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                               Agnes

Ret: cê tá com fome?-neguei

Agnes: acha que eu tô sendo egoísta? Digo, eu deveria estar lá com o Geizon pô.-ele me apertou e continuou fazendo carinho em mim.

A relação que eu tive e agora aparenta estar voltando com o Ret é literalmente de pai e filha. Antes de morar com o Geizon eu passei umas semanas na casa dele e da Anna, lá eu me aproximei do Theo, Anna se tornou uma das melhores pessoas da minha vida e Ret um segundo pai. Era assim mas... A vida aconteceu e nos afastamos.

Ret: o Geizon tá com as anas, o pk e o major. Você não tá sendo egoísta Agnes, você tem total direito de estar de luto assim como ele.

Não respondi nada além de fitar o mar na nossa frente. Estávamos na sua casa em Angra já fazia um dia e era mais linda do que eu me lembrava.
Mas nada dessa beleza material me importava, eu só pensava em como o Geizon estava nesse momento e em que uma mulher que me criou está morta.

Ret: quer jogar?

Nesse dia todo o Ret ficou assim, tentando livrar minha cabeça desses dois pensamentos escuros e até conseguia as vezes, por minutos. Mas ajudava e muito.

Agnes: jogar o que?

Ret: você escolhe, aqui tem de tudo.

Agnes: truco.- Ele olhou pra mim e fez uma careta esquisita- ah não Filipe você pediu pra mim escolher!

Ret: que coisa de Paulista Agnes puta merda. É que...-coçou a garganta pra arrumar a voz falha- eu não sei jogar truco.

Segurei, juro que segurei ou pelo menos tentei segurar o riso.

Agnes: onde tem baralho? Eu te ensino.

...

Peguei meu celular e minha Skol Beats e entrei no carro.

Ret: tem certeza que tá pronta pra voltar truqueira?- concordei. Dei uma surra no novato no truco.

Agnes: eu preciso, não posso ficar aqui e ele lá. Não é assim que eu e Geizon funcionamos, não sei nem como ele deixou você me trazer.- ele sorriu e piscou um olho.

Ret: pai tem o dom.- gargalhei e ele tomou minha Beats de mim dando um gole.

Agnes: eu senti saudades disso- pensei alto.

Ret: disso o que?

Agnes: de nós. Da relação que tinhamos quando eu morava na sua casa.- ele sorriu, um sorrio triste.

Ret: eu também.- ligou o carro mas não andou, ele se virou pra mim e começou- sabe você não precisa se culpar pelo que aconteceu. Pelo que fez no passado, você é uma boa pessoa Agnes Nunes. Sempre foi. Geizon ama vocêz a Ana Bella por mais que tenha dificuldade em dizer e mostrar também ama você e EU amo você. Tudo bem errar Agnes, tudo bem se sentir triste por perder alguém. Mas não tá tudo bem você ficar se culpando e se sufocando nisso. Não tá nada bem quando você faz isso com você mesma.

Agnes: eu sei.-sussurei abaixando a cabeça.

Ret: olha pra mim- não olhei, não conseguia.- eu tô pedindo pra você olhar pra mim.- não dava, era muita derrota pra uma pessoa só.- eu tô mandando você olhar pra mim Agnes.

Lentamente eu levantei o meu olhar. Observando sua bermuda bonita e provavelmente bem cara do jeito que ele gosta. Sua blusa da Nike preta mais bem passada que roupa de modelo. Suas correntes de ouro, seus braços apoiados um no volante e outro no banco. Sua boca e sua barba, seu nariz e finalmente seus olhos.

Ret: se você continuar se culpando, se matando com esses pensamentos pouco a pouco eu te tiro daquela casa e você volta a morar comigo e com a Anna. E eu sei que você odeia a ideia porque não suporta a ideia de ficar longe do Geizon. Então ou você busca ajuda profissional ou simplesmente some com essas ideia. Entendeu?

Agnes: sim.- ele se virou pra frente assim como eu e começou a dirigir.

O caminho inteiro foi silêncio absoluto além da música no carro.

Destinados > FINALIZADA<Onde histórias criam vida. Descubra agora