1 - Festa estranha, com gente esquisita

174 20 38
                                    


Brittany POV

Brittany deu a última olhada no espelho e calçou o All Star, que um dia foi preto e agora estava mais para cinza desbotado de tanto lavar. Por pouco o tênis não foi parar na pilha de roupas para doação, mas o começo do ano letivo, e a compra do material escolar para três filhos, era sempre uma época estressante para os pais. Aguentar o tênis apertado por mais um tempo era um mal necessário, e ela remexeu os dedos dos pés para ajeitá-los melhor dentro do calçado um número menor do que deveria ser.

Foi só abrir o vidro de perfume que Luiza sua irmã caçula entrou correndo no quarto. A menina ou tinha ouvidos de morcego ou um faro mais apurado que cão de caça, porque ela nunca falhava.

Pefume! Pefume!

Depois de esfregar os dedos cheios de perfume na gola da sua camiseta, Brittany molhou a ponta do dedo e passou atrás da orelhinha da sua irmã.

- Agola chela – Luiza mandou e ela obedeceu sem pestanejar. A menor era a rainha da casa e governava seus súditos com mão de ferro. A única que ainda tinha uma certa imunidade ao charme da caçulinha era a mãe. Brittany não queria nem pensar no que aconteceria dali a pouco mais de dez anos, quando ela trouxesse o primeiro namorado em casa e apresentasse aos irmãos mais velhos. Pobre coitado, ia se meter numa roubada.

Brittany pegou Luiza no colo, encostou os lábios naquele pescocinho pequenininho e soprou com força. Como esperado, ela se retorceu às gargalhadas, balançando os bracinhos e perninhas durante todo o caminho até a sala, onde a família estava reunida em volta da televisão.

- Onde você vai? – o pai perguntou, enquanto Brittany depositava Luiza no meio dos brinquedos espalhados no tapete.

- Em uma festa.

- Onde? - A mãe desviou a atenção da televisão e se concentrou nela.

- Na casa do Finn.

- Que Finn?

- Do cursinho de inglês. – E como as próximas perguntas eram totalmente previsíveis, ela soltou o relatório completo de uma vez. – Hoje é aniversário do irmão dele. A festa vai ser na casa deles, no Morumbi. Eu vou com o Renato e o Mike.

- E vocês vão de carro? – O pai franziu a testa.

Esse foi o único motivo para ela e Renato terem perdido quase uma hora tentando convencer Mike a ir com eles. O horror em servir de chofer foi batido pela promessa de uma festa com meninas mais velhas, já que o irmão do Finn estava terminando a faculdade e todos os amigos dele deviam ser da mesma faixa de idade do Mike, que era uns 4 anos mais velho.

- Vamos – uma admissão que podia arruinar seus planos. Os pais não gostavam quando ela saía de carro, mas seu pai a surpreendeu enfiando a mão no bolso e tirando algumas notas.

- Toma. Se o Mike beber, vocês voltam de
uber.

- Não precisa, pai, o Mike é super responsável...

- Leva - o pai insistiu. Brittany pegou o dinheiro e guardou no bolso da calça jeans.

- Meia noite em casa. – A mãe deu a sentença quase de morte.

- MÃE! São mais de nove horas. A festa vai estar começando à meia noite.

- Duas da manhã. Em ponto. O pai melhorou um pouco, mas ainda estava longe do que Brittany queria. Ela tinha dezesseis anos, caramba, não era mais nenhuma criança para ter horário de chegar em casa.

- Eu tô de carona, esqueceu? Eu tenho que vir na hora em que o Mike quiser. – Ela usou seu coringa, e se dependesse dela e do Renato, lá pelo amanhecer do dia estava bom.

EDUARDA & MÔNICA        BRITTANAOnde histórias criam vida. Descubra agora