10 - Será que é tudo isso em vão?

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Brittany POV

– Você é virgem?

Brittany riu da sua idiotice. Ninguém iria puxar logo esse assunto na festa de Quinn. E daí? O importante é que ela nunca mais ia responder sim para essa pergunta.

Se olhando no espelho, ela não via nada de diferente da garota a encarando de volta, mas por dentro ela era outra Brittany. Santana tinha mudado a sua vida para sempre.

Desde que a garota teve idade o suficiente para imaginar sua primeira vez, sua maior preocupação sempre foi transar com uma pessoa que ela gostasse e que principalmente a deixasse segura. A verdade é que para a mulher perder a virgindade é um ato tão cheio de cuidados e simbolismos. A loira tinha alcançado seu objetivo naquela tarde, só que, de repente, a sua exigência passou a ser infantil e sem importância. Coitado dos pobres miseráveis que não tiveram uma primeira vez igual à sua, com alguém importante, que a deixasse de pernas bambas e com aquela sensação de ter conquistado o universo.

– Pra que a produção? - A mãe entrou no quarto lhe arrancando da rara inspeção interior. Ela se aproximou e arrumou a gola da sua camisa.

– Nós vamos em uma festa de aniversário da melhor amiga da Santana. - A garota deu outra olhada no seu reflexo de calça jeans e camisa de botões com as mangas compridas dobradas para quebrar um pouco da seriedade  do visual com o habitual tênis. Ela não ia envergonhar Santana na frente dos amigos com outra camiseta ridícula como a da festa do Kurt. - O meu horário pode não ser meia-noite?

– Onze horas, então. - A mãe riu. – Brincadeira. Senta aqui um minutinho? - Ela foi até a cama e bateu a mão no lugar ao lado dela. – Quantos anos a Santana tem?

O estômago de Brittany deu um nó. Essa não era uma conversa que ela escolheria enfrentar, em especial, naquele dia. Sua resposta podia estragar a boa impressão deixada pela namorada no almoço em família, mas mentir estava fora de cogitação.

– Vinte e dois. - Brittany viu a surpresa piscar nos olhos da mãe.

– Ela parece mais nova, mas tudo bem. - A mãe pareceu rearranjar os pensamentos em volta dessa nova informação. – Você sempre foi mais madura que as outras meninas da sua idade. Desde pequenininha me ajudando com os seus irmãos e se virando sozinha pra não me dar trabalho, mas isso não quer dizer que eu não me preocupo com você. No dia que você tiver seus filhos, você vai entender. A gente tem vontade de colocar vocês no colo e proteger de tudo de ruim. Mas depois de conhecer a Santana, as minhas preocupações acabaram. Ela parece ser uma moça muito especial.

– Ela é! - Brittany confirmou, o peito leve, feliz por a mãe ter gostado de Santana, e mais, por estar tendo a humildade de reconhecer o erro. – Eu sei que parece bobagem, que eu sou nova e que a Santana é a minha primeira namorada e tudo, mas eu sinto que ela é pra sempre.

– Eu, como mãe, devia dizer que realmente você é muito nova pra afirmar uma coisa tão definitiva, mas depois de ver vocês juntas... - Ela afastou os cabelos caídos nos seus olhos. – Nós, mulheres, acreditamos nessas bobagens de alma gêmea e duas metades da laranja que muitos acham ridículo, mas você e a Santana se completam. Eu não sei explicar... faz sentido. Vocês estão juntas há o quê? Dois meses?

– Mais ou menos.

– Vocês duas conversam com os olhos, e você sabe o que ela vai dizer antes de abrir a boca. - A mãe balançou a cabeça, as sobrancelhas arqueadas. – Coisas que certos casais nunca conseguem, já é natural pra vocês. Como eu posso não incentivar? Cinco anos de diferença são insignificantes perto disso, e você não sabe a sorte que você tem.

– Eu sei. - Brittany sorriu. E a ideia de alma gêmea não era nem um pouco ridícula porque era exatamente o que ela e a namorada eram.

– Ótimo. - A mãe balançou a cabeça, satisfeita. – O que eu vim aqui pra dizer, é que a partir de hoje você não tem mais horário fixo pra chegar em casa.

EDUARDA & MÔNICA        BRITTANAOnde histórias criam vida. Descubra agora