Destinados > FINALIZADA<

74

                              Ana Bella

Filipe me deixou em casa e me deu um beijo na bochecha de despedida, eu mal tava entendendo o que aconteceu, e ele pelo visto tava de igual pra pior. Foi errado? Caralho foi muito errado. Éramos pra fazer isso com nossos pares, eles estavam em uma festa, confiaram em nós e fudemos tudo, literalmente. Engoli em seco quando passei pela porta.
Observei a casa escura e silenciosa, tranquei a porta atrás de mim e peguei meu celular dando uma olhada no relógio.
23:59
Aquela porra de transa durou quanto tempo? Tínhamos saído mais cedo do barzinho até onde me lembro, meu Deus Ana Bella você perdeu totalmente o juízo! Sua viciada em sexo do caralho que não sabe nem se controlar!

Agnes: tá tudo bem?

Só então percebi que eu estava de olhos fechados fazendo uma careta me odiando alí mesmo.

Ana: uhum. Tudo perfeito.- fiz toque com ela e passei direto pro meu quarto, não olhei pra sala ou pra cozinha a procura do Geizon.

Entrei no meu quarto indo na minha sagrada gavetinha do lado da cama e pegando 3 baseados, da um desconto, eu preciso pra toda essa confusão que me meti.

Agnes: achei que o xamã estivesse com você- falou assim que eu saí no corredor.- vai fumar tudo isso?- me olhou incrédula.

Ana: não, eu tava com o Filipe. Xamã tá numa festa aí e sim. Vou fumar, se me der uma plantação de maconha agora eu fumo!- falei levantando as mãos e voltando a andar.

Direto pro andar de cima na varanda mais afastada e que ninguém, nem eu mesma vou lá, vai.
Acendi um puxando e soltando a fumaça, me levantei sentando na mureta da sacada e encostando minhas costas no pilar, observei a escuridão que tava, o céu tava sem lua hoje. Mais não faltava estrela, lindo.
Senti meu celular vibrar no bolso e peguei ele.

Reto🥋: já tá arrependida?

                                Ana b: você tá?

Reto 🥋: não, só pensativo se der merda.

                                Ana b: to na mesma.

Suspirei largando o celular e traguei sentindo minha cabeça girar e logo voltar ao normal. Olhei pra baixo e dava uns bons 9 ou 10 metros, afinal eu estava no terceiro andar.

Xamã: o que tá fazendo aqui?

Saltei pra dentro da sacada e apertei a mureta tentando me livrar do susto.

Ana: só relaxando- como vai o chifre amor?- e você?

Xamã: pensei no mesmo- olhei pra mão dele e tinha 5 baseados. 5.

Sorri de lado desviando o olhar dele e escorei os dois braços na mureta olhando a vista.

Ana: como foi a festa?- perguntei quebrando o silêncio.

Xamã: É... Foi.. ãm- olhei pra ele, porque caguejar tanto?- foi normal, exceto pelo final dela.- sussurou a última parte- e o rolê com o Ret?

Merda. Merda. Merda.

Ana: normal, exceto pelo final.- as últimas palavras não foram mais que um sopro no ar.- oque teve no final que não foi normal?

Ele suspirou. Uma. Duas. Três vezes e me encarou com culpa e preocupação nos seus olhos, ele olhou pra frente de novo e ascendeu um dos seus tragando e se encostando na mureta.
Minutos ensurdecedores de silêncio já estavam se passando novamente e eu estava curiosa pra saber o que tinha de diferente. Passei a mão pelos meus braços prevendo um leve arrepio pelo vento e me perguntando se eu deveria contar agora ou não.
Tantas coisas poderiam acabar ou começar a partir desse passo que eu estava prestes a dar, a dizer a ele. Ele suspirou alto uma última vez e achei que seria meu momento de falar de vez.

Xamã: transei com a Anna.

Ana: transei com o Ret.

Falamos juntos e juntos nos afastamos bruscamente um do outro.