62.

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ALANA.

Eu já estava bem alterada, diria que um pouquinho bêbada, mas realmente eu estava nem aí para tudo, bebi demais, disso eu tenho noção. Mas como eu sempre bebia comendo alguma coisa, isso não me deixou ficar pior, pelo menos com essa parte eu dei sorte.

Estávamos dançando, uma dj entrou por voltas das duas horas da manhã, então se eu já fiquei ruim só tocando Numanice, imagina agora que iria dançar até não aguentar mais, minhas pernas que lute amanhã pra correr atrás do Miguel.

- Amiga, fiquei pensando aqui - falei no ouvido da Lara - Pra que deixar pra amanhã o que eu posso fazer hoje, né? Me coloca em um Uber com endereço pra casa do Miguel?

- Hoje não, você tá bêbada, vidinha. Isso eu vou deixar pra amanhã mesmo, tá?

- Por favor, ele vai saber cuidar de mim direitinho, me coloca, por favor? - fiz bico e ela continuou negando.

- Eu tenho medo de deixar você ir sozinha pra Joatinga e ainda bêbada, sem condições.

- O que foi que você tá com essa cara? - Carina chegou perguntando e a Marcelle apareceu também.

- Ela quer ir pra casa do Miguel agora de Uber.

- Deixa ir - Carina gargalhou - Tem perigo não, ele tá em casa já, Patrick me mandou mensagem agora falando que eles já tinham saído da pelada.

- Tem quantos dedos aqui? - Marcelle colocou três dedos na minha frente.

- Três - respondi e ela riu - Alana Viegas, vinte anos, eu não estou tão bêbada.

- Vou chamar então, mas pelo amor de Deus, toma cuidado, tá? - Lara segurou meu rosto com as duas mãos e eu concordei.

- Eu amo vocês, tá? Mas agora eu preciso ir atrás do meu balde - falei bebendo o resto de bebida que estava no copo, só assim pra eu ter coragem de falar tudo que estava sentindo para o Miguel.

Elas ficaram me falando tanta coisa que eu já tinha esquecido da maioria, mas eu entendia que tudo era cuidado. Fomos para o lado de fora esperar o moço e quando ele chegou, a Lara contou a história toda e o coitado só fez dar risada e disse que iria me deixar na casa do João na paz.

- Moço, elas são muito exageradas, nem estou tão bêbada assim. Mas eu preciso mesmo ir falar com aquele macho, já foi difícil admitir que estou apaixonada, agora também não posso deixar escapar - falei fechando a porta e ele deu partida - O senhor é casado? Tem filhos?

- Sou, tenho duas filhas, uma de cinco e outra de dez.

- Então, um dia elas vão passar por isso que estou passando e pelo amor de Deus, aconselhem a seguir o caminho da felicidade, ficar angustiada é a pior sensação.

- Sempre digo isso a elas e as duas respondem que nunca vão namorar...

- Eu também dizia isso, mas uma hora aparece o pedaço de pecado pra fazer pagar com a língua.

- Esse é o perigo, porque se depender de mim, eu vou até o final do mundo quem fizer mal para as minhas princesinhas - falou e eu ri.

- As duas só precisam de carinho e de saber que alguém se preocupa com elas.

Coloquei a cabeça perto da janela sentindo aquele ventinho e o cheirinho de mar da orla de Ipanema.

MIGUEL.

Entrei na cozinha abrindo a geladeira e peguei a pizza que comprei antes de ir jogar futebol com os moleques, coloquei pra esquentar e peguei meu celular vendo que tinha chegado mensagem da Alana no mesmo momento.

- Mensagem.

Alana: Abbre aui o portao, corre.
Miguel: Que? Você tá aqui na frente? Tá bêbada?
Alana: Bebada não, mas na fente da sha casa sim.

Neguei com a cabeça dando um sorriso de canto e peguei a chave indo até lá. Encontrei ela rindo com o motorista do Uber e falei com ele vendo a Alana dando risada até do vento.

- As meninas me disseram para deixar ela aqui, Miguel, né? - concordei - Cuida bem dela, é uma menina de ouro.

- Pô, valeu, ela é mesmo!

Ele me disse que a Lara já tinha pagado e entrei segurando na mão da Alana que não para de ficar me olhando e sorrindo.

- Eu amo você! Eu te amo! Amo muito! - falou rápido quando entramos na cozinha - Me desculpa por ter te magoado, eu fiquei tão sem chão que nem dei uma oportunidade pra gente conversar, tentar resolver, já fui logo te afastando. E esse mês longe de você foi um dos piores, te ver em boates, festas com várias outras mulheres me deixou com tanto ciúmes que eu quase fui em São Paulo te buscar...

- Amanhã a gente conversa melhor, você tá bêbada - respondi interrompendo ela - Vou estar aqui se esse ainda for seu sentimento.

- Não, me deixa falar, por favor! - disse e eu me calei sentando na cadeira olhando para ela - Você é o meu amor, não entendeu ainda? Eu te amo, não consigo e nem quero ficar longe de você por mais tempo, é um castigo te ter longe, não aguento mais, João Miguel. Eu sou mais feliz com contigo. Com você do meu lado eu me sinto uma Alana mais leve, a Alana de verdade - entrou no meio das minhas pernas me abraçando - Que saudades de te abraçar, de te beijar, de sentir seu cheiro, meu Deus!

- Vem comigo, amanhã a gente termina de conversa, fica tranquila, a gente é melhor junto um do outro.

Arrastei a Alana pra tomar um banho, ela vestiu uma blusa e uma cueca nova minha, depois comeu uns pedaços de pizza junto comigo, mas os dois em um silêncio completo. Respondi a Marcelle avisando que ela estava bem e que chegou bem. Deitamos juntos na cama, minha gatinha veio como sempre deitar praticamente em cima de mim.

- Ai que saudade que eu estava de você, não vai embora mais nunca, por favor! - sorri involuntariamente com a sua fala e dei um beijo na sua testa.

Nosso casoOnde histórias criam vida. Descubra agora