6 - Sonhos

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Brittany POV

Em toda a sua vida Brittany havia beijado o total de cinco meninas, sem contar Santana.

Não, ela não era uma idiota que mantinha algum tipo de lista, mas no sábado à noite, depois daquele beijo louco, a garota fez questão de se lembrar de cada uma das meninas de antes. Ela se esforçou para recordar cada detalhe, os lugares, os rostos, as circunstâncias e chegou à conclusão que nem seu primeiro beijo, que foi super marcante, podia sequer ser comparado com o que era beijar Santana.

Quando seus lábios encostaram os dela, foi como pular dentro de um vulcão em erupção só para ser jogada para o alto numa explosão de calor. Brittany ficou desorientada, perdida e nem um pouco surpresa com a força que a desestruturou da cabeça aos pés. Santana não se encaixava em nenhum molde, e tudo com ela era assim, diferente, intenso e inesquecível. A tarde e a noite de domingo que as garotas passaram juntas voou, a meia hora de despedidas dentro do carro não era mais suficiente. Brittany suspeitava que ainda que passasse o resto da sua vida grudada a Santana 24 horas, 7 dias por semana, não seria o bastante.

O trabalho nas férias nunca tinha pesado como obrigação. Ela realmente gostava das horas que passava na loja, e não pela razão óbvia do dinheiro. Lá, apesar da preocupação e da vigilância com os negócios, o pai sempre arrumava um tempinho para uma conversa no escritório dos fundos, e lhe dava atenção total e irrestrita. Eram momentos raros, divididos sem a constante interrupção que sempre ocorria quando eles tentavam fazer o mesmo em casa. Sem contar que ver a responsabilidade e a seriedade com que Brittany encarava o ambiente de trabalho, fazia o pai enxerga-la mais como a adulta que queria ser e menos como a criança que a mãe teimava que a garota ainda era.

Na segunda-feira, porém, pela primeira vez Brittany cogitou desistir do trabalho para ter mais tempo com Santana, que ficou decepcionada com a explicação de teriam de esperar até a noite para se ver. A única coisa que a impediu de sair correndo atrás da outra foi saber que o pai contava com sua ajuda, era temporada de férias e os turistas garantiam o lucro nos meses depois do Natal. Brittany não podia deixá-lo na mão.

A tarde demorou uma eternidade para passar, e todo mundo notou como a garota estava mais distraída e desastrada que o normal. Quando finalmente os ponteiros do relógio colaboraram e se alinharam as seis horas, ela não perdeu tempo e se despediu dos outros funcionários e do pai.

- E onde você vai? - O pai estava trancando as gavetas da sua mesa e olhou para a cabeça de Brittany enfiada na porta entreaberta, com a testa franzida. Os dois sempre voltavam para casa juntos depois que o pai deixava o resto da noite por conta do gerente.

- A Santana tá vindo me pegar. A gente vai comer alguma coisa, mas fica tranquilo, meia noite eu tô em casa. - Brittany tinha esperado até o último minuto de propósito, para evitar passar a tarde inteira ouvindo sermão do pai, ou pior, que ela tivesse que ouvir a ladainha da mãe pelo telefone.

Sem dar tempo do pai se recuperar da surpresa, a loira saiu rapidamente. Seu estômago se encolheu quando ela não viu o carro de Santana parado em lugar nenhum. Sem outra alternativa, a garota se sentou no hidrante para esperar.

- Duda. - A voz do pai soou cautelosa e ela respirou fundo, colocando as mãos nos bolsos antes de se virar e escutar o que quer que fosse que seu pai tinha para dizer. - Eu sei que a sua mãe pega demais no seu pé, mas nesse caso eu tenho que concordar com ela. Você passou o final de semana inteiro com essa menina... - O pai levantou a mão para impedir a interrupção que Brittany ensaiou e ela fechou a boca, esperando. - Eu também sei que você é responsável, eu só quero ter certeza que você sabe o que tá fazendo.

A maneira como o pai tocou no assunto não podia ter sido melhor. Brittany respeitava o direito dos pais de se preocuparem. Mas era justo ter suas atitudes e decisões respeitadas da mesma maneira e não ser tratada como a menina inconsequente que ela nunca foi.

EDUARDA & MÔNICA        BRITTANAOnde histórias criam vida. Descubra agora