02.

13K 681 298
                                    

ALANA.

Acordei numa fome da porra, um silêncio também, peguei meu celular para olhar as horas e eram seis horas. A janela do meu quarto mostrava a vista do pôr do sol da praia da Barra e eu marolei por um tempo ali.

Levantei colocando o celular no bolso e fui na casa da Cecelle ver o que tinha pra comer.

- Amiga, tô morrendo de fome. Vamos fazer lasanha? Nossa, tava nem com vontade, mas agora deu até água na boca - já entrei falando e ela levantou animada. Nosso rolê favorito era cozinhar, a gente era o encaixe perfeito na cozinha.

Ela foi fazendo o molho vermelho e eu fui começando o branco, iríamos fazer lasanha de frango, sorte que minha morena é prática, ela já tinha frango desfiado congelado.

- O Gabriel sumiu, vocês brigaram?

- Não, ele tá na casa da avó em Angra. Deve chegar amanhã... - respondeu - A gente conversou direitinho, a mesma coisa que eu estava me remoendo, ele também estava, ou seja, foi bem fácil do que eu imaginei.

- O Biel é um amor, vocês combinam demais! Sabe que eu dou maior força, não é? - ela assentiu sorrindo toda apaixonadinha - No relacionamento de vocês só falta conversa, diálogo, mas isso vai desenvolvendo com o tempo.

Conversa vai e conversa vem, chegou naquele assunto que evitava com todas as minhas forças pra não me deixar mais mal do que eu já estava por dentro. Mas com o pessoal eu gostava de conversar pra ver se pelo menos assim, diminuía a dor.

- Celle, eu tento, juro que tento tirar a minha mãe da casa daquele homem nojento que não coloca um centavo dentro de casa e que bate nela, porque eu sei que bate. Mas mesmo assim, ela prefere ficar naquele ambiente completamente sujo, se acabando toda com o tempo - respirei fundo.

- E seu pai? Ele já tentou ajudar?

- Já, ele tenta demais também. Mas se ela não quer, não adianta. Até polícia, meu pai já chamou quando ele tava batendo nela, mas depois de dois dias que ele foi solto, a bonita estava lá novamente. Não adianta! - coloquei a lasanha já prontissima na mesa e peguei a coca na geladeira enquanto a Celle pegou os copos.

- Amiga, mas não desiste, por nada. Talvez ela só precise de alguém que não desista dela, você mesmo sabe que seu pai quando era casado com ela, não prestava também. Saía cinco horas da manhã para trabalhar e chegava dez já bêbado, só não batia nela, mas só andava assim. Agora que resolveu mudar... - falou colocando um pedaço no meu prato e outro no dela - Tia Xanda só precisa de alguém ali firme e forte do lado dela, continua, não desiste!

- Segunda eu vou lá novamente e vamos de novo com o mesmo papo, já até decorei - revirei os olhos, mas morrendo por dentro.

Eu sou aquele tipo de pessoa que se incomoda em ver alguém que eu amo mal, principalmente minha mãe que fica nesse limbo desde quando eu tinha quinze anos, nessa idade eu já via minha mãe apanhando do meu padrasto. Tento todos os dias tirar aquelas imagens da minha mente, mas parece que a cada dia só piora.

Mudamos de assunto e começamos a comer com a nossa coquinha bem geladinha. Demos aula demais nessa lasanha, respeita as mamacitas masterchefs, adoro!

Assim que terminamos de comer, fomos nos arrumar pra ir nessa boate em plena Sábado à noite, mas fazer o que se meus amigos são arroz de festa.

- Mensagem (1)

Laços de família 🌪

Alana: Gente, por favor, bar da laje! Boate não 😭😭😭
Cecelle: Não é má ideia, aquela vista, mesmo de noite, é sensacional.
Ptk: Porra, Alana é chata pra caralho mané. Tá bom, afropaty, bar da laje então.
Pedro: Tenho opção de fala aqui?
Cecelle: Não.
Lia: Não.
Alana: Te amo, Ptk! (cuidado p Carina não ver, hein! quero ficar careca não) 🗣
Lia: HAHAHHAHAHAHA brinca demais essa garota!

- Mensagem (2)

Lara: Ei gatinha, conseguiu terminar o projeto?
Alana: Vou terminar amanhã, quer vim aqui p gente fazer juntas?
Lara: Pô, seria tudo. Vou sim, bê! Obrigada 🤍

A Larinha é minha colega de faculdade, minha dupla pra tudo, trabalho, projeto, atividade, qualquer coisa a gente já se olha e marca tudo com o olhar.

Dei vários pulinhos de alegria que iríamos para o bar da Laje, já fiquei toda animada pra beber aquela caipirinha de milhões que só vendia lá.

Aproveitei que meu cabelo já estava arrumadinho, então já dediquei mais tempo a make, fiz uma menos chamativa, mas com um delineado bem marcante.

Quando saímos de noite, sempre vamos de Uber, bêbados? Sim, mas conscientes!
Quando chegamos na entrada do Vidigal, cada um pegou um mototáxi e subimos o morro. Aqui no Rio eu saía mais de carro, mas cada vez que eu saio de moto, fico toda bobinha com a beleza que é essa cidade. Obrigada, meu Deus!

Por incrível que pareça, ainda tinha uma mesa na frente com um ventinho e com a vista privilegiada da Lagoa. Estava rolando até um som ao vivo com uma banda cantando pagode, tudo de bom!

Os esfomeados foram logo pedindo uma porção de aipim frito, nem neguei, é o melhor que já comi em toda a minha vida.

- Marcelle deu fim no meu mano Gabriel, faz mais de anos que não vejo ele - Ptk falou todo sonso.

- Você é muita má influência para o meu bebê, deixo ele só com o Pedrinho e pronto!

- Ih alá, meu menino joga muito, vai achando... - Pedro riu, esse é outro cínico.

- Famoso quem come quieto, almoça e janta - Pedro disse e a gente arregalou os olhos.

- Eu avisei, aqui é jogador caro, respeitem o pai!

- Mas é verdade, lembra quando ele ficou pegando as duas amigas, pra uma dizia que era João e para outra Pedro, esse garoto não presta - falei e dei risada, enquanto ele negou com a cabeça dando um sorriso de canto.

- Aprendeu com quem? Isso eu nunca fiz, meu lance é só a minha ruivinha, inclusive daqui a pouco ela chega por aí.

- Se ela vier de caô com a gente, você vai ver o que vai acontecer - Lia avisou logo e eu e a Marcelle concordamos.

Depois de mais de uma hora ali bebendo, conversando e comendo a Carina chegou toda arrumada, cheirosa e sentou do lado do Patrick e de frente para mim. Lia revirou os olhos e a cumprimentamos com educação. Se ela fosse simpática com a gente, também seríamos com ela, simples!

Nosso casoOnde histórias criam vida. Descubra agora