Da Alma Para Palavras- Poesia

Inveja

Por quê?
Por quê?
Por quê?

Por quê de eu sentir isso?
Eu já tive tudo e ao mesmo tempo nada.
Hoje me sinto vazia,
E hoje eu fico calada.
E ela tem tudo,
Tudo o que eu quero agora.
Eu já fui machucada.
Eu já fui quebrada.
E ainda não ganhei nada.

Hoje em dia eu olho pro lado
E quando o faço, eu vejo uma porta,
Por essa porta eu observo,
E o que me é mostrado machuca.
O que eu vejo é o meu passado,
É uma parte da minha vida,
Da qual eu sempre saudei,
E até hoje o faço.

Se não for isso, então, é um espelho.
Um espelho da minha mente.
Um espelho que odeio.
Pois ele mostra quem eu já fui.
Mostra minha melhor versão,
Uma que eu perdi,
E que nunca reencontrei.

Logo vou eu novamente,
Achar algo do que falar mal,
Reclamar do que eu invejo,
Arrependimento, é o sentimento.

Me arrependo de ter me perdido,
De ter me abandonado,
De ter me deixado me fugir,
De ter me deixado atuar,
E agora não sei como voltar,
Invejo a quem vive meu sonho,
Quem é quem eu era, e quem quero voltar a ser.
Mas não sei como fazer isso,
Não sei como tirar a máscara
Não sei como ser quem sou.

E eu a olho e quero chorar,
Nela eu vejo o meu poço de desejos,
Sua vida é tudo o que eu quero,
Sua vida é o que eu invejo,
Mas não o que é material,
Mas sua relação social.

E ao contrário de ficar quieta,
Eu a julgo sem conhecê-la,
Falo mal dela,
Não consigo simpatizar.
E sei que é inveja, recalque ou dor de cotovelo,
Chamando do que quiser,
O que eu sei é que por isso eu me odeio.

Me odeio por ter inveja,
Me odeio por não ser feliz com o que tenho,
Me odeio por não ter nada,
E mesmo não querendo,
E mesmo me envergonhando,
Ódio por ela eu tenho.
Me odeio por odiá-la.
Por odiá-la sem motivos.

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(03/2022)