4 - Gostar da companhia uma da outra

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Brittany POV

Brittany roubou duas azeitonas de um pratinho, e ao ameaçar pegar um pedaço de tomate, levou um tapa na mão.

- Aí, mãe! Eu tô com fome.

- Eu sei, mas aí não sobra nada pro almoço.

Ela pegou uma maçã para enganar seu estômago reclamando mais que o normal depois da manhã inteira de sábado dedicada ao futebol na rua com os amigos.

- Eu vou tomar uma chuveirada.

- Não demora. Tá quase pronto - a mãe avisou por cima do ombro. - Ah! Uma menina te ligou.

- A Emily? - Brittany forçou um pedaço de maçã a descer pela sua garganta apertada pela contrariedade.

Não foi de propósito, mas o plano do Renato tinha funcionado direitinho, assim que Brittany parou de demonstrar interesse Emily colou nela, chegando ao cúmulo de telefonar na noite anterior antes da novela terminar. Quem ligava para alguém na hora da novela?

- Não, uma tal de Santana.

Brittany quase engasgou. Depois de tanto esforço para não pensar nela, era estranho poder falar da Santana como se fosse um assunto normal do dia a dia. E será que ela tinha ouvido direito? Santana procurou por ela?

- Ela deixou recado? - Brittany perguntou num tom desinteressado, embora seu coração estivesse a ponto de pular para fora do peito. Era sempre sensato manter a mãe na ignorância quando seus rolos eram o assunto. Várias pagações de mico na frente das meninas da sua escola lhe ensinaram essa dura lição.

- Ela pediu para você ligar de volta.

Merda!

Brittany olhou para as costas da mão como se a escrita de Santana fosse reaparecer num passe de mágica. Nem tudo estava perdido.

Ela devia conhecer o irmão do Finn, Brittany poderia ligar para ele e pedir...

- A moça disse que você tinha o número, mas eu anotei assim mesmo.

As palavras da mãe a deixaram tão feliz que ela não resistiu. Foi lá e tascou um beijo nela.

- Você é demais dona Clara!

Brittany arrancou a página preciosa do bloquinho que ficava ao lado do telefone com o cuidado que também pretendia ter para guardá-la. Ela repetiu os números para si própria algumas vezes, para decorar por garantia, e pegou seu celular saindo da sala para sentar na entrada do corredor.

Seu estômago esfriou ao escutar a voz de uma mulher do outro lado da linha, mas não era Santana.

- Bom dia. Eu gostaria de falar com a Santana, por favor.

- A dona Santana tá na piscina - a moça replicou e Brittany deitou a cabeça contra a parede, fechando os olhos. Primeiro, uma semana de agonia e agora todos esses desencontros? - A senhorita aguarda um pouquinho que eu vou chamar. Quem gostaria?

Brittany deu seu nome, com entusiasmo renovado, sem se impressionar com a empregada nem com a casa com piscina. Lógico que ela suspeitou que Santana fosse rica, mas a morena tão pé no chão, simples e educada, passou a imagem que assim como ela, status financeiro era irrelevante.

Alguns minutos depois, Brittany escutou os passos apressados e respirou fundo para falar com a pessoa que tinha driblado sua vontade e invadiu seus pensamentos a semana inteira. Um barulho alto e o xingamento em francês lhe trouxeram um sorriso aos lábios. Como ela podia ter pensado que seria capaz de ficar o resto da vida sem falar com Santana?

- Alô. Desculpa - A garota pediu com a voz ofegante. - A minha mão tá molhada e o celular escorregou.

Brittany procurou pelo comentário perfeito, engraçado e afiado na medida certa, mas de cara limpa e de improviso, ela era apenas uma menina tímida que não dominava as palavras apropriadas para impressionar a garota que queria mais do que qualquer outra coisa. Brittany se obrigou a soltar o resto da maçã em cima da perna e limpou a mão no short.

EDUARDA & MÔNICA        BRITTANAOnde histórias criam vida. Descubra agora