Nosso caso

17.

ALANA.

Mensagem (1)

Mãe: Oi, Nana. Estou aqui na praça do condomínio tomando sorvete, quer vim conversar com a mamãe?
Alana: Que milagre é esse você saindo de casa? 🤯
Mãe: Vem ou não?
Alana: Claro que vou, me espera. Te amo! ❤️

Eu estava me arrumando para ir almoçar com a Marcelle, mas como de vez em nunca que minha mãe saía daquela casa, eu resolvi ir me encontrar com ela. Avisei a Celle e ela super entendeu, me disse que ia com a Lara e eu concordei.

Ontem nos chegamos bem tarde, já tinha trabalhado de manhã, hoje não iria ter aula porque o professor foi para um congresso em São Paulo, então estava bem livre hoje.

Chamei um uber que me deixou na entrada do condomínio que ela morava e fui andando até lá. De longe já tive a visão dela sorrindo brincando com as crianças no parque e até eu fiquei sem entender o motivo dela estar assim.

- Seu maridão parou de beber e começou a fumar para deixar você sair de casa? - perguntei sentando do lado dela no banco.

- Não te chamei pra brigar e se você quiser, vai brigar sozinha - respondeu - O Roberto viajou, vai passar duas semanas longe, a mãe dele teve um infarto e como eu não me dou bem com aquela família, fiquei.

- Duas semanas de férias daquele imundo, que delícia, hein! - ela sorriu animadinha. Lembrei do que o Miguel me falou sobre chamar ela para ficar lá no meu apê e eu resolvi unir o útil ao agradável - Vai ficar naquela casa enorme sozinha?

- Quer vim ficar comigo? - neguei no exato momento. Aquela casa me trazia as piores memórias da minha vida inteira - Entendo!

- Não quer ir ficar comigo? Só essas duas semanas, por favor! - ela negou também - Mãe, me dá só essa chance. Vem comigo, lá tem a Marcelle, Lara, Ptk, Pedro, Miguel. Todos os vamos te fazer ficar bem feliz, é melhor que ficar em casa sozinha.

- Tenho medo dele chegar e não me ver em casa, a surra vai ser pior, Nana.

- Então você fica só até Segunda, depois volta, mas vem comigo, por favor! - insistir - O pessoal quer ir pro Rep Festival e Ensaio da Anitta, eu sei que você adora festa, tanto que saía comigo direto quando eu tinha quinze anos. Vamos se divertir, como disse o Scooby, a vida é irada.

- Rep? Ver o Filipe Ret? - concordei super animada, parecia um sonho - Tá, tá bom! Me convenceu! Mas Quarta, eu volto, sem falta.

A gente continuou ali fazendo vários e vários planos para o nosso final de semana juntas, todo momento eu tentava tirar da minha cabeça que seria só um final de semana e não o resto dos dias. Mas mesmo assim eu estava feliz pra caralho por poder passar esses dias com ela.

- Sim, quem é esse Miguel? Novo no grupo? Não lembro dele - fez cara de confusa.

- Amigo do Ptk, é novo, conheci ele em uma competição de surf em Saqua.

- E é bonito? Porque o Patrick e o Pedro, meu Deus... Se eu tivesse a sua idade, já estaria casada com um deles.

- Mãe! - repreendi ela com o olhar, mas sorrindo - O Miguel é lindo sim, por dentro e por fora. Foi ele quem me deu a ideia de chamar você pra passar uns dias comigo.

- Hm, pela sua carinha não foi só isso que ele te deu, já tomou o chá de piroca, Alana? - arregalei os olhos negando sem parar - Você usa camisinha, não é? Não quero neto antes de se formar, viu? E nem quero que você pegue uma doença sexualmente transmissível, sempre te disse isso desde os seus treze anos, quando comecei a te dar aulas de educação sexual.

- Mãe, pelo amor de Deus, eu uso camisinha e a gente nunca transou. Tem um mês que eu conheço ele, não vou chegar sentando na cara do garoto.

- Na minha época, eu era mais rápida.

Parecia que só existia nós duas ali naquela praça do tanto que a gente conversava e ria. Eu fiquei tão mais leve, mais plena, mais feliz. Conversar com ela sobre a minha vida, meu trabalho, faculdade, meus rolês foi tudo tão gostoso.

Nós duas já nem lembrávamos do Roberto, quem era mesmo?

Cinco horas da tarde fomos buscar as coisas dela naquela casa, não consegui entrar, fiquei do lado de fora chamando o uber e gritei para ela que chegava em quinze minutos.

Quando chegamos no meu apê a Marcella estava lá sentada na sala com a Lara comendo MEU sorvete com MEU brownie.

- Que invasão de privacidade é essa? É crime sabia? Posso denunciar as duas - disse pegando um pouco do sorvete da Marcelle.

- Tia? Meu Deus, quanto tempo! Veio morar aqui com essa feia? - ela levantou toda eufórica indo abraçar minha mãe.

- Vim ficar um semaninha com vocês, gostou? - dona Alê questionou e a Marcelle assentiu sorrindo.

- Caralho parceiro, quem é essa coroa gostosa? - tomei um susto com o Patrick saindo da cozinha com o pote inteiro de sorvete nas mãos comendo - Ih alá, é a minha mulher, cara - deu um abraço na minha mãe e deu um tapa fraco na bunda dela.

- Olha o respeito, filho da puta! - riu - Tá mais bonito, hein! Como pode?

Minha felicidade estava nas alturas, nada poderia tirar ela, pelo menos não hoje. A Lara pediu a pizza favorita da minha mãe: camarão. Viram de quem eu puxei a paixão por camarão? Ficamos mimando ela com tudo que a coroa gostava, tava toda se achando.