A rotina matinal em Spada era praticamente a mesma todos os anos. Pela manhã, os mais velhos se sentavam em uma mesa para terem seu desjejum, enquanto os mais novos se sentavam em outra mesa. Desse modo, Blanche conseguia conhecer os príncipes e princesas dos outros reinos, além de passar mais tempo com Julian e Annabeth. Ainda pela manhã, as rainhas realizavam um passeio pelos jardins do castelo, enquanto os reis se trancavam em algum salão, onde ficavam conversando. Annabeth e Julian, por outro lado, deveriam comparecer a suas aulas, enquanto seus convidados poderiam se aventurar pelo castelo ou ficar em seus quartos até a hora do almoço.
E foi assim que aconteceu. Blanche acordou com a luz vinda das janelas batendo em seu rosto. As cortinas estavam sendo abertas, atrapalhando o seu sono. Annabeth já havia ido embora, restando apenas seu irmão, agarrado a um travesseiro que estabelecia uma distância entre ele e o príncipe de Misthezan, mas ainda assim, os braços de Julian agarravam Blanche, abraçando-o, como se estivessem assim durante a noite inteira. Um grupo de empregadas arrumavam a bagunça feita pelas crianças na noite anterior, enquanto a babá de Julian e Annabeth sacudia o príncipe de Spada, na tentativa de acordá-lo.
– Já está ficando tarde, alteza. – Disse ela. – O desjejum começará logo, sua irmã já está se arrumando.
– Mais cinco minutos... – Murmurou Julian, sonolento. – Ou melhor, nos sirva na cama...
– A presença dos dois é requisitada – Disse a babá. –, vamos, acordem!
Emburrado, Julian começou a soltar uns resmungos e saiu da cama, com a ajuda de sua babá, enquanto Blanche saia com a ajuda de uma das empregadas.
– Podemos nos trocar juntos? – Perguntou Julian.
Por algum motivo, Blanche corou com aquela pergunta, ficando vermelho igual a uma maçã.
– Por que, alteza? – Perguntou a babá. – Vocês irão se ver novamente na mesa, e depois durante a tarde.
– Assim não nos separamos.
– Vamos, não demorará mais que dez minutos para se verem novamente.
Obrigado, Julian deu a mão para sua babá, se retirando do quarto, deixando Blanche com as empregadas que ainda arrumavam a bagunça deixada na última noite. Uma delas, segurava algumas peças de roupas, pronta para ajudar o príncipe a se vestir. Enquanto metade das empregadas arrumava o quarto, a outra metade vestia Blanche. Por fim, a peça mais importante de todas foi colocada no príncipe: sua coroa. Como símbolo de seu status e realeza, a coroa era o que distinguia Blanche dos outros. Na floresta, existiam três tipos de coroa: bronze, prata e ouro. A primeira pertencia àquele príncipes e princesas que não eram herdeiros e futuros reis ou rainhas, enquanto a segunda era exclusivamente pertencente aos herdeiros do trono, sendo essa, usada por Blanche, como filho único de Mordecai e Sarah Elizabeth e primeiro na linhagem real. Já a terceira pertencia ao rei e a rainha de um reino, ou seja, assim que Blanche atingisse a maioridade, a coroa seria passada para frente e ele se tornaria o rei de Misthezan. Além disso, todas as coroas, sem nenhuma exceção, possuía alguma pedra preciosa, sendo um símbolo de reconhecimento do reino a qual pertencia, sendo a de Misthezan esmeraldas.
A pessoa de Blanche causava um contraste por suas características marcantes. Sua pele era tão branca como a neve, enquanto seus lábios avermelhados como sangue e o cabelo tão negro quanto a noite, refletindo, assim, em seu vestuário. De acordo com Millicent, era vital que um príncipe chamasse a atenção.
– A aparência é o caminho mais fácil para conseguir o que deseja. – Ela sempre dizia.
Por isso, quanto mais contraste suas roupas tinham, melhor. Para combinar com as esmeraldas de sua coroa, Blanche foi vestido com um casaco verde, com bordados que pareciam prata. Seu cabelo foi colocado para trás, sendo segurado por sua coroa. Pelas ordens da rainha de Misthezan, Blanche precisava aparentar estar em seu melhor estado, todos deveriam olhar o seu rosto para admirá-lo.
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Os Reinos Ligados pela Floresta: Blanche (Branca de Neve)
Fantasy(1º LIVRO) Todos conhecem o conto de 'Branca de Neve', mas, e se, em vez de uma Branca de Neve, fosse um Branco de Neve? Em vez de sete anões, fossem sete príncipes e princesas que fugiram de seus reinos? E se a inveja da Rainha Má significasse mais...