TEMPO DE MUDANÇA

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Chorar sempre foi algo comum para mim, isso irritava muita gente, aprendi a esconder para chorar porque assim incomodava menos. Mas esse momento da minha vida não tinha como esconder. Os olhos vermelhos e o rosto inchado estavam lá o tempo todo.
Não tinha com quem conversar , e também nada que me dissessem poderia aliviar o que eu sentia a Lisa bem que tentou.

Essa montanha russa emocional me gerou problemas ainda maiores, aqueles desmaios que eu tinha começaram a acontecer com mais frequência. E um dia acabei por desabar no corredor da diretoria da empresa que trabalhava, foi constrangedor e por coincidência menos de dois meses depois eu estava desempregado. Uma das sócias que estava lá no dia esperou os outros dois sócios estarem de férias e me demitiu alegando redução do quadro de funcionários. De verdade acredito que o meu salário fosse realmente essencial para manter os negócios.

Afff , que desculpa esfarrapada.

Lógico que arrumei outro emprego, tinha acabado de concluir o segundo grau e não ia fazer faculdade. O que me restava? Antes decidi fazer mais exames fui a uma médica que disse poder ser algo do coração porque eu já tinha tido problemas cardíacos na infância nada grave . Além do coração partido por Namjoon não tinha outro problema e então cheguei a conclusão que era coisa da minha cabeça e era mais não do jeito que pensei. Achei que se eu apenas ocupasse minha mente séria o suficiente para aquilo parar.

Comecei a fazer academia nessa época, exercícios com certeza me deixaria melhor. Se considerar só o corpo é eu fiquei melhor. Consegui arrumar um emprego de porteiro numa escola de ballet, foi muito bom.
Para mim era quase perfeito garotas e garotos lindos, não foi difícil eu arrumar alguém. E é óbvio que arrumei. Sempre busquei por um relacionamento sério e duradouro, é até um pouco difícil explicar por eu ter ficado com tanta gente.

Eu não ficava por ficar cada pessoa que passava na minha vida eu achava que ia permanecer, então algo dava errado e acabava rápido demais. O que me deixava com raiva e fazia eu partir para o próximo que eu imaginava que ia ser um relacionamento sério e duradouro até acontecer a mesma coisa.

Essas pessoas que conheci no ballet tinham outros planos para o futuro e não queriam nada sério ou duradouro era só diversão e eu aproveitei. Bem, tentei . Uma vez fui convidado pra ir em uma boate estava muito animado, quando cheguei e me deparei com o ambiente escuro e a música muito alta me senti incomodado , mas estava disposto a resistir, não bebia e fui arrastado para a pista de dança, foi quando começou. As luzes piscando rápido junto com o som alto, a batida constante e minha cabeça parecia vibrar no ritmo da batida, minha respiração começou a falhar e eu ouvi aquele mesmo apito alto e doloroso, a visão não se apagou antes, então eu lembro de quando cai. E um rosto me olhando assustado aí sim tudo apagou. Alguém me levou em casa e não recebi mais convites para sair.

Por falar em casa, lá era meu dormitório. Como trabalhava a tarde e boa parte da noite eu dormia a manhã quase toda e depois do almoço saia, chegava quando todos estavam dormindo. Ninguém sabia nada que acontecia comigo. Muito menos os problemas de saúde. Eu escondia tudo.
Aos domingos o almoço com a família toda era o momento de dizer que estava tudo bem e saber superficialmente o que acontecia com eles. Também era meu dia de fazer tarefas domésticas pois não fazia nada durante a semana.
Acho que para eles eu parecia normal.

Depois do discreto distanciamento dos bailarinos da escola, um professor começou a conversar comigo. Ele era bem legal e bonito, sempre tive esse tipo de problema qualquer um que se aproximasse de mim eu queria saber o gosto da boca. Com esse não foi diferente. Ia fechar a academia e ele me esperou na sala de treinamento. Foi incrível ele sabia conduzir as coisas, mas também não se importava em ser comandado. E que boca quente e gostosa, que músculos definidos. Saímos com marcas por todo corpo e por um bom tempo esses pequenos momentos nos foi suficiente. Sem nomenclatura para definir o que era, sem promessas e sem cobranças ele apenas me esperava as vezes, eu apenas chamava ele as vezes e isso era bom. Uma noite eu estava quase saindo do trabalho e me senti observado, fui até o lado de fora olhei para a rua e não vi nada achei estranho e deixei para lá . Durante vários dias essa sensação voltava. Uma noite o professor saiu e voltou na hora que eu ia largar serviço. Ele disse que tinha um homem me observando e achou melhor me acompanhar.

RARO - Essa Não É Uma História FelizOnde histórias criam vida. Descubra agora