Os Reinos Ligados pela Floresta: Blanche (Branca de Neve)

Invadindo o Casamento Real

A primavera estava começando a tomar vida, já sendo possível ver as árvores ganhando seu verde das folhas novamente. A floresta estava começando a florescer e os animais que se protegiam do frio já saiam de seus esconderijos para aproveitar o sol e a cor da estação. A neve finalmente estava desaparecendo e o calor se tornando mais constante. Blanche nunca teve uma experiência como aquela antes. Mesmo no verão, Misthezan era fria como se o inverno nunca tivesse partido. A primavera fora de seu reino era cheia de vida e feliz. 

      A semana se passou, finalmente chegando o grande dia do casamento real de Ambrose Iloinen e Millicent Nieves. Era o dia de reivindicar seu direito ao trono e condenar a Rainha Má por suas crueldades durante anos. Blanche acordou com medo do que aconteceria naquele dia. Seria difícil para todos naquela casa. Os sete príncipes e princesas estavam dispostos a serem descobertos por sua causa. Eles estavam correndo o risco de voltar a seus reinos. Voltar aos problemas que resultaram em suas fugas.

      Curiosamente, naquele dia, Nieves foi o último a acordar. Todas as outras camas estavam vazias, arrumadas e decoradas com rosas vermelhas e brancas. Em sua mesa de cabeceira, havia uma rosa branca com uma mensagem ao lado, escrita em um pedaço de papel, dizendo "A mais bela rosa para o mais belo príncipe". Para um dia que haveria desafios e possíveis lutas, começara bem alegre e bonito. Blanche desceu as escadas, encontrando sete jovens vestidos com uma cor marcante cada. Hiram vestia amarelo, parecendo ouro, enquanto Andrew estava de verde, Charity de laranja amarelado, Maxine de rosa, Lorraine, pela primeira vez, não vestia preto, mas sim prata e branco, Boonie vestia roxo e Leonora, vermelho. Estavam igual a um arco-íris, em tons mais discretos e elegantes, mas bastante coloridos, combinando a estação, todos com uma coroa de flores.

      A mesa estava inteiramente decorada com mais e mais flores, cheia de comida para que pudessem começar o dia com mais energia. Blanche ficou surpreso ao vê-los tão felizes naquela manhã. Assim que viram o amigo, ainda em seus pijamas, chamaram seu nome, todos alegres.

– O que está acontecendo? – Perguntou o príncipe de Misthezan.

– Bom dia. – Sorriu Andrew. – Isso é apenas uma pequena surpresa.

– Ideia minha, se me permitem dizer. – Leonora se vangloriou, orgulhosa. – Viste a rosa que deixei ao lado de sua cama?

      Blanche afirmou.

      Leonora era a mais alegre dentre os demais, a que mais estava adorando o estado da casa, decorada para a primavera. Ela realmente amava aquele período do ano, como disse Andrew. Ela era a única que não usava uma coroa de flores, mas para combinar com seu vestido, tinha uma rosa presa atrás de sua orelha e abaixo de seus olhos tinham pintadas duas pequenas flores. Era a mais sorridente. Parecia uma pessoa completamente diferente da qual Blanche conhecera no inverno. Ela não era mais a Leonora que usava couro e parecia uma guerreira, agora se vestia como a princesa que um dia fora, antes de ser banida de seu reino.

– Mas e quanto ao casamento? – Perguntou o príncipe.

– Ainda temos tempo. – Disse Maxine. – Hoje será um dia especial, Blanche, precisa ser memorável para todos nós.

– O que tem de memorável?

– É melhor se sentar.

      Blanche olhou para os amigos, confuso, mas logo se sentou à mesa junto a seus amigos. Eles estavam receosos, mas ansiosos pelo que diriam a Nieves.

– Cuidamos da casa desde que acordamos. – Charity começou a falar. – Fizeste o bastante por nós, parecia um empregado e não um morador daqui.

      Aquela era a impressão que tinham dele? Anos sendo feito de empregado para que, quando se tornasse livre, continuasse sendo aquilo que foi forçado a ser? Como Blanche não notara? Claro, ele sabia que estava limpando toda a casa e cozinhando, mas ele tinha a liberdade de escolher fazer aquilo, mesmo sendo parte de um acordo. Muitas vezes, um de seus amigos oferecia ajuda para que ele pudesse descansar, mas sempre recusava. De tanto tentar que tinha seu valor dentro daquela casa, se tornou um empregado.