Nosso caso

16.

ALANA.

Cheguei no apê rindo até do vento, juro! Me xinguei umas mil vezes por isso, porque depois desse sorrisinho é direto pra sala da psicóloga. Me xinguei novamente por ficar pensando no lado negativo da vida em vez de viver, eu sempre fico evitando fazer as coisas que eu quero, que eu tenho vontade por medo do que possa vim, por medo do futuro.

Mas eu preciso mudar isso em mim, eu sei, porque as vezes são coisas que possa dar certo, mas eu desisto por medo. É como se fosse um jeito de ficar protegida de tudo e sim, não tem lado bom nisso tudo.

Tomei um banho rápido, bem friozinho, bem relaxante. Coloquei um pijama e fiquei assistindo bbb por pura influência da Marcelle, aquela é totalmente viciada em reality, ela se inscrevia TODO ano para o big brother, mas o big boss nunca notou a diva.

Cochilei com a televisão ligada de tanto sono que eu estava, acordei de madrugada para beber água, aproveitei e desliguei voltando a dormir. Acordei novamente quase oito horas já completamente assustada porque tinha que ir trabalhar, mas quando peguei o celular tinha mensagem da garota que intercalava comigo e ela disse que hoje ela iria, ou seja, teria a manhã inteira para ser intensamente feliz.

- ALANAAAAAAA! Acorda, puta! - acordei pela terceira vez com a voz da cachorra da Marcelle no pé do meu ouvido, me segurei pra não descer a porrada nela - Tá dormindo até essa hora por que? Deu ontem pra estar com esse sono todo?

- Queria, mas não. Comi pra caralho isso sim, cheguei quase uma da manhã, rala.

- Com quem você estava, hein? - questionou quando eu sentei na cama passando a mão nos olhos e bocejando.

- Miguel - ri vendo ela cair na risada também.

- MENTIRA!

Essa era a Marcelle, só fala gritando, não sabe falar baixo nem por um segundo. Piora quando ela descobre alguma coisa chocante, como está sendo nesse momento.

- Amiga, vivi para ver você pagando com a língua, nera ele o grosso, arrogante e com o ego lá nas alturas? Mudou, foi? - fez cara de confusa e eu mandei o dedo do meio pra ela.

- Não fode, Marcelle! Que ódio! - levantei indo pro banheiro e ela veio atrás - O Miguel me chamou para ir no Mc depois das aulas e eu aceitei, por que não né? Aí acabou que ele comprou nossos lanches e me levou para comer na praia da Reserva, ali na areia mesmo. Você sabe que eu sou apaixonada por programas simples e inusitado, então eu amei, amei demais!

- E depois? - fez cara para eu continuar.

- Ele me trouxe para cá, rolou... - ri - Uns beijinhos no carro, rimos, enfim, foi bom! Tá saciada agora, curiosa?

- Saciada? Eu estou com a barriga cheia de tão feliz...

Acabou que almoçamos juntas, conversamos mais por um tempão, como o Ptk veio com o Pedro nos buscar para faculdade, marcamos de depois da aula ir jogar altinha na praia, coloquei uma roupa que favorecia nossos planos de depois e fui para a minha palestra com o professor.

E foi assim a tarde inteira, até que eu gostei, uma hora ou outra eu batia um papo com a Lara pra não ficar muito chato e acabou cinco horas da tarde. Dei vários pulinhos de alegria, porque iria conseguir pegar o pôr do sol.

Fiquei com a Larinha esperando o pessoal, acabei chamando ela também, por incrível que pareça, a Marcelle gostou dela, então não teria problema nenhum. Fora que o Pedro é amarradão na dela, seria suave para todos nesse caso.

- Praia da Barra? - Ptk perguntou e eu concordei - Você quem manda, afropaty.

Fomos todos com ele, já coloquei Filipe Ret para ir ouvindo o caminho inteiro. Quando chegamos, ele estacionou e descemos indo para parte que ficávamos sempre que vínhamos jogar altinha. A Marcelle não jogava, então nossas coisas ficou por supervisão dela, mas claro que a gata não fazia nada sem segundas intenções, já pediu um açaí e ficou lá olhando a gente.

Minhas pernas já estavam doendo de tanto jogar, minha mão nem se fala, já havia escurecido, peguei o pôr do sol jogando altinha, fiquei feliz demais. Eu amei, meu grupinho nunca decepciona.

- Desse seu lado eu não sabia - ouvi a voz do Miguel e o olhei jogar a bola para mim.

- Você ainda não sabe de muitos lados meu - sorri de lado jogando novamente para ele. Já que o Pedro, Ptk e Lara já tinham saído, só havia ficado eu e ele ali.

- Quero conhecer todos, posso?

- Não sei se vai gostar de todos, vai querer mesmo assim? - questionei com malícia.

- Sim, mas para isso, você precisa me deixar te conhecer.

- Então se for só isso, pode ficar tranquilo que eu deixo, tá? - pisquei vendo ele sorri.

Continuamos jogando e as vezes eu observava a Marcelle e a Lara me olhando com malícia, eu só ria fingindo que não estava entendendo nada, essas meninas viajam demais.

- Vai deixar ele conhecer todos os seus lados? - Marcelle perguntou e eu concordei.

- Se ele quer conhecer todas os meus lados ou minhas fases, melhor dizendo, vou deixar. Agora cabe a ele gostar ou não.

- Caralho garota, eu te amo! Isso aí, puta. Se permita viver tudo que a vida tem para te oferecer - me abraçou com os olhinhos brilhando.