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ALANA.

Entrei naquele hospital totalmente alheia a tudo que me falavam, minutos atrás eu havia recebido a notícia de que aquele filho da puta do Roberto tinha ido visitar a minha mãe e fez o maior escândalo dentro aquele hospital. E claro que deixou ela totalmente nervosa, com medo e no desespero, teve uma parada cardíaca. Nesse momento minha mãe está entre a vida e a morte, não sei nem como eu conseguia ainda respirar de tão desgastada que eu estava.

- Tava tudo indo tão bem, por que a vida é assim?

- Não tem explicação, pretinha. Só que é assim, ao mesmo tempo que tudo está bem, no outro minuto o mundo desaba. Mas você é forte, é guerreira, já passou por tanta coisa nessa vida e se mantém de pé - Miguel me abraçou e o seu cheiro inexplicável foi me tranquilizando.

- Mas será que no final tudo vai ficar bem? - olhei para ele que limpou as minhas lágrimas.

- Claro que vai, você mesmo sabe tudo que sua mãe passou e ela ainda é otimista. Tenta pensar nela, lembra do sorriso dela, lembra dos momentos bons que você passou, não deixa o pessimismo te dominar.

- Eu estou tão confortável que dessa vez cê tá comigo, semana passada meu mundo desabou literalmente com ela aqui internada e ainda sem você, mas eu sinto confiança e tranquilidade nas suas palavras - disse - Obrigada! De verdade.

- Que nada, pô. Você é linda pra caralho, sabia? - neguei dando um sorriso fraco - Não? Agora sabe.

- Ai Miguel, para de ficar me fazendo surtar por dentro com seus elogios, minha postura e minha marra vai toda pra puta que pariu.

- Minha marrentinha, lembro quando te conheci toda cheia de marra, já me amarrei. Adoro um desafio e olha você agora... - revirei os olhos voltando a deitar no seu peito e respirei fundo ficando alheia as coisas que ele falava com o Pedro.

Perdi a noção da hora ali, tanto que tirei até um cochilo, quando despertei as meninas me deram um copo de suco de laranja com um misto e me forçaram a comer. Como não tive outra opção com os olhares do pessoal todo, comi tudo mesmo não estando com fome, mas era psicológico.

- Familiares da Alexandra Viegas? - levantei ao ouvir a pergunta da doutora e fui ao seu encontro - Oi, amor! Fica tranquila, sua mãe já está fora de perigo, voltou a respirar pelo aparelho, mas sem preocupação.

Concordei aliviada e ela continuou falando sobre os cuidado redobrado que teria que ter de agora em diante.

E sobre o Roberto, os seguranças o tiraram e disseram que ele estava completamente bêbado e drogado por conta dos seus olhos vermelhos, bastante agressivo também.

- A médica disse que a tia só vai acordar amanhã por causa dos sedativos, então bora lá pra casa e eu te faço dormir tranquilinha - Miguel falou me tirando dos meus pensamentos.

- Quero ficar aqui, quero ser a primeira pessoa que ela veja quando acordar.

- Você trabalhou a manhã inteira, passou a tarde em palestra na faculdade e ainda fez mais projetos quando chegou, não adianta Alana, seu corpo tá pedindo cama, bora - me puxou e eu neguei - Pior que criança hein, cara.

- O que custa me deixar aqui?

- Custa tudo, quer que sua mãe te veja igual uma palhaça cheia de olheiras? Bora, garota, levanta! - impossível negar alguma coisa pra esse macho, Deus me livre!

Miguel juntou com as meninas e aí que piorou, não tive outra opção mesmo a não ser ir com ele. O surfista chato passou no mc alimentando o meu vício em comer mc donald, depois fomos direto pra sua casa e eu nunca iria me acostumar com aquela vista, sério.

A gente comeu na varanda de lei, maior vistão, mas depois começou a fazer frio, tomamos um banho quentinho cheio de carícias, carinho demais, o Miguel sempre me enche de grude e olha que eu odeio. Ele é o primeiro que eu deixo se aproximar tanto assim de mim.

Na realidade aquele garoto me tirou 100% da minha área de conforto, eu sou uma pessoa fria, tive todo aquele carinho de mãe até meus dezessete anos e depois tudo mudou, então me acostumei a ser só. Toda pessoa que se aproximava, eu colocava limites bem definidos, então o Miguel mesmo eu dizendo "não" para grude, ele me matava de tanto carinho e eu gostava, não vou mentir.

- Eu estou mal, então eu vou escolher o que vamos assistir e quero... - parei para pensar enquanto procurava - Barbie a princesa e a pop star.

- Ah coé, na moral mesmo, que sacanagem do caralho - resmungou e eu nem liguei - Vamos terminar de assistir Greys, pô.

- Não, quero Barbie a princesa e a pop star, vai ne negar isso? - ele concordou - Então só é dormir no sofá.

- Ih alá, cheia de moral, a casa é minha, safada.

- É? Se você não fala, nem ia perceber - revirei os olhos dando play no filme.

No final o Miguel assistiu o filme inteiro comigo e ainda gostou, é um ridículo mesmo, primeiro me provocava e depois baixava a bola.

- Que mulher insuportável essa coroa aí, deixou a princesa presa e agora pra trocar de lugar? - perguntou bolado e eu gargalhei sem acreditar.

- Já já você vai descobrir, calma!

Assistimos o filme todinho juntos rindo, ele ainda fez pipoca, terminamos de comer e ainda colocamos outro da Barbie também, mas no meio o sono bateu e eu dormir deitada no peito dele mesmo por causa do cafuné que o Miguel fazia.

Nosso casoOnde histórias criam vida. Descubra agora