Dois Garotos na Floresta

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– Me desculpe! – Era aquela voz novamente. – Não que lhe assustar!

      Blanche se recusava a encarar aquela pessoa. Pensou em ficar ali para sempre, caído. Ele deveria estar todo coberto de neve. Sua queda, mesmo que tenha sido forte, foi amortecida pela neve branca. Algo ainda estava não fazia sentido: Blanche sentia a neve tocando em seu rosto. Aquilo significava que ele estava sem a máscara? Ela havia caído? Aquele era mais um motivo para se desesperar. Blanche começou a balançar os braços, procurando pela máscara, nervoso. Ela não parecia estar por perto.

      Seu corpo inteiro estava tremendo. Talvez fosse por conta do frio intenso de Misthezan, ou talvez fosse por conta da queda e o susto que levou, ou, até mesmo, a junção de tudo. De repente, Blanche sentiu algo cobrindo-o. Era de um tecido grosso e macio, era o suficiente para aquecê-lo.

– Aqui, tome... – Disse o garoto misterioso. – Precisa mais que eu.

      Nieves ainda sentia o capuz cobrindo sua cabeça, então, aquele rapaz não o vira ainda. Não poderia. Ainda procurando pela máscara, Blanche acabou tocando em algo estranho, de couro. Era um pé. Aquele era o pé dele. Ele o ouviu soltar uma risada.

– Não tenha medo, não irei lhe machucar.

      Blanche cobriu sua cabeça ainda mais no chão, esperando que aquele garoto fosse embora, mas ele não ia.

– Aqui, deixe-me ajudá-lo – Disse ele. –, segure minha mão.

      Parecia não haver jeito. Blanche teria que se levantar e encará-lo. Ainda tremendo de nervosismo, Nieves se levantou um pouco, a fim de ver a mão do garoto e segurá-la, podendo assim, ficar de pé com sua ajuda. Imediatamente, Blanche abaixou sua cabeça, a procura de sua máscara, e cobriu seu rosto com o capuz de sua capa. Finalmente a avistara, estava bem longe. Deveria ter voado quando caíra da árvore.

      Quando estava prestes e pegar sua máscara, sentia sua mão sendo agarrada pelo garoto. Nenhum dos dois ainda não sabia como eram suas respectivas aparências. Ao sentir sua mão, Blanche ficou mais branco que o normal, se assustando com a sensação estranha que sentia. Não era apenas medo, mas, estranhamente, também paz. Hesitando, Blanche virou, lentamente, sua cabeça, podendo ver aquele que o assustara e, como num passe de mágica, sua brancura virou vermelho ardente.

      Ele era bem jovem, aparentando estar na mesma faixa etária do príncipe de Misthezan. Ele era alto, assim como Blanche. Sua pele era tão branca como o leite mais puro e doce que existia. Seus olhos eram pequenos, diferente dos seus, num tom de castanho como o do tronco de uma árvore. Tudo em seu rosto parecia ser bem delicado. Parecia um boneco de porcelana que a qualquer momento poderia se quebrar. Ele era magro, mas parecia possuir alguns músculos sutis, diferente de Nieves que era muito magro, tão fino quanto um palito. Mas, sem dúvidas, o que mais chamava a atenção era o seu cabelo loiro tão claro que poderia facilmente ser confundido com branco. Ele caía sobre sua testa de maneira perfeita. Ele era perfeito. Parecia um anjo enviado àquele mundo. Blanche não sabia quem ele era, de onde vinha, nada sobre ele, mas sentia que queria saber tudo. Era um sentimento estranho e intenso. Seu coração batia muito rápido, mas parecia ter parado. Tudo ao seu redor parecia ter parado. Blanche só tinha olhos para ele e nada mais.

– Eu... Peço desculpas por... Por... – Murmurou o garoto, parecendo ter se esquecido o que falar assim que pôs seus olhos em Blanche. – Lhe assustar... – Assim como Nieves, ele estava vermelho de tanto corar.

– N-não tem problema... – Sorriu Blanche Nieves.

– Está machucado? – Perguntou ele. – Foi uma baita queda...

– E-estou, não precisa se preocupar.

– Tem certeza? Eu posso lhe levar até sua casa ou o que precisar...

Os Reinos Ligados pela Floresta: Blanche (Branca de Neve)Onde histórias criam vida. Descubra agora