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ALANA.

- O bom dia de hoje é só pra quem é flamenguista - Patrick disse entrando no carro - Paz na terra e pau no cu do Vasco.

- Domingou com jogo do Fla, vamos para Lapa mesmo? - Miguel perguntou.

- Lá é o fervo, perto do Maraca, não existe lugar melhor... - Marcelle respondeu. Essa daí é flamenguista doente, desde pequena nunca perdeu um jogo.

- Na Tijuca também é bom, enfim, só quero comer, me levem para qualquer lugar que tenha comida - falei rindo e a Lara concordou comigo. Do grupo, apenas eu e ela éramos mais afastadas de futebol, mas não me negava nunca a ir assistir um jogo.

No final decidiram ir pra Lapa mesmo, já foi um terror na hora de estacionar, mas quando conseguimos, fui correndo fazer os meus pedidos. Os meninos pediram calabresa acebolada como petisco, foi chopp pra geral e eu peguei uma porção de batata-frita e pastéis.

- Caralho que fome é essa, garota? - Miguel perguntou quando peguei um bolinho de aipim com carne seca que ele pediu.

- Não almocei, poxa... - fiz bico respondendo e ele riu.

- Porque você não quis, eu te chamei e você ficou enrolando na cama.

- Eu estava cansada, muito cansada, para! - dei um tapa fraco no ombro dele.

Ontem minha mãe recebeu alta do hospital e tive que passar praticamente a noite toda acordada dando os remédios na hora certa, o Miguel que ficou ajudando me acordando no horário, o coitado também nem dormiu durante a noite.

Mas colocamos o sono em dia quando minha tia Mari foi buscar a mamis pra passar o dia com ela. O Miguel dormiu até meio-dia e eu fiquei enrolando na cama, só levantei na hora de tomar banho para vim assistir o jogo.

- TIRA ESSA BOLA DAÍ ARRASCAAAAA - Pedro gritou e eu tomei um susto. Esses meninos assistindo o Flamengo jogando é um terror, era grito de todo lado.

- Ô PORRA, CARALHO VIADO - Miguel gritou do meu lado, sim, estava em um hospital - GOL! GOL! AGORA É GOL, CALMA, NÃO RESPIRA - levantou pegando na blusa para tirar - GOL O CARALHO! QUE ÓDIO! - sentou novamente respirando fundo.

- A vontade do flamengo de ganhar clássico a
é a mesma que eu tenho de viver - Marcelle falou e eu gargalhei.

- O tanto de gol que o Flamengo tá perdendo não é brincadeira - Patrick negou com a cabeça.

- Flamengo, faça um gol agora! Eu exigo para o meu homem ficar feliz - Carina riu abraçando ele que retribuiu com um selinho.

- A torcida do Fla cantando pra caralho, que coisa linda hein meus amores - falei tomando um gole do meu chopp.

Não quis nem dizer, mas o Flamengo não estava jogando nada, ouvi até um moço falando isso na mesa de trás e faltou pouco para o Miguel surtar ali junto com os meninos que também ouviram, mas evitaram briga.

Quando acabou o primeiro tempo, a gente ficou ali nos arcos da Lapa conversando, estava lotado de gente, os bares todos cheios também. Mas como sempre era mais um dia normal de jogo do Flamengo aqui. E na Tijuca deveria tá pior, Deus me livre!

- Primeiro tempo foi sacanagem, cara. Marcação toda desalinhada, os espaços na entrada da área, tabelinhas amadoras e movimentação completamente nula no ataque - um amigo dos meninos disse e o Patrick concordou.

- Saudades do Flamengo de 2019, inesquecível!

- Cara, eles estão bem organizado, mas tá muito apático - Pedro respondeu e os meninos concordaram.

- Papo reto! Quem fala que o Éverton Ribeiro não faz falta no time do é MALUCO! - Miguel disse dando ênfase.

- Me leva pra tomar açaí? - perguntei chamando a atenção do Miguel e ele concordou. Perguntei se alguém queria e todos negaram.

Nós avisamos para o pessoal aonde iríamos, eles disserem que voltariam para a mesa e fomos comprar meu açaí. Não demoramos muito pra achar um lugar, ele também comprou um, enchi o meu de leite condensado, morango, jujuba, leite em pó, eu sou apaixonada. Tem dias que eu prefiro só o açaí puro, mas tem dia que eu coloco tudo que tenho direito.

- Criança de 5 anos você é - Miguel disse limpando o canto da minha boca sujo de leite ninho.

- Limpa com a língua, gatinho - respondi e ele arregalou os olhos me fazendo dar risada. Na hora que ia rolar um beijo ali, ouvimos o pessoal gritando "Gol do Flamengo, porra", o Miguel se afastou tirando a blusa e os meninos veio abraçando ele.

- DALE DALE DALE ÔÔÔ! - gritaram animados e eu ri segurando o açaí dele.

- PRA CIMA DELES FLAMENGOOOOOO!

- Sente essa emoção, pretinha - Miguel largou os meninos e veio se aproximando iniciando um beijo entre nós dois. O pessoal gritava no fundo e eu dei uma risada entre o beijo, tinha uma mistura de felicidade por parte e de certa forma, da minha parte também.

Terminamos o beijo por falta de fôlego e dei dois selinhos nele me afastando voltando a tomar meu açaí antes que derretesse.

Nosso casoOnde histórias criam vida. Descubra agora