Brittany POV– Eu disse que ninguém ia morrer, mané.
Brittany tirou a chave da ignição com um movimento exagerado. Não era a primeira vez que ela dirigia, mas era a primeira vez que dirigia sem o pai ou o avô e o melhor de tudo, seu próprio carro!
– Britt, eu não tô acreditando que você tá motorizada antes de mim. - Renato soltou as mãos do banco, e a garota checou discretamente se as marcas fundas dos dedos não estragaram o estofado. – O resultado do vestibular saiu hoje?
– Saiu sim. E fazer o quê, se o meu avô confia mais em mim do que o seu pai em você com anos de carta? - Brittany abriu a porta e desceu, embora fosse capaz de passar a noite dentro do seu carro com cheirinho de novo. – Estranho, como eles conseguem fazer um carro de segunda mão ter cheiro de novo?
– O seu avô é demais! - O melhor amigo finamente desceu do carro encontrando ela na calçada e os dois andaram lado a lado até a entrada do bar.
A galera do colégio já devia estar toda lá. Era uma noite de comemoração para os aprovados no vestibular e um motivo para os que não tiveram a mesma sorte encherem a cara. Se Brittany pensou que seria fácil avistar o grupo grande da porta, dançou. O bar estava lotado de mesas e grupos grandes que tiveram a mesma ideia que eles.
– Lá no fundo. - Renato apontou e saiu andando na frente.
Aquela risada.
O mundo em volta de Brittany parou, porque só existia uma pessoa com o riso que parecia um feitiço, e seus olhos foram imediatamente atraídos por aquele som.
Ela estava sentada de costas, mas a loira a reconheceria de qualquer jeito, em qualquer lugar. Quase dois anos não foi suficiente para apagar nenhum detalhe da memória. Quase dois anos, e apesar de morarem perto uma da outra, era a primeira vez que elas se topavam. Normal, considerando que as duas não frequentavam o mesmo círculo social.
– A gente pode ir pra outro lugar. - A mão do Renato no seu ombro a fez dar um pulo, e o mundo voltou a girar.
– Nada a ver. - A garota retomou o caminho para a mesa dos amigos.
– Você não vai lá falar com ela?
– Falar o quê? Ela deixou claro que não tem nada pra falar comigo. - Ainda doía ter sido colocada de lado como se tudo entre elas não tivesse significado nada.
Brittany fez questão de se sentar de costas também. Assim era mais fácil evitar que o olhar traiçoeiro pulasse para a tal morena toda hora, mas era como se ela não estivesse lá, ou como se ela fosse uma atriz numa peça. A loira brindou, riu e fez todas as piadinhas esperadas, mas todos seus sentidos estavam conectados a algum lugar atrás dela, como cordões de uma marionete nas mãos do mestre.
Não! Aquela mulher tinha perdido o direito de ter poder sobre ela. Não era possível que depois de meses e meses de contato zero, sua mão tremesse no copo de chopp por causa de uma simples gargalhada da morena que um dia foi sua.
O garçom voltou para anotar mais pedidos. Brittany resistiu à tentação de pedir outra bebida alcoólica e aguentou as risadinhas dos colegas por causa do suco de laranja. A lição tinha sido dura, e ela tentava não ultrapassar os limites, ainda mais agora que estava dirigindo. E havia prometido a mãe ficar só num chopp.
Aos poucos o choque de ver Santana tão perto novamente foi passando, a garota conseguiu relaxar e esquecer que a tal morena estava ali. Não foi difícil, Brittany era perita em banir todo e qualquer pensamento sobre ela da cabeça. Isso ou sua família teria sido obrigada a interna-lá em qualquer hospício.
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EDUARDA & MÔNICA BRITTANA
Fanfiction"Ela era de leão e a outra tinha dezesseis. Ela fazia medicina e falava alemão e a outra ainda nas aulinhas de inglês. Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, de Van Gogh e dos Mutantes, do Caetano e de Rimbaud. A Eduarda gostava de novela e jogava fu...