20 - Em Boas Mãos

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— Sam, meu amor, acorda!

Ouvi aquela voz doce chamando-me de longe, porém, não soube dizer a quem ela pertencia. Abri os olhos lentamente, percebendo que me esforcei mais do que o normal para tal ato, como se não o realizasse há anos. Uma luz forte bloqueou a minha visão turva, mas, aos poucos, tudo envolta de mim foi ganhando forma, e eu pude notar um rosto curioso quase colado ao meu. Que merda está acontecendo? Onde eu estou?

— Oi...

Minha voz saiu em um sussurro e minha cabeça doeu.

— Sam! Mi hija! Graças a Deus você acordou! Está tudo bem? — Ah! É a minha mãe. Menos mal. E como assim "eu acordei"? — Minha nossa senhora, obrigada!

— Finalmente, Bunduda! — Consegui avistar a minha melhor amiga do outro lado da cama. — Você estava tentando encontrar o capeta? Não precisa ir para o inferno não, você incorpora ele em todas as suas TPMs!

— Eu... eu acho que está. O que aconteceu? E, céus, fala baixo, Alice! — Acariciei a minha testa, sentindo certa dor de cabeça. Fiz uma careta e olhei ao redor. Branco demais para ser o meu quarto. EU ESTOU EM UM HOSPITAL? — Jesus, mama! O que carajos aconteceu?! Cadê o Luke?!

Meu filho foi a primeira coisa que se passou pela minha cabeça. Quase que desesperadamente, tentei levantar, mas as suas mãos em meus ombros impediram-me de sair daquela maca desconfortável, empurrando-me para trás com delicadeza. Eu preciso achar o meu filho!

— Calma, Sam! Luke está bem! — Me tranquilizou, acariciando os meus cabelos. Um alívio imediato correu por todo o meu corpo. Pelo menos nada aconteceu com ele, mas isso continua cada vez mais confuso. Como eu vim parar aqui? — Por que eu estou no hospital?

— Vou te contar o porquê, mi vida... — A mais velha sorriu carinhosamente, colocando alguns fios de meu cabelo para trás de minha orelha. — Porque tu eres una maluca, Samantha Fraser Estrabao! Que estabas pensando, hija de la puta? Tua inteligência fue a tu culo?

Do nada, minha mãe começou a gritar comigo, usando a sua pequena bolsa para bater no meu braço.

— Outch, Mama, outch! — Tentei me defender dos seus golpes. — Para!

— Se for para pierder tu vida tão nova, espero que sea yo quem tire, ouviu?! — Ela exclamou, brava. — Se não, eu vou ir te buscar no céu só para te mandar para lá de novo! E aí sim você vai ver o que é dor!

— Aí, mãe! Cuidado! — Resmunguei assim que a véia doida, sem querer, me machucou. — Isso dói!

Por Díos, Samilita! Eu te machuquei? Me desculpa, corázon! — Ela segurou a minha mão, adquirindo novamente a postura de mãe carinhosa. — O que dói?

— Minha mão está doendo, e minha cabeça também...

Espera...

Brutamontes. Empurrões. Socos. Garrafa. Sangue.

Puta merda!

— Mama, a Deena! Eu desmaiei... ela... ela estava machucada... cadê ela? — Ao perceber que soei mais desesperada do que deveria, pigarreei, tentando não deixar a minha preocupação transparecer na frente da Dona Dani, muito menos na de Alice ou Simon (que tinha acabado de abrir a porta do quarto hospitalar). — Simon! Você, hm, sabe da Deena?

Engoli a seco, tentando soar calma. Vocês entendem o motivo do meu desespero, certo? Não tem nada a ver com a Johnson em si. Mas sim pelo fato de ela ter se machucado enquanto tentava me ajudar. E se foi algo sério? Quem sabe um traumatismo craniano... Jesus! Ela pode estar em coma agora! Eu preciso vê-la!

Você de Novo? - SAMEENAOnde histórias criam vida. Descubra agora