56.

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MIGUEL.

Falta vai fazer, mas uma hora eu iria me acostumar, disso eu tenho certeza.

Já estava em São Paulo, ontem quando sair da casa da Alana, fui avisar aos meus pais, minha coroa chorou pra caralho, isso só porque eu avisei que iria passar um mês fora, imagine se fosse algo fora do Brasil, ela ia morrer do coração.

Quando cheguei aqui em Sampa, fui direto pra empresa organizar os processos, no final da tarde, o Diego, outro parceiro que veio do Rio para cá passar um mês,me chamou pra ir na Vitrinni ia rolar um show maneiro do Costa Gold, nem recusei, ia ficar sem fazer nada naquele quarto de hotel mesmo.

Assim que terminei tudo, tomei um banho, me trajei todo gostosinho, pai tá no estilo, só sucesso!

- Arruma um camarote aí, pô. Lotado pra caralho aqui - falei com o Diego quando finalmente conseguimos chegar no bar.

- Ali o Samuel chamando - respondeu e eu já virei vendo ele cheio de mulher em volta.

- Esse cara viaja pra caralho, olha aí - disse rindo me aproximando dele que levantou me abraçando.

- E aí, porra. Você sumiu, hein! Agora todo final de semana em um lugar do Rio, cheio de dinheiro na conta, foi você quem mandou aumentar a gasolina, né? - gargalhei junto com o Diego negando com a cabeça.

- Se manca, filho da puta. Tá bem de vida, só na qualidade - Diego disse olhando para as garotas.

- Pai tá sempre deixando forte, decepciono nunca, pode ficar tranquilinho aí, fi.

- Se liga, Diego. Esse aí deixa os outros bêbados e no outro dia não trabalha - falei alertando.

Samuel é aquele típico homem sustentado pelos pais políticos, eles pagavam todas as noites de farra dele, nunca quis estudar, só vive nessa. Todo dia é em um lugar diferente, nunca se apaixonou, sempre tem uma para cada dia, elas praticamente deitam para ficar com ele, cheio do dinheiro, joga pra todo lado. Pique o aviãozinho do Silvio Santos, papo reto.

Ficar em camarote junto com ele é sorte, tudo open bar, open food, o cara gasta sem pena mesmo. Mas até eu gastaria se não fosse eu quem iria pagar a fatura no final do mês.

- Fiquei sabendo que você tava namorando, caô né? - ele me perguntou e eu virei o resto do whisky.

- Quase, mas não rolou, pai tá de volta nessa de viver intensamente - respondi dando um sorriso de canto.

O Diego voltou do banheiro todo sujo de batom, o rosto todo, não tinha nem como disfarçar, esse viado marola demais nessas paradas, mas é gente boa pra caralho, faz até bem manter por perto.

Como eu fui te amar demais
Como me entreguei demais
Vivendo sem pensar no mais

Virei uma dose de tequila no seco quando o dj colocou essa música para tocar, bateu saudade na hora da minha pretinha, mas já que eu tinha vindo pra esquecer isso de certo forma, entrei na onda dos caras e bebi pra caralho.

... E agora ela
Vendo que eu sou incapaz
De viver sem ela
Coisas tão especiais
Que me lembram ela

- Pô dj, muda essa aí, meu parceiro - falei nos stories que o Samuel estava gravando.

- Meu amigo tá sofrendo por amor, alguém para vim tirar ele dessa solidão? - Diego perguntou praticamente gritando por causa do som.

- Reage, cara. Bebe aqui, bebe aqui, seja feliz, meu menino - gargalhei virando o copinho de bebida que ele me deu, não sabia nem o que era, mas desceu rasgando.

O Samuel continuou gravando a gente ali, as meninas vieram para perto da gente, apareceu nos stories também, ele postou marcando todo mundo e eu repostei rapidinho guardando meu celular.

- Hoje ainda é segunda que me lembra a Raimunda
Mas essa é linda de cara e também é boa de bunda - cantei junto com os moleques.

O Costa Gold tinha entrado agora, maior showzaço, galera cantando, gritando pra caralho, sensacional.

- Vai trabalhar amanhã também? - Samuel perguntou e eu neguei - Vai rolar uma pool party lá naquela casa em Ubatuba, quer ir?

- Maneiro, bora pô, passa lá no hotel quando você for - respondi e ele concordou - Rapaz, aquela casa tem história, hein!

- Nem fala, irmão. Ali foi aonde eu conheci a loira dos meus sonhos - gargalhei.

Ele tinha essa história que anos atrás, foi uma loira em uma das festas dele em Ubatuba, eles ficaram e depois ela sumiu, nunca mais viu. Até hoje o cara marola com essa mulher, quando achar, aposto que rola casamento na hora.

- Porra, até hoje nada?

- Nada, nem sinal, a mina sumiu. Mas se for pra ser minha, vai ser, pô. Cansei de procurar também, fiquei o resto daquele ano todo atrás e nada, em lugar nenhum.

- Quando você menos esperar, ela aparece. Mulher é assim, confia no pai! - dei um gole na minha garrafa de Heineken e ele concordou voltando a conversar com uma mulher que estava ali.

No resto da noite, tentei até ficar com alguém, mas estava tudo muito recente ainda, não quero esquecer a Alana com outras, só o tempo que pode fazer tudo voltar aos trilhos de antes.

Nosso casoOnde histórias criam vida. Descubra agora