falar da Maldição do Sono da Morte que sua tia roubou de mim? – Perguntou Ida. – Sinto muito – Ela não parecia arrependida. – por isso, mas devo confessar que simpatizei com a rainha, por isso a deixei partir com meu pequeno frasco de veneno. Nós somos muito parecidas, eu diria, nós duas fomos privadas do que deveria ter sido nosso.

Os Reinos Ligados pela Floresta: Blanche (Branca de Neve)Onde histórias criam vida. Descubra agora