Santana POVSantana deu a última olhadinha pela sala do apartamento, não era muito, mas era dela e ela se orgulhava do ambiente acolhedor que tinha conseguido criar apesar do orçamento apertado. Ela ajeitou as almofadas no sofá e pronto. Tudo arrumado para receber a visita. Brittany sempre foi pontual, e a qualquer minuto...
O som da campainha acordou as borboletas no estômago. A porta estava a dois passos de distância, mas ela fechou os olhos e contou até dez. Durante a noite mal dormida, passada se revirando nos lençóis, ela tinha viajado entre o arrependimento de ter cedido ao impulso de dar o telefone para Brittany e a satisfação de ter tido coragem. A verdade era que ela não tinha tido muitas esperanças de que a garota fosse ligar. Não depois de se comportar com tanta frieza e indiferença. O oposto da Brittany de riso fácil e ingênuo que ela havia conhecido. E foi por causa da sombra que escurecia um olhar que um dia foi tão claro e brilhante, que ela quis essa conversa. Se os acontecimentos daquela noite desastrosa tinham afetado e mudado Santana profundamente, ontem ela viu que o mesmo havia acontecido com Brittany. Talvez ela só era mais experiente e usava melhor a máscara de normalidade.
A morena respirou fundo e abriu a porta com um sorriso.
– Oi.
– Oi. - Brittany se inclinou para a frente e lhe deu dois beijinhos.
A loira entrou com passos seguros, e gastou alguns segundos estudando a decoração.
– Bacana! - Ela aprovou. – Se alguém me trouxesse aqui sem dizer que era a sua casa, eu iria saber assim mesmo.
– Obrigada. - Santana apertou as mãos trêmulas uma contra a outra sem saber o que fazer com essa nova Brittany á sua frente. O comportamento dela não podia ser descrito exatamente como amigável, mas a garota tinha deixado a barreira com que se blindou no dia anterior em casa, e veio para essa conversa de peito aberto.
Santana não gastou mais do que dois minutos para mostrar o resto do apartamento. O quarto apertado em que mal cabia a cama de casal, o guarda-roupas, o banheiro minúsculo e a cozinha que parecia de casinha de boneca com um mini fogão de duas bocas e um frigobar espremido no balcão entre a parede e a pia.
– É uma caixinha de fósforos, mas é só pra mim, e eu nem passo tanto tempo aqui. - A morena deu de ombros, apontando o sofá para a outra se sentar. – Você quer alguma coisa? Um suco? Água?
Durante a tarde, a vontade de comprar uma garrafa de vinho lhe cutucou algumas vezes, mas ela resistiu à tentação. A visita de Brittany não era social ou para falar sobre amenidades, o objetivo delas era desembaralhar nós antigos e complicados. Foi por isso que ela sugeriu a sua casa ao invés de aceitar o convite da loira para se encontrarem em um bar. Elas precisavam de um lugar calmo e privado.
— Não, obrigado. - Brittany sentou, esfregando as palmas das mãos na calça. Quando a garota respirou fundo, Santana se preparou. Ela iria direto ao assunto. – Ontem, eu quase joguei o seu telefone no lixo.
A admissão foi como um soco na boca do estômago.
– E por que você não jogou? - Ela sentou do lado da garota, o mais longe possível no sofá de dois lugares, e forçou a pergunta a passar pelo nó da garganta.
– O Renato não deixou. Ele me chamou pra conversar e disse que se eu quisesse jogar o número fora depois, não iria me impedir.
– E ele te convenceu a mudar de ideia?
– O Renato tem umas teorias doidas. - Brittany colocou um joelho dobrado no sofá, se virando de frente para Santana. – Mas, às vezes, dá uma dentro. Ele me fez ver o óbvio. Eu e você. A gente nunca... terminou. Eu não sei se te incomoda, mas esse assunto é uma pedra que vive me fazendo tropeçar.
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EDUARDA & MÔNICA BRITTANA
Fanfiction"Ela era de leão e a outra tinha dezesseis. Ela fazia medicina e falava alemão e a outra ainda nas aulinhas de inglês. Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, de Van Gogh e dos Mutantes, do Caetano e de Rimbaud. A Eduarda gostava de novela e jogava fu...