Capítulo 11: Inalcanzable

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Luka selou seus lábios com os do moreno. Que ficou mais do que surpreso com o ato repentino. O plano do loiro, era apenas esse. Surpreender o garoto. Mas o contato que deveria ser apenas por alguns segundos, ganhou mais intensidade do que imaginava.

Um beijo que não chegava a ser de língua, mas estava longe de ser apenas um selinho.

Nenhum dos dois parecia querer sair dali.

E foi nesse ponto, que Luka percebeu o quanto estava fudido.

Como um feitiço que virou contra o feiticeiro, foi Luka quem separou aquele beijo, empurrando o moreno.

- Qual o seu problema?! - O loiro o questiona, já irritado.

- Foi você quem me beijou, Luka. - O moreno fala calmamente, esfregando a testa, como forma de tentar processar o que acabara de acontecer.

- E você correspondeu!

Não era isso que Luka esperava.

Ele esperava qualquer coisa.

Que o moreno o empurrasse. Lhe desse um soco, como já fez uma vez. Gritasse consigo. Qualquer uma dessas coisas. Mas que ele corresponderia... Nem sequer lhe passou pela cabeça.

- Olha... Luka. - Ele tenta falar calmamente, apesar de também já estar prestes a deixar sua indignação sair. - Eu não sou...

- Não é o quê?! Bi?! Depois do que acabou de acontecer, é essa sua desculpa?! Faça-me o favor!

- Nós somos irmãos, ok? - Ele dita, já elevando a voz. - Não podemos nem pensar nisso!

O loiro solta uma risada sarcástica.

- Você não passa de um filho bastardo, Esteban. - Dita, no tom sarcástico que só o mesmo tinha. - Nunca vou te considerar como um irmão. Você nunca vai ser digno de carregar o sobrenome Colucci.

Esteban sentia cada palavra do loiro, como um soco em seu estômago. E talvez, se realmente tivesse lhe dado um soco, seria menos doloroso para si.

- Achei vocês. - Dixon entra no quarto.

- Sai da minha cama, Esteban. - Luka diz, ríspido.

O moreno obedece. Mas não porque o loiro pediu, mas sim porque não aguentaria mais passar um segundo sequer alí.

- Papi? - Dixon percebe o clima tenso que aquele quarto carregava. - O que aconteceu? - Pergunta para Esteban.

- Agora não, Dixon. - O moreno apenas sai do cômodo. Que faz um longo suspiro sair de Luka.

O loiro sentiu seus olhos arderem. Mordia seus lábios com força, na tentativa quase que inútil de deixar suas lágrimas escaparem.

Então, apenas voltou a deitar-se na cama, para pelo menos ocultar suas mágoas do colombiano, que parecia tentar entender o que havia acontecido alí.

- Eu... Posso perguntar o que houve... Ou não é uma boa hora? - Pergunta calmamente, já preparado para qualquer alfinetada que o loiro lhe desse.

- É uma péssima hora, Dixon. - Dita, colocando a palma da mão nos olhos, cobrindo as lágrimas que já não conseguia mais segurar.

Apenas um silêncio agonizante era escutado naquele quarto, apesar de Luka saber que Dixon ainda estava por lá.

O colombiano não entendia o que havia acontecido, mas apenas se manteve quieto, respeitando seu amigo.

- Eu fiz o que me aconselhou. - Luka dita, quebrando aquele silêncio.

- Sobre o quê estamos falando?

- Sobre o beijo.

E então, como um passe de mágica, o platinado surge na escada da beliche do loiro tão rapidamente, que se perguntara se o mesmo não teria se teletransportado até alí.

- Vocês se beijaram?! - Dixon pergunta em choque, em um tom quase que como um grito.

- Shh! Fala baixo! Quer que o colégio todo escute?! - Luka se levanta, mas não antes de secar suas lágrimas, para não deixar suas fraquezas expostas.

- Desculpa. Mas me conta. - Ele dita, praticamente saltando em cima da cama do loiro. - Como foi?

- Nada bem.

- É. Pela cara que vocês estavam quando eu entrei... Foi o que pareceu. - Ele olha ao redor. - Mas... Ele beija mal, ou o quê?

- Eu não vou falar sobre isso com você. - Luka dita, com uma cara de nojo.

- Vamo lá, Papi. Sabe que pode desabafar comigo se precisar. - Tenta ser compreensivo.

- Não, Dixon. Não foi esse o problema.

- Então qual foi?

- Ele não me impediu. - Luka solta um suspiro, junto a frase.

- Como assim?

- Foi simplesmente isso. Eu beijei ele, e ele simplesmente não me impediu. Não me empurrou, não me xingou, não fez absolutamente nada. Ou melhor, ele fez. Correspondeu. Ele aceitou o beijo sem mais nem menos.

- E isso não deveria ser uma coisa boa?

- Em circunstância alguma isso é uma coisa boa. Se ele tivesse pelo menos me afastado, ou algo do tipo, eu poderia apenas dizer que não passou de uma brincadeira e que ele não deveria levar à sério. Mas ele correspondeu. E agora...

- E agora vocês estão brigados. E  provavelmente não vão se falar por um bom tempo.

- Exatamente. - Enquanto Luka estava preocupado com a situação, Dixon abriu um largo  sorriso de repente. - Tá feliz pela minha desgraça ou o quê?!

- Não. É só que... Isso prova o quão afim você está dele.

- Quê? Como assim?

- Tem mil e uma consequências que esse beijo pode gerar, mas a que mais está rodando nessa sua cabecinha, é a de você e o Esteban se afastarem.

- Ele não saiu daquele jeito por causa do beijo. Mas sim pelo que eu disse pra ele.

- O que disse dessa vez? - Dixon pergunta em tom sério.

- Apenas a verdade.

- O problema é que suas "verdades" são duras demais. Tem que aprender a medir suas palavras, Luka.

- Olha... Ele também tem culpa nisso, ok?! - Exclama com injúria. - Depois de simplesmente ter aceitado o beijo que eu tive que parar, porque sinceramente, não sei quanto tempo teríamos continuado com aquilo se não tivesse interferido. A única desculpa que ele conseguiu me dar foi a de que não era bi! O que caralhos ele é então?!

- Tem que dar um tempo a ele. Até alguns meses atrás, antes de te conhecer, ele só se interessou por mulheres. É óbvio que pra ele, ainda seja hetero. Mas acredite em mim, isso vai mudando. Ele vai se aceitando aos poucos. Eu já passei por isso. Sei exatamente como é.

Talvez fosse isso que Luka mais temia. Saber que o mesmo tinha interesse apenas em mulheres, fazia com que seus sentimentos se mantessem seguros, sem chances de se quebrarem. Mas a opção de que Esteban talvez possa ser bissexual, lhe dava uma certa esperança, que não queria ter.

Pois o que antes era um "Não", agora poderia passar a ser um "Talvez..."

Sabia que tinha sido duro com o moreno. Sabia que tinha o machucado de alguma forma. Mas não poderia mentir.

Era exatamente isso o que Luka sentia. Ou pelo menos o que queria acreditar.

Esteban não é seu irmão. E nunca conseguiria o considerar como tal.

Pois assim como Esteban, que em paralelo a aquela conversa, se encontrava no lado de fora do colégio, escondido entre as plantas do Jardim, odiando o fato de Luka ter cuspido palavras tão frias e secas como se o mesmo não valesse nada para si, odiava ainda mais o simples fato de ter gostado do beijo.

Luka também se mutilava por dentro. Pois nunca o consideraria seu irmão. Já que por mais que odiasse com todas as forças aceitar isso, estava completamente apaixonado por Esteban.

Rebelde {Luka e Esteban} [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora